Por volta das 21h de amanhã, os primeiros acordes de Doctor, doctor começarão a soar e uma das bandas mais bem-sucedidas da história do heavy metal ocupará o palco da Esplanada do Mineirão, em Belo Horizonte.
Depois de passar quase um ano sem fazer shows, o Iron Maiden está em turnê mundial de seu mais recente álbum, The book of souls. Ao longo de 40 anos de carreira, essa é apenas a segunda passagem da banda pela capital mineira. A primeira foi em 2009, no Mineirinho.
O peso do Iron Maiden não está só nas composições. O grupo traz 12 toneladas de equipamento a BH e não vem em seu avião próprio, o Ed Force One, que foi danificado enquanto manobrava no aeroporto de Santiago (Chile), no fim de semana passado.
Mas os problemas técnicos devem parar por aí. A iluminação, a decoração de palco, e a qualidade do áudio foram planejadas para hipnotizar o público.
Antes do segundo show da turnê, em Tulsa (EUA), o guitarrista Janick Gers conversou com o Estado de Minas por telefone e disse que a banda ainda deve lançar novos trabalhos. “O objetivo é sempre olhar para a frente.
Depois de tanto tempo, não queremos nos tornar uma paródia de nós mesmos.” A afirmação de Gers, no entanto, contraria a declaração do líder da banda, Steve Harris, ao jornal chileno El Liberal de que a banda caminha para o fim.
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O novo álbum da banda traz faixas com longas introduções e levadas progressivas, mas também refrões marcantes, que já estão na ponta da língua dos fãs, como é possível ver em vídeos da turnê que circulam pela internet.
Speed of light, escolhida como o primeiro single do disco, se diferencia por ser direta e tem sido um dos momentos mais enérgicos do show. Gers diz que as novas canções têm funcionado bem ao vivo. “Você tem que tocar as canções nas quais acredita. Acreditamos muito nesse disco, nós o fizemos chegar ao topo das paradas e queremos transformar essas canções em clássicos do Iron Maiden.”
Essa é a primeira passagem da banda pelo Brasil depois que o vocalista Bruce Dickinson se recuperou de um câncer na língua. O músico descobriu dois tumores na boca e só contou aos fãs sobre a doença depois de tê-la superado.
Gers diz que Dickinson não comentava muito sobre o problema, mas que era possível notar alguns sinais diferentes durante o processo de gravação do álbum. “Foi muito difícil para ele e um choque para todos nós. Estávamos no estúdio e víamos sinais do corpo dele reagindo à doença. Mas agora ele está totalmente recuperado.”
INCRIVELMENTE BEM
Gers não nega que o repertório foi montado pensando no conforto de Dickinson nos vocais. “Escolhemos músicas que ele se sente confortável para cantar, mas, ainda assim, tocamos algumas bem ‘altas’. Ele está cantando incrivelmente bem”, avalia o guitarrista.
Ao lado de Steve Harris, Gers compõe a faixa-título de The book of souls. A canção é um dos momentos mais bonitos do show, com Gers fazendo a introdução ao violão e, em seguida, passando para a guitarra. O músico contou como foi o processo de composição dessa faixa. “Pareceu muito com a maneira que fizemos Dance of death, há 13 anos. Cheguei com a ideia, expliquei como estava sentindo a música, e Steve trouxe a letra, construiu a história”, lembra.
Segundo ele, essa dinâmica também funciona bem entre os outros músicos e mantém o frescor das composições. “Alguém pode chegar com a música toda ou então trazer só uma ideia. Nunca nos fechamos. É como um bom time de futebol”, compara.
A civilização maia foi uma das principais referências na concepção do disco novo. A decoração do palco e a nova versão de Eddie, clássico mascote da banda, também representam a cultura desse povo. “A lua, os sacrifícios e os mistérios não decifrados. Tudo isso permeou nosso processo criativo e está refletido no boneco”, diz Gers, que é o integrante que mais interage com Eddie no palco.
O guitarrista é sincero ao dizer que não se lembra muito bem do show que o grupo fez no Mineirinho, em 2009, mas diz que os shows no Brasil são sempre muito bons. “Tenho certeza de que quando chegar e olhar para a cidade as coisas vão voltar à minha memória”, diz.
Desta vez, o público mineiro também terá a chance de conhecer a banda do filho do baixista Steve Harris. George Harris é guitarrista da banda The Raven Age, que, por volta das 19h, fará o primeiro show do sábado. A outra banda da noite será a Anthrax, que sobe ao palco às 19h45.
IRON MAIDEN
Esplanada do Mineirão. Av. Antônio Abrahão Caram, 1.001, Pampulha. Amanhã, 19h. Turnê The book of souls. Abertura: Raven Age e Anthrax. Pista: de R$ 290. Pista premium: R$ 570. Os portões serão abertos às 16h.