Alaíde Costa e Toninho Horta apresentam o álbum 'Alegria é guardada em cofres, catedrais'

Dupla faz show nesta sexta e sábado, no Teatro Bradesco, em BH

por Eduardo Tristão Girão 22/04/2016 08:00
Geraldo Rocha/Divulgacao
Alaíde Costa e Toninho Horta abrem a turnê com show hoje e preparam documentário (foto: Geraldo Rocha/Divulgacao)
No meio das vozes de Milton Nascimento, Lô Borges e Beto Guedes, a de Alaíde Costa é a única feminina no clássico disco Clube da Esquina, de 1972. Um registro fora do comum e não apenas por questão de gênero, mas pelo timbre: um tanto grave, algo doce, tornando melancólico o samba Me deixa em paz. Aos 80 anos, ela reencontra os colegas de maneira diferente: com o guitarrista Toninho Horta revisita canções dele e de outros compositores do clube no álbum Alegria é guardada em cofres, catedrais, cuja turnê de estreia começa com shows hoje e amanhã, no Teatro Bradesco.


“Há muito tempo eu acalentava o sonho de trabalhar com o Toninho. Há uns dois anos, toquei com ele em BH e falei que queria fazer um disco com ele. Em princípio, seriam vários compositores, mas acabei gravando só os que participaram do disco Clube da Esquina”, lembra ela. A dupla, então, pinçou canções como Travessia (Milton Nascimento e Fernando Brant), Sol de primavera (Beto Guedes e Ronaldo Bastos), Nascente (Flávio Venturini e Murilo Antunes), Beijo partido (Toninho Horta, 1975) e Tudo o que você podia ser (Lô Borges e Ronaldo Bastos).

Sobre a opção pela formação enxuta – apenas ela e Horta, tanto no disco quanto no palco –, Alaíde resume: “Ele é o rei da harmonia, o máximo. Não precisa mais nada, dá conta de tudo”. Me deixa em paz (Monsueto e Airton Amorim), assim como Onde está você (Oscar Castro Neves e Luverci Fiorini), canção que projetou a cantora, não estão no repertório dos shows deste fim de semana, mas o público provavelmente ouvirá ambas. “As pessoas pedem e sempre acabo cantando essas duas”, conta ela.

A propósito, a cantora lembra que, curiosamente, Me deixa em paz não nasceu dramática como os ouvintes do Clube da Esquina a escutaram: “Eu vinha cantando essa música numa temporada na Casa Forte, em São Paulo, mas ela foi feita para o carnaval, gravada por Linda Batista nos anos 1950. Samba de carnaval mesmo, era festiva. Não vejo festa nenhuma nela. Naquela época se gravava muito para o carnaval, isso era comum entre os compositores”.

CLÁSSICA Para Toninho Horta, Alaíde é nossa Ella Fitzgerald ou Edith Piaf: “Pela elegância, integridade, musicalidade. E ainda toca piano, compõe. Valoriza cada nota. É clássica”. O guitarrista começou a ouvi-la nos anos 1960, mais especificamente em Sem você, de Tom Jobim e Vinicius de Moraes, que a carioca registrou ao lado do violonista Baden Powell e, não por acaso, foi regravada para o novo disco, tendo o músico mineiro como companheiro no estúdio.

Mais tarde, ela escolheu composições de Horta para discos seus, a exemplo de Meu canário vizinho azul e Teus olhos, meu lugar (com Ronaldo Bastos). “Esse disco foi uma experiência muito única. Acompanho cantores desde adolescente, no Brasil e fora, mas, no caso da Alaíde, é preciso fazer isso com delicadeza suprema. Isso ocorreu de forma muito natural, pois ouço a voz dela há muito tempo”, completa ele. Em tempo: a parceria dos dois também renderá documentário.

Alegria é guardada em cofres, catedrais
Show de Alaíde Costa e Toninho Horta. Hoje e amanhã, às 21h, no Teatro Bradesco. Ingresso: R$ 60 (inteira) e R$ 30 (meia), à venda na bilheteria, das 12h às 20h. Informações: (31) 3516-1360.

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