“É como você ver um filho seu sendo homenageado. O que acho mais legal é ver pelos vídeos na internet as pessoas se divertindo com uma canção tão antiga. Babydoll de nylon é uma música sem preconceitos. É livre de qualquer coisa ruim”, ressalta Robertinho de Recife em entrevista ao Correio.
A música de versos simples foi criada de maneira despretensiosa enquanto os dois músicos estavam em uma festa. “Disse a ele: tenho um solo que eu acho meio indígena, meio baiano. Mostrei e, de repente, ele começou a cantar ‘babydoll de nylon combina com você’. Perguntei: ‘você está tirando sarro da minha cara?’ Ele garantiu que não. Disse que babydoll era uma coisa bacana. Aí ela se tornou uma música com essa melodia muito alegre”.
A variedade de ritmos que já passaram pela guitarra de Robertinho de Recife, como jazz, blues, country e MPB vem de sua formação musical desde os 11 anos. “Minha mãe era cantora e comecei a acompanhá-la pela noite. Ela cantava boleros, Luiz Gonzaga, Nelson Gonçalves e muitos outros artistas. Era uma pessoa muito versátil”, destaca Robertinho, que na adolescência, ao lado de uma banda que tocava em bailes passou a ter contato com ritmos de diversos países como França, Itália, Espanha e Argentina.
“Era uma coisa rica. Aliado a isso tudo tínhamos o forró, o frevo, o maracatu e o baião. Isso tudo entra num liquidificador grande e dá essa mistura maravilhosa”, afirma o artista que já integrou bandas de Alceu Valença e Geraldo Azevedo e já gravou com Fagner e Agnaldo Timóteo.
A escolha pela guitarra chegou cedo: os dedos pequenos de Robertinho o desafiavam a tocar instrumentos como sanfona e piano. Depois de ser atropelado aos 11 anos, ele ficou por seis meses na cama e um ano sem poder andar. Nesse período, assistir a tevê era sua salvação. “Quando vi os Beatles tocarem pela primeira vez me apaixonei mais pelo som da guitarra do que por eles”, relembra o pernambucano em tom bem-humorado que afirma que o instrumento tem o poder de o fazer “voar e entrar em estado Alfa”.
Dentro do universo da composição, Robertinho de Recife estuda e cria arranjos musicais. Para o artista, o conhecimento plural de ritmos o ajuda a identificar o que diferencia e o que une um estilo ao outro, a exemplo do “encontro” da música indiana com a nordestina. “Esse conhecimento me ajuda muito na hora em que estou compondo. Já me acusaram de não ter um estilo. Eu não tenho apenas um estilo, eu tenho todos”, comenta o artista, que se apresenta no festival de heavy metal Metal Pesado Brasileiro.
No seu histórico musical existem experiências em ritmos variados como jazz, blues, country e MPB. De que forma você adquiriu essa versatilidade?
Comecei a tocar aos 12 anos de idade. Ninguém queria me ensinar a tocar porque eu tinha as mãos e dedos muito pequenos. Minha mãe era cantora e eu comecei a acompanhá-la em suas apresentações nos anos 1960. Eu tocava todo tipo de música com ela: ela cantava boleros, músicas do Luiz Gonzaga, Nelson Gonçalves... Já adolescente comecei a tocar com grupos de baile que tinham repertório variado. Nós sempre atendíamos pedidos do público. Naquele tempo tudo era bem eclético e tocávamos músicas de vários países: França, Itália, Espanha, Argentina...
Você toca outros instrumentos? Quando foi o primeiro contato com a guitarra?
Meu instrumento mesmo é a guitarra. Meu tio tocava sanfona e piano, por isso lá em casa sempre tinha esses dois instrumentos, mas gosto mesmo é do som de guitarra. Fui atropelado aos 11 anos de idade fiquei seis meses acamado e quase um ano sem poder andar. Cheguei até a colocar platina na perna. Nesse período eu vi os Beatles tocando na TV e me apaixonei mais pela guitarra do que por eles. Quando a guitarra chegou eu me deslumbrei com aquele som maravilhoso. A guitarra tem o poder de me fazer voar, de entrar no estado Alfa.
Esse contato tão plural o ajudou a criar uma identidade própria?
Com certeza. Me acusaram que eu não tenho estilo. Eu não tenho só um estilo, eu tenho todos. Existe a música ruim e boa em qualquer ritmo. Acho que isso me ajuda muito para saber o que diferencia e o que une um estilo ao outro.
Você não aparece muito na grande mídia mas continua vivendo de música. Como é fazer sucesso no Brasil sem estar com holofotes?
Uma coisa bacana que acontece comigo é que o público me apoia e me acompanha é fã do Robertinho e não apenas de uma música. Sempre trabalhei em vários estilos e pulei de galho em galho. Tem gente que é faãdo estilo, mas quando o artista sai do estilo ela passa a não acompanhá-lo. Eu tenho um público realmente fiel. Faço shows e já aconteceu de me pedirem pra tocar Babydoll de Nylon no show de heavy metal. Não teve jeito: toquei e várias mulheres jogaram babydoll em mim no palco. Essa música proporciona uma grande liberdade.
A música babydoll de nylon virou tema de um dos maiores blocos carnavalescos de Brasília. Já pensou em conferir esse bloco de perto?
Essa com certeza é uma das minhas maiores alegrias ultimamente. Eu me sinto homenageado e muito feliz. É só me chamar que eu vou! Essa música foi gravada há 30 anos no disco Robertinho do Mundo. É como você ver um filho seu sendo homenageado. O que acho mais legal é as pessoas se divertindo com essa música, que é atemporal. É uma música sem preconceitos, sem homofobia. Esse bloco é uma grande manifestação popular. As pessoas entram no clima e colocam o babydoll. Já vi vídeo dos foliões cantando. Em todos os locais a música da metralhadora fez sucesso, mas pelo visto em Brasília foi o Babydoll de Nylon.