O famoso Bolero de Ravel, uma das obras musicais mais interpretadas no mundo, passou ontem, dia 1º, ao domínio público, sem direitos autorais, 88 anos depois da estreia na Ópera de Paris.
"Costumamos dizer que uma execução do Bolero começa a cada 10 minutos no mundo. Como a obra dura 17 minutos, podemos dizer que a obra é interpretada a todo momento em alguma parte", explica à AFP Laurent Petitgirard, compositor e presidente da Sociedade Francesa de Autores, Compositores e Editores de Música (Sacem).
"Podemos pensar que a partir de agora vamos ouvir ainda mais, em anúncios e em filmes", prevê.
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Inspirado em uma dança espanhola e caracterizado por um ritmo repetitivo, um crescendo, Ravel compôs a obra em 1928 e a estreia aconteceu em 22 de novembro do mesmo ano na ópera Garnier de Paris. A princípio era uma obra para balé, encomendada pela bailarina russa Ida Rubinstein, amiga e mecenas de Ravel.
Depois da estreia, o Bolero foi aplaudido pela crítica e rapidamente se tornou um sucesso planetário.
A obra foi editada pela primeira vez em 1929 pela empresa e sua primeira interpretação em concerto aconteceu na Sala Gaveau, em Paris, em 11 de janeiro de 1930.
Em quase 90 anos de existência, a obra foi interpretada pelas orquestras de maior prestígio do mundo, sob a batuta de grandes maestros (Arturo Toscanini, Seiji Ozawa, Claudio Abbado, Pierre Boulez...).
Também inspirou muitas coreografias, a mais famosa delas a criada pelo francês Maurice Béjart, em 1961.
Até 1994 o Bolero ocupava o primeiro lugar na classificação mundial dos direitos autorais. Em 2015 aparecia na 105ª posição.
Os direitos geraram muito dinheiro, disputado por várias pessoas, sobretudo porque Maurice Ravel morreu aos 62 anos sem deixar filhos.
Após a morte em 1960 de seu irmão Édouard, seu único herdeiro, vários processos foram iniciados para tentar obter a fortuna representada pelos direitos de suas obras.
Ao longo dos anos, a disputa jurídica envolveu personagens tão curiosos como a massagista de Édouard Ravel, Jeanne Taverne, e seu marido, o motorista Alexandre, os sobrinhos do compositor e inclusive o diretor jurídico da Sacem.
O valor gerado pelos direitos autorais desde 1960 é calculado em algo entre 400 e 500 milhões de euros, 50 milhões procedentes do Bolero, segundo várias estimativas.