Existem pelo menos duas explicações para a origem do termo jam na música. Para alguns, significa jazz after mignight (jazz após meia-noite). Para outros, é apenas a tradução literal do inglês, ou seja, %u201Cgeleia%u201D. No caso da Autêntica, vale a segunda opção. Alguns meses depois de iniciar as operações, em fevereiro de 2015, a casa na Savassi, em Belo Horizonte, passou a abrir seu palco uma quinta-feira de cada mês para todos os músicos que queiram mostrar livremente seu trabalho. Não importa estilo, ensaio ou agendamento. No evento chamado Sessões Autênticas, basta chegar com os instrumentos e tocar, com o limite de três canções ou 10 minutos por artista ou banda.
Fora do Brasil, a iniciativa não é rara. As chamadas jam sessions se dedicam a abrir o palco para quem estiver a fim de tocar, independentemente de ensaio, fama ou qualidade do som. Basta ter atitude. Surgidas no meio do jazz e logo disseminadas entre outros estilos, sessões assim permitem intercâmbio entre artistas diferentes, além de parcerias às vezes inusitadas entre músicos que nunca tocaram juntos anteriormente. O improviso é sempre bem-vindo e o objetivo é que todos tenham a oportunidade de fazer barulho e conquistar seu espaço na cena.
"É uma noite em que a casa não cobra entrada e oferece a quem quiser tocar toda nossa estrutura, da forma mais profissional possível. Fazemos isso pela cena musical da cidade, porque acreditamos nessa ideia e tem dado certo", afirma Leo Moraes, responsável pela casa e um dos idealizadores das Sessões Autênticas. Segundo ele, os músicos apoiaram a proposta e o movimento começou a agregar novos artistas à agenda da casa: %u201CDesde o começo, tivemos a presença das bandas das quais já éramos próximos, mas, aos poucos, outras foram aparecendo e se destacando. Teve banda que conhecemos através das Sessões Autênticas e que hoje enche a casa em noite só dela%u201D.
Um exemplo citado por Leo é a Young Lights, banda de indie rock formada em BH em 2013. O grupo subiu ao palco da casa pela primeira vez justamente em uma dessas noites. %u201CDe início, a gente já abraçou conceitualmente a ideia de tocar para um público diferente. Depois, a gente sempre admirou a casa e queria tocar lá, por isso topamos e chamamos outras bandas para ir juntos. Tocamos em três Sessões Autênticas e foi muito legal. Um show despretensioso virou um showzão, abriu portas na própria casa e tivemos convites para noites só nossas%u201D, conta Gentil Nascimento, baterista do grupo.
Outro artista que aproveitou a oportunidade para se projetar foi Jonathan Tadeu. Com seu projeto solo, que flutua entre o folk e o rock, lançou duas canções inéditas nas Sessões Autênticas. %u201CBH ainda é uma cidade difícil para som autoral. Existem as casas, mas é difícil conseguir uma data bacana, ainda mais quando você está começando um projeto e não tem contato com produtores. Essas apresentações são muito importantes pra quem compõe música. É o momento de testar as canções com o público%u201D, explica o cantor.
A geleia das Sessões Autênticas ainda permite o movimento contrário. Bandas que já tiveram sua chance em grandes palcos também aparecem para fazer uma canja e se misturar entre os novatos. É o caso do Dead Pixels, que já apresentou seu punk rock de garagem no festival Goiânia Noise, um dos principais da música independente no país. Para o baterista do grupo, Mauro Novaes, tocar no evento significa ter a chance de um show mais livre que o normal, pela chance de improvisar sem medo de dar errado: %u201CTodo músico improvisa em seus ensaios e ter a oportunidade de fazer isso num palco é sensacional%u201D. A pluralidade dá mais sabor à mistura. As noites de palco aberto contemplam vários estilos musicais. Entre as mais de 10 bandas que costumam se apresentar em cada edição, o público pode rock, jazz, MPB, samba e até música celta.
A ideia de permitir ao público experimentar os novos sons feitos em Belo Horizonte foi levada também para outros campos sensoriais. Na última Sessão Autêntica, no começo de março, a casa inaugurou seu novo cardápio de drinques, em que cada bebida leva o nome de uma banda ou artista da capital mineira, numa homenagem à cena independente e autoral local. É possível, por exemplo, degustar o slama! (Jack and Coke) ou A Fase Rosa (Silverino). A próxima Sessão Autêntica está marcada para o dia 7 de abril.
A Autêntica
Rua Alagoas, 1.172, Savassi, (31) 3654-9251.
www.aautentica.com.br
Casa de shows em BH abre espaço e oferece estrutura para bandas mostrarem seu trabalho
No evento, basta chegar com os instrumentos e tocar
por
Pedro Galvão
27/03/2016 09:24
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