“Há muito tempo eu acalentava o sonho de trabalhar com o Toninho. Há uns dois anos, toquei com ele em BH e falei que queria fazer um disco com ele. Em princípio, seriam vários compositores, mas acabei gravando só os que participaram do disco Clube da Esquina”, lembra ela. A dupla, então, pinçou canções como Travessia (Milton Nascimento e Fernando Brant), Sol de primavera (Beto Guedes e Ronaldo Bastos), Nascente (Flávio Venturini e Murilo Antunes), Beijo partido (Toninho Horta, 1975) e Tudo o que você podia ser (Lô Borges e Ronaldo Bastos).
Sobre a opção pela formação enxuta – apenas ela e Horta, tanto no disco quanto no palco –, Alaíde resume: “Ele é o rei da harmonia, o máximo. Não precisa mais nada, dá conta de tudo”. Me deixa em paz (Monsueto e Airton Amorim), assim como Onde está você (Oscar Castro Neves e Luverci Fiorini), canção que projetou a cantora, não estão no repertório dos shows deste fim de semana, mas o público provavelmente ouvirá ambas.
A propósito, a cantora lembra que, curiosamente, Me deixa em paz não nasceu dramática como os ouvintes do Clube da Esquina a escutaram: “Eu vinha cantando essa música numa temporada na Casa Forte, em São Paulo, mas ela foi feita para o carnaval, gravada por Linda Batista nos anos 1950. Samba de carnaval mesmo, era festiva. Não vejo festa nenhuma nela. Naquela época se gravava muito para o carnaval, isso era comum entre os compositores”.
CLÁSSICA Para Toninho Horta, Alaíde é nossa Ella Fitzgerald ou Edith Piaf: “Pela elegância, integridade, musicalidade. E ainda toca piano, compõe. Valoriza cada nota. É clássica”. O guitarrista começou a ouvi-la nos anos 1960, mais especificamente em Sem você, de Tom Jobim e Vinicius de Moraes, que a carioca registrou ao lado do violonista Baden Powell e, não por acaso, foi regravada para o novo disco, tendo o músico mineiro como companheiro no estúdio.
Mais tarde, ela escolheu composições de Horta para discos seus, a exemplo de Meu canário vizinho azul e Teus olhos, meu lugar (com Ronaldo Bastos). “Esse disco foi uma experiência muito única. Acompanho cantores desde adolescente, no Brasil e fora, mas, no caso da Alaíde, é preciso fazer isso com delicadeza suprema. Isso ocorreu de forma muito natural, pois ouço a voz dela há muito tempo”, completa ele. Em tempo: a parceria dos dois também renderá documentário.
Alegria é guardada em cofres, catedrais
Show de Alaíde Costa e Toninho Horta. Hoje e amanhã, às 21h, no Teatro Bradesco.