Os ensaios são realizados sob o Viaduto Santa Tereza, ponto central da cidade e mais acessível. O carioca Michel Messer, que cresceu em meio às escolas de samba, é o regente do grupo, que conta com 50 pessoas na bateria. O repertório reúne músicas do Ilê Aiyê, da cantora baiana Margareth Menezes, da banda Olodum e funks como Rap do Silva, além de ijexás de afoxés baianos como o Filhos de Gandhy.
O grupo promove oficinas de turbantes, pintura facial e de história da diáspora africana. A bateria é exclusiva para aqueles que se autodenominam negros. Ele sai no domingo de carnaval. A concentração começa às 16h, na esquina de ruas da Bahia e Guajajaras. Os foliões poderão curtir o Angola amanhã à noite, na festa “Um ano de muito amor”, no Mercado das Borboletas.
Este ano, o Dreadlocko estreia nas ruas de BH. O bloco é comandado pelo cantor Sérgio Pererê e sua irmã, Célia Pereira. “Dread é atitude também”, afirma o músico. Apesar de o estilo ter se tornado famoso com Bob Marley e ser associado à Jamaica, trata-se de uma expressão africana. “Na Etiópia, os guerreiros deixavam o cabelo crescer como forma de protesto. Isso também ocorria na Angola e na Namíbia”, explica ele. A bateria traz forte influência banto e iorubá, além de passar por cânticos do candomblé. O Dreadlocko sai no sábado de carnaval, às 16h, sob o Viaduto Santa Tereza.
RACISMO De uma experiência de preconceito surgiu a ideia do músico e dançarino Camilo Gam de criar o Magia Negra. “Tocava numa banda e estava com roupa branca, chapéu e tambor no ponto de ônibus. O povo ficou cochichando, dizendo que eu ia fazer macumba”, conta ele. No carnaval de 2014, Camilo levou às ruas o bloco para combater a “feitiçaria” do racismo. O repertório autoral exalta a cultura afro, com opanijé, ijexá, funk soul e tamborzão. Instrumentos singulares como o djambê e pele leitosa fazem parte da bateria. Todo mundo dança, canta e toca ao mesmo tempo. Da turma “concentra, mas não sai”, o Magia faz seu som na sexta-feira de carnaval na Vila Estrela, no Morro do Papagaio.
Desde 2014, o Afoxé Bandarerê ocupa as ruas da Concórdia no sábado de carnaval. O cortejo reúne cerca de 6 mil pessoas. “É o bairro mais negro de BH. Lá começaram as casas de candomblé e os terreiros de umbanda”, conta Marcio Eustáquio de Souza, o Tata Kamus’ende, presidente e vocalista do afoxé. A origem do grupo está na casa de candomblé Senhora da Glória, mais antiga de Minas.
O Bandarerê resgatou em Minas a tradição de sair às ruas antes das escolas de samba. O desfile será na terça-feira gorda, na Avenida Afonso Pena.
CONFIRA
AFOXÉ BANDARERÊ
Neste sábado, às 14h, na abertura do carnaval de Contagem (Praça Iria Diniz, Eldorado). Domingo, às 13h, no 3º Presente de Iemanjá (Av. Otacílio Negrão de Lima, em frente à imagem de Iemanjá, na Pampulha). Informações: https://goo.gl/UeLgp6
ANGOLA JANGA
Neste sábado, às 14h, na festa Um ano de muito amor. Mercado das Borboletas (Av. Olegário Maciel, 742, Centro). Ingressos: R$ 15. Ensaio aberto na quinta-feira (4/2), às 19h, sob o Viaduto Santa Tereza. Informações: https://goo.gl/ZQJTVj
DREADLOCKO
Domingo, às 13h, no 3º Presente de Iemanjá (Av. Otacílio Negrão de Lima, em frente à imagem de Iemanjá, Pampulha).
MAGIA NEGRA
Ensaio aberto neste sábado, às 18h30, na Rua Pouso Alegre, 854, Floresta. Entrada franca. Informações: https://goo.gl/7sKMGd
Peruca black power é adereço de carnaval? “Não, ela não é fantasia, faz parte da nossa identidade”, avisa Nayara Garófalo, que criou o bloco afro Angola Janga em parceria com Lucas Jupetipe. A iniciativa surgiu da crítica da dupla ao propalado renascimento do carnaval de BH. “Éramos os únicos negros que participavam dos blocos. Ficou elitizado. O Angola surgiu da necessidade de agregar pessoas como nós”, diz Nayara.