

Assim como o jazz é um gênero multifacetado, cuja beleza está na pluralidade e na mistura entre a técnica e a virtuose e o improviso e sensações, a influência de Miles Davis no ritmo que o consagrou também engloba diferentes facetas.
Apesar de ter nascido em 26 de maio de 1926, em Alton, Illinois (EUA), onde aprendeu a tocar trompete com um músico local, o legado de Davis começou em Nova York, cidade para a qual se mudou em 1944 com o objetivo de estudar na prestigiada Escola de Música de Julliard. Embora a educação formal tenha sido de primeira qualidade, foi nos clubes de
jazz do Harlem, ao lado de músicos como Fats Navarro, Thelonious Monk e Charlie Parker — de cujo quinteto Davis fez parte nos primeiros anos em NY —, que o trompetista começou a desenvolver seu estilo próprio, melódico, possibilitando exprimir altas doses de emoção e sentimento. Ao mesmo tempo, ele foi um dos principais promotores do “bop”, uma ruptura diante do jazz capitalista, de estrutura rígida.
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O mais impressionante sobre esses elogios é que eles foram feitos antes de Miles Davis gravar a sua obra-prima, Kind of blue, de 1959. O disco, uma elegante declaração artística em que Davis evolui a abordagem modal que permitiu mais liberdade em improvisos, é até hoje, o disco que mais vendeu na história do jazz, com mais de quatro milhões de cópias. Em 2009, o Congresso americano honrou o álbum, elevando-o ao status de Tesouro Nacional. “Sua esfumaçante evocação de um ambiente fim de noite é um dos símbolos de elegância descompromissada. Kind of blue transforma acordes com sétima em algo que ainda soa moderno 50 anos depois. De forma simples, o espaço sônico criado no álbum soa como o lugar mais descolado do planeta”, avaliou o site da BBC music.