Havana - Dezenas de milhares de cubanos e turistas invadiram o local do concerto gratuito que o Rolling Stones fará em Havana nesta sexta-feira, um momento considerado por muitos como histórico em um país que um dia forçou fãs do rock a ouvir suas músicas favoritas a portas fechadas.
Dois depois que Barack Obama concluiu a primeira visita de um presidente norte-americano a Cuba em quase 90 anos, o concerto desta noite escancara a abertura da nação comunista ao mundo e organizadores esperam a presença de pelo menos 500 mil pessoas.
"Depois de hoje eu posso morrer", disse o vigia noturno Joaquin Ortiz, de 62 anos. Ele afirmou ser um grande fã do rock desde que era adolescente na década de 60, quando o governo comunista de Cuba desaprovou bandas norte-americanas e britânicas, forçando-o a esconder seus álbuns dos Beatles e dos Stones em capas de álbuns de grupos revolucionários cubanos. "Este é o meu último desejo, ver os Rolling Stones."
Pequenos grupos de pessoas madrugaram do lado de fora da Ciudad Deportiva, ou Cidade dos Esportes, onde um enorme palco foi montado para a legendária banda britânica. Dezenas de milhares de pessoas se aglomeraram do lado de fora do complexo esportivo durante todo o dia.
Pelo menos metade dos que aguardavam nos portões para serem os primeiros a entrar eram estrangeiros. Ken Smith, um marinheiro aposentado de 59 anos, e Paul Herold, um encanador aposentado de 65 anos, velejaram para Havana DE Key West, na Flórida. "Esse é um dos sonhos da minha vida, vir para Cuba em um veleiro", compartilhou Herold. Smith disse que o concerto foi a inspiração necessária para vir a Cuba depois de anos pensando em fazê-lo.
Logo na chegada, o vocalista Mick Jagger referiu-se indiretamente às mudanças recentes em Cuba. O presidente Obama restabeleceu laços diplomáticos com o país no ano passado, pedindo que as duas nações caminhem em direção à completa normalização das relações, a fim de encerrar o legado da Guerra Fria e engajar Cuba em mais reformas do seu sistema de partido único e economia controlada.
"Obviamente algo aconteceu nos últimos anos", disse Jagger a repórteres no Aeroporto Internacional Jose Marti. "Então, o tempo muda todo...estamos muito contentes em estar aqui e tenho certeza que será um grande show", completou o vocalista.
No calor da revolução cubana, entre os anos 1960 e 1980, bandas estrangeiras como os Rolling Stones eram consideradas subversivas e tiveram suas músicas excluídas das rádios locais. Embora não fossem oficialmente proibidas em público, os cubanos escutavam as canções em segredo, passando os discos de mão em mão. O concerto dos Stones em Cuba encerra a turnê "Ole" na América Latina, que também contou com shows no Brasil, no Uruguai, no Chile, na Argentina e no México. Fonte: Associated Press.