Velloso, então, escreveu um protesto, de desabafo, contra a agressão a Chico Buarque, que repercutiu e se desdobrou nas redes sociais. “Era inaceitável que um artista que levava mensagem de amor ao mundo, no Brasil fosse hostilizado”, reafirma. Recebeu, então, mensagem do músico e compositor Marcos Frederico, propondo que fizessem em parceria uma marchinha sobre o ocorrido. Colocaram mãos à obra e nasceu Não enche o saco do Chico. “É música contra a intolerância. Podemos discordar das opiniões dos outros, e a política precisa disso, mas ir tirar satisfação, de forma intimidatória, por causa disso é algo que não cabe numa democracia”, critica. “As pessoas têm história de vida que é maior do que qualquer sigla partidária”, afirma.
saiba mais
Chico Buarque estuda processar outros caluniadores
Marchinha de carnaval defende Chico Buarque após discussão sobre o PT no Leblon
Chico Buarque é xingado por antipetistas em rua do Leblon no Rio de Janeiro
'Pinto por cima': coletivo que tem músicos mineiros lança marchinha para João Doria
Maria Bethânia e Chico Buarque vivem reencontro emocionante no palco
Processo Vitor Velloso considera justo o processo de Chico Buarque contra o jornalista e antiquário João Pedrosa e o fazendeiro Guilherme Gaion Junqueira Motta Luiz. Ambos ofenderam o artista e sua família nas redes sociais. O fazendeiro, que faz parte do grupo que interpelou Chico em dezembro, postou uma imagem do compositor com a frase: “Oi, eu sou o Chico e vivo dos seus impostos”. O antiquário escreveu no perfil da filha de Chico: “Família de canalhas!!! Que orgulho de ser ladrão!!!”. Ele se arrependeu e escreveu carta se desculpando, mas o artista decidiu manter a ação na Justiça e cogita processar outros ofensores. “É uma forma civilizada de agir e um sinal de que ele acredita nas nossas instituições”, observa Velloso.
Não enche o saco do Chico não é a primeira marchinha de Vitor Velloso e Marcos Frederico. Juntos, separados ou com outros parceiros, eles têm diversas composições no gênero e algumas – como Manja rolha e Tira a mão do meu pai – fizeram sucesso no Concurso de Marchinha Mestre Jonas. Baile do pó Royal, parceria de Vitor Velloso e Gustavo Magua, bombou na internet no carnaval de 2015.
“Fazer marchinha é delicioso. É gênero atemporal e, ao mesmo tempo, resgate de cultura brasileira muito antiga”, explica. A dupla gosta tanto do gênero que anda sonhando encontrar João Roberto Kelly, autor que admira, “para pedir a bênção”, brinca Velloso. Outro clássico da marchinha, para eles, é Lamartine Babo. A dupla já tem agenda e compromissos para o carnaval. Em 27 de janeiro, abrem show de Hamilton Holanda, no Circo Voador, no Rio de Janeiro. Mais: a dupla está acalentando projeto de montar a Orquestra Royal, voltada para bailes carnavalescos, cuja estreia ocorre no próximo sábado, com festa, às 16h, em quarteirão fechado da Savassi, entre as ruas Paraíba e Cláudio Manoel.