“Não tem um jeito certo de ouvir e de entender a música instrumental. Essa questão de que ela é inacessível ou muito ‘cabeça’ é mais uma coisa colocada para a gente do que realmente é”, diz o músico João Carvalho, que, aos 17 anos, começou a compor sob o codinome Sentidor. Hoje, aos 21 e com o recém-lançado Dilúvio, vê as músicas compostas no computador do quarto alcançarem projeção internacional.
As canções de Sentidor – que podem ser classificadas como qualquer coisa entre a música eletrônica, experimental e ambiente – recentemente foram executadas em grandes rádios estrangeiras, como a KEXP (Seattle) e Vocalo (Chicago), além da italiana Popolare.
“A ideia de que a música instrumental é inacessível se deve muito mais aos lugares em que ela toca, ou melhor, em que não toca”, diz ele, referindo-se à carência de divulgação desse tipo de música em território nacional. Carvalho conta que, em Belo Horizonte, apenas a rádio UFMG Educativa já abriu espaço para as suas composições. “Quando divulguei meu último disco, uma outra rádio falou sobre o lançamento, mas não tocou a música”, conta.
Até agora, os discos Dilúvio (2015) e Notícias do mundo nosso (2014) foram ao ar de forma independente, mas, no último mês, Sentidor assinou com o selo peruano Surrounding Label, pelo qual deverá lançar outro álbum, ainda neste semestre. No ano passado, o compositor também viu o disco Sibö (2015), lançado em parceria com o costarriquenho Nillo, ganhar uma reedição bancada pelo site britânico Sounds and Colours.
O nome Sentidor já dá uma pista do tipo de libertação que a música representa para ele, mas as músicas, bastante melódicas e cuidadosas com timbres e texturas, também são a representação da memória e de sonhos. “Dilúvio é claramente uma forma de lidar com a depressão, mas também é fruto de experiências espirituais e sonhos. É uma representação de processos mentais e, por mais que não tenha letra, as pessoas sabem muito bem dessa questão”, conta.
AVÓ
A prova de que as músicas são acessíveis vem de dentro de casa. Antes de qualquer lançamento, João submete as composições ao crivo da avó. “Por mais que ela não consiga fazer uma análise mais complexa, ela sente alguma coisa quando está ouvindo”, diz. O músico conta que a experiência de tocar as composições ao vivo tem proporcionado experiências gratificantes. “Sinto que agora a música está realmente chegando para as pessoas. Depois da minha última apresentação, na Benfeitoria, uma mulher que sofre de ataques de ansiedade me procurou e disse que aquele era o primeiro show que ela conseguia assistir em muitos anos”, relata.
A ideia inicialmente despretensiosa de se aventurar pelas composições eletrônicas veio de bandas que introduziam esses elementos no rock, como os britânicos Radiohead e outras cheias de ambientação, como os islandeses Sigur Rós. Outra inspiração foi a banda mineira Constantina, pela qual João conheceu um dos integrantes, o compositor Barulhista, que se tornaria seu principal parceiro na música eletrônica em Belo Horizonte. “Por meio dele, vi que tinha gente fazendo esse mesmo tipo de música e conseguindo. Além da inspiração musical, tinha essa questão da demonstração de que era possível ter reconhecimento.”
O músico Barulhista também faz parte do peruano Surrounding Label e foi um dos responsáveis pela adesão de Carvalho ao selo. “Desde 2008, percebo um interesse muito mais internacional do que local nesse nosso nicho. E olha que não negamos nenhum ritmo brasileiro, pelo contrário”, diz Barulhista. Ele avalia que, em parceria com Sentidor, tem cumprido um papel de tentar aumentar o alcance desse tipo de música para o público nacional. “Temos virado referência, porque somos poucos e trabalhamos com uma música muito específica”, diz.
Barulhista criou um jeito peculiar de rotular esse tipo de composição: música para dançar sentado. “É uma música para se criar a partir do que se ouve e não simplesmente entender o que se escutou. Os títulos das músicas são as únicas coisas que dão alguma delimitação. Criamos uma cerca, mas bem baixinha e fácil de pular”, conclui o músico.
As canções de Sentidor – que podem ser classificadas como qualquer coisa entre a música eletrônica, experimental e ambiente – recentemente foram executadas em grandes rádios estrangeiras, como a KEXP (Seattle) e Vocalo (Chicago), além da italiana Popolare.
“A ideia de que a música instrumental é inacessível se deve muito mais aos lugares em que ela toca, ou melhor, em que não toca”, diz ele, referindo-se à carência de divulgação desse tipo de música em território nacional. Carvalho conta que, em Belo Horizonte, apenas a rádio UFMG Educativa já abriu espaço para as suas composições. “Quando divulguei meu último disco, uma outra rádio falou sobre o lançamento, mas não tocou a música”, conta.
Até agora, os discos Dilúvio (2015) e Notícias do mundo nosso (2014) foram ao ar de forma independente, mas, no último mês, Sentidor assinou com o selo peruano Surrounding Label, pelo qual deverá lançar outro álbum, ainda neste semestre. No ano passado, o compositor também viu o disco Sibö (2015), lançado em parceria com o costarriquenho Nillo, ganhar uma reedição bancada pelo site britânico Sounds and Colours.
O nome Sentidor já dá uma pista do tipo de libertação que a música representa para ele, mas as músicas, bastante melódicas e cuidadosas com timbres e texturas, também são a representação da memória e de sonhos. “Dilúvio é claramente uma forma de lidar com a depressão, mas também é fruto de experiências espirituais e sonhos. É uma representação de processos mentais e, por mais que não tenha letra, as pessoas sabem muito bem dessa questão”, conta.
AVÓ
A prova de que as músicas são acessíveis vem de dentro de casa. Antes de qualquer lançamento, João submete as composições ao crivo da avó. “Por mais que ela não consiga fazer uma análise mais complexa, ela sente alguma coisa quando está ouvindo”, diz. O músico conta que a experiência de tocar as composições ao vivo tem proporcionado experiências gratificantes. “Sinto que agora a música está realmente chegando para as pessoas. Depois da minha última apresentação, na Benfeitoria, uma mulher que sofre de ataques de ansiedade me procurou e disse que aquele era o primeiro show que ela conseguia assistir em muitos anos”, relata.
A ideia inicialmente despretensiosa de se aventurar pelas composições eletrônicas veio de bandas que introduziam esses elementos no rock, como os britânicos Radiohead e outras cheias de ambientação, como os islandeses Sigur Rós. Outra inspiração foi a banda mineira Constantina, pela qual João conheceu um dos integrantes, o compositor Barulhista, que se tornaria seu principal parceiro na música eletrônica em Belo Horizonte. “Por meio dele, vi que tinha gente fazendo esse mesmo tipo de música e conseguindo. Além da inspiração musical, tinha essa questão da demonstração de que era possível ter reconhecimento.”
O músico Barulhista também faz parte do peruano Surrounding Label e foi um dos responsáveis pela adesão de Carvalho ao selo. “Desde 2008, percebo um interesse muito mais internacional do que local nesse nosso nicho. E olha que não negamos nenhum ritmo brasileiro, pelo contrário”, diz Barulhista. Ele avalia que, em parceria com Sentidor, tem cumprido um papel de tentar aumentar o alcance desse tipo de música para o público nacional. “Temos virado referência, porque somos poucos e trabalhamos com uma música muito específica”, diz.
Barulhista criou um jeito peculiar de rotular esse tipo de composição: música para dançar sentado. “É uma música para se criar a partir do que se ouve e não simplesmente entender o que se escutou. Os títulos das músicas são as únicas coisas que dão alguma delimitação. Criamos uma cerca, mas bem baixinha e fácil de pular”, conclui o músico.