A concorrência na principal categoria, a de álbum do ano, está assim: 1989, de Taylor Swift; To Pimp A Butterfly, de Kendrick Lamar; Sound %2b Color, do Alabama Shakes; Traveller, de Chris Stapleton; e Beauty Behind The Madness, do The Weeknd. Dois brasileiros estão acomodados na velhas categorias para aquilo que o mercado dos norte-americanos não entende como pop: Gilberto Gil concorre a Melhor Álbum de World Music com Gilbertos Samba, feito para homenagear a obra de João Gilberto, e Eliane Elias está na briga pelo Melhor Álbum de Jazz Latino com Made in Brazil, gravado no lendário Abbey Road Studios, em Londres.
David Bowie morreu falando de Lamar. Ao lançar Blackstar, pouco antes de partir, explicou sua inspiração conceitual nas atmosferas do jazz (mesmo não sendo seu álbum um disco de jazz) depois de ouvir um trabalho do rapper.
Lamar deve levar tudo, ou quase tudo. Sua força se sobrepõe aos conceitos do rap clássico para torná-lo elegante e adulto. To Pimp é um salto suicida em direção ao free jazz, um caminho bem-sucedido e sem volta. For Free? é nervosa e o expõe como uma metralhadora verbal impressionante. King Kuta volta ao R? Thinking Out Loud, de Ed Sheeran; Girl Crush, de Little Big Town; e See You Again (Feat. Charlie Puth), de Wiz Khalifa, tem uma dureza cortante.
Um dos singles de sua maior concorrente, Taylor Swift, deixa evidente a supremacia de Lamar. Bad Blood, ultrapassada de nascença, só cresce nas partes em que Lamar aparece, no vídeo e no áudio.
O Alabama Shakes, também na categoria Melhor Álbum, se distanciou da pegada setentista que a consagrou e abriu uma nova porta de retorno imprevisível com Sound And Color. Os fãs de southern rock detestaram, mas os mais jovens podem gostar mais. Só não é o melhor disco da temporada, definitivamente.
A simples indicação do country Chris Stapleton já lhe dá uma ajuda e tanto com seu primeiro disco, Traveller.