Em um barco lotado de homens árabes e posando em frente às grades de uma fronteira, M.I.A.
Apesar de a alfinetada de M.I.A. ter endereço certeiro — as autoridades e a parcela da população europeia que se posicionam contra o abrigo aos estrangeiros —, a polêmica respingou no gigante dos esportes. O texto atribuído à equipe do PSG menciona "a desagradável surpresa de descobrir que a cantora, neste vídeo, aparece duas vezes usando a camiseta oficial de nosso time", enfatizando a alteração do slogan da Emirates Airlines, empresa fundada nos Emirados Árabes Unidos.
Depois de divulgar o material atribuído ao time, M.I.A. usou as redes sociais para contra-argumentar. "O PSG quer derrubar o vídeo de Borders dentro de 24 horas por causa desta camiseta que eu comprei em uma escala no Qatar, quando viajava para gravar o clipe. Eles não querem ser associados a pessoas que não são privilegiadas, mas mesmo assim mantêm jogadores que são imigrantes de segunda geração", escreveu no Instagram.
Pelo Twitter, a inglesa foi mais ácida. "Borders foi lançado no dia da cerimônia do Paris Memorial para as vítimas do ataque a Paris. Se tivesse uma Torre Eiffel na camiseta seria considerado apoio, imagino", ironizou. "Quando faço vídeos, acabo entrando em listas de inimigos, e não nas listas de melhores do ano. Por que será?", questionou a cantora.
M.I.A. relembrou sua disputa pública com a Liga Nacional de Futebol Americano dos EUA (NFL). Em 2012, ao participar da performance de Madonna no Super Bowl, a artista mostrou o dedo médio ao público, ao vivo. O gesto obsceno surgiu no palco do evento televisivo mais assistido dos Estados Unidos.
A cantora foi processada pela liga norte-americana, que exigiu a indenização de US$ 16 milhões. Um acordo foi fechado fora dos tribunais. Em negociação secreta.
Tributo aos refugiados
Os jovens rapazes refugiados do vídeo são justamente os cidadãos mais discriminados por conservadores como o presidenciável norte-americano Donald Trump, que chegou a afirmar, em discurso, que eles agem como "cavalo de Troia" nos países que lhes oferecem abrigo, conduzindo ataques terroristas.
A Organização das Nações Unidas (ONU) divulgou que, até o ano passado, mais de 4,2 milhões de refugiados sírios buscaram asilo em outros países. O perfil de metade desse grupo revela que 50,5% são mulheres e 49,7% homens. Apenas um quarto destes têm de 18 a 59 anos.
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