Em 33 anos de carreira e 53 de vida, Paulo Ricardo está vivendo uma situação inédita. Pela primeira vez lança um álbum solo (o nono de estúdio) com o RPM em atividade. “Estamos coexistindo pacificamente”, afirma, não sem razão.
Em três décadas de banda, foram pelo menos cinco idas e voltas. Algumas algo traumáticas, com lavação de roupa suja em público. Por ora em paz com Luiz Schiavon, Fernando Deluqui e Paulo P.A. Pagni, vai seguindo a vida.
Agora jurado de reality show (a segunda temporada de SuperStar estreia em 10 de abril, na Globo), com três crianças em casa (é o bebê Luís Eduardo, seu único filho homem, quem ilustra a capa do disco), o ex-ídolo oitentista atira para todos os lados em Novo álbum.
Pode-se falar muita coisa de Paulo Ricardo. Mas uma coisa é fato: ele vem tentando há anos. Na seara solo, tentou continuar no rock (em Rock popular brasileiro, 1996, em que regravou sucessos dos colegas de geração); virou cantor romântico (O amor me escolheu, de 1997, o trazia na capa como um São Sebastião seminu); interpretou em espanhol suas próprias canções (La cruz y la espada, de 1998).
Mas nunca conseguiu desvincular sua imagem do líder da maior banda que o Brasil produziu nos anos 1980. “E não tenho a menor vontade disso. Em entrevista, quando perguntado se os Beatles eram um fantasma em sua vida, Paul McCartney disse que eram, sim, mas um fantasma camarada. No caso do Paul, tem esse lado mórbido, já que metade da banda morreu. No meu, é só alegria, tenho um sucesso enorme e duradouro.”
AUTOIRONIA
Novo álbum é aberto com Novo single, talvez a faixa mais honesta do trabalho (gravada com a Nova banda, sexteto que vai acompanhá-lo na turnê que tem início neste sábado, em São Paulo). Assim como os Titãs riram de si mesmos em A melhor banda de todos os tempos da última semana (2001), Paulo Ricardo busca fazer o mesmo nessa canção, um eletro rock pesado que ele interpreta com voz grave, bem diferente do registro usual. “Novo single, novo álbum/Nova direção/Conteúdo exclusivo/O vídeo e a canção/Clique e baixe agora/E pague com cartão”, diz a letra.
“É uma brincadeira com este conceito do novo e com o desgaste que a palavra sofreu na publicidade. O novo é o velho com nova embalagem. (Com a música) eu queria loucura e velocidade do digital, em que você tem muita informação e pouco conteúdo”, afirma.
Pois Novo álbum engana só no início. Nas 11 canções (sendo que a última é Vida real, o tema do Big Brother, aqui na versão 2016 do reality) o que se vê é uma tentativa de Paulo Ricardo acertar algum alvo. Raios-X é um pop rock convencional (bem poderia ser uma canção do RPM) só que com sonoridade atual; Isabela, para a segunda filha, é uma canção amorosa com um acento folk; Como você, com um início que remete à versão de Freedom, de George Michael, tem uma levada R&B.
Sexy é a balada motel de Paul Ricardo, que continua na praia romântica em Eu e você (O x da questão), esta baseada no violão. Ele tenta ser indie em Eu não sei e busca inspiração no blues e no gospel em Vida real. Juntos, por fim, vai até o eletrônico mais comercial para tentar levá-lo para as pistas.
Sobre a série de referências, ele diz: “Neste trabalho tento soar retrô às vezes. Busquei influências nos anos 1970, na psicodelia, no folk. É um trabalho novo no sentido que mostro um novo momento meu. Mas não tenho como não olhar para trás. E quando olho não é de maneira saudosista, mas como uma forma de pesquisa. Você precisa ter maturidade para fazer isso”, finaliza.
Em três décadas de banda, foram pelo menos cinco idas e voltas. Algumas algo traumáticas, com lavação de roupa suja em público. Por ora em paz com Luiz Schiavon, Fernando Deluqui e Paulo P.A. Pagni, vai seguindo a vida.
Agora jurado de reality show (a segunda temporada de SuperStar estreia em 10 de abril, na Globo), com três crianças em casa (é o bebê Luís Eduardo, seu único filho homem, quem ilustra a capa do disco), o ex-ídolo oitentista atira para todos os lados em Novo álbum.
Pode-se falar muita coisa de Paulo Ricardo. Mas uma coisa é fato: ele vem tentando há anos. Na seara solo, tentou continuar no rock (em Rock popular brasileiro, 1996, em que regravou sucessos dos colegas de geração); virou cantor romântico (O amor me escolheu, de 1997, o trazia na capa como um São Sebastião seminu); interpretou em espanhol suas próprias canções (La cruz y la espada, de 1998).
Mas nunca conseguiu desvincular sua imagem do líder da maior banda que o Brasil produziu nos anos 1980. “E não tenho a menor vontade disso. Em entrevista, quando perguntado se os Beatles eram um fantasma em sua vida, Paul McCartney disse que eram, sim, mas um fantasma camarada. No caso do Paul, tem esse lado mórbido, já que metade da banda morreu. No meu, é só alegria, tenho um sucesso enorme e duradouro.”
AUTOIRONIA
Novo álbum é aberto com Novo single, talvez a faixa mais honesta do trabalho (gravada com a Nova banda, sexteto que vai acompanhá-lo na turnê que tem início neste sábado, em São Paulo). Assim como os Titãs riram de si mesmos em A melhor banda de todos os tempos da última semana (2001), Paulo Ricardo busca fazer o mesmo nessa canção, um eletro rock pesado que ele interpreta com voz grave, bem diferente do registro usual. “Novo single, novo álbum/Nova direção/Conteúdo exclusivo/O vídeo e a canção/Clique e baixe agora/E pague com cartão”, diz a letra.
“É uma brincadeira com este conceito do novo e com o desgaste que a palavra sofreu na publicidade. O novo é o velho com nova embalagem. (Com a música) eu queria loucura e velocidade do digital, em que você tem muita informação e pouco conteúdo”, afirma.
Pois Novo álbum engana só no início. Nas 11 canções (sendo que a última é Vida real, o tema do Big Brother, aqui na versão 2016 do reality) o que se vê é uma tentativa de Paulo Ricardo acertar algum alvo. Raios-X é um pop rock convencional (bem poderia ser uma canção do RPM) só que com sonoridade atual; Isabela, para a segunda filha, é uma canção amorosa com um acento folk; Como você, com um início que remete à versão de Freedom, de George Michael, tem uma levada R&B.
Sexy é a balada motel de Paul Ricardo, que continua na praia romântica em Eu e você (O x da questão), esta baseada no violão. Ele tenta ser indie em Eu não sei e busca inspiração no blues e no gospel em Vida real. Juntos, por fim, vai até o eletrônico mais comercial para tentar levá-lo para as pistas.
Sobre a série de referências, ele diz: “Neste trabalho tento soar retrô às vezes. Busquei influências nos anos 1970, na psicodelia, no folk. É um trabalho novo no sentido que mostro um novo momento meu. Mas não tenho como não olhar para trás. E quando olho não é de maneira saudosista, mas como uma forma de pesquisa. Você precisa ter maturidade para fazer isso”, finaliza.