Sempre misterioso, Bowie não fez campanha nem deu entrevista para promover a obra, que tem como ilustração na capa apenas uma estrela negra num fundo branco, referência ao título do álbum. Nesse disco, o gosto do inglês pela experimentação o levou a explorar o universo do jazz.
São apenas sete faixas, para 40 minutos pincelados com baterias 'epilépticas', explosões de saxofones e voz de veludo, entre doçura e inquietação. Como sempre, Bowie não se preocupou em entrar nos moldes formatados da indústria fonográfica, esticando músicas muito além dos três ou quatro músicas de praxe, sem estrutura definida.
O fã das antigas pode reconhecer sonoridades de discos como Low (1977) ou Black Tie White Noise (1993) que relançou sua carreira depois de uma travessia do deserto na década de 1980. A faixa-título, Blackstar, tem dez minutos de duração, e foi escrita para a trilha sonora do série policial franco-britannique Panthers.
As letras sombrias ("No dia da execução/Apenas as mulheres se ajoelham e sorriem) dão o tom do resto do disco, com mistura de sonoridades, entre o free-jazz, a música oriental e um ambiente de 'missa negra'.
No crepúsculo de sua vida, o astro não procurou emplacar mais um hit, mas seu gosto pela pop e o rock aparece em faixas mais 'acessíveis'. A introdução de Lazarus ecoa com o "cold wave" dos anos 80, Girls Loves Me lembra até o hip hop, e a guitarra tem grande destaque na última faixa, I Can't Give You Everything.
A ideia não era fazer um disco de jazz, mas "um álbum de David Bowie com músicos de jazz que não necessariamente tocaria jazz", explicou na rádio americana NPR Tony Visconti, produtor emblemático do britânico. "Durante uma ou duas décadas, ele teve na sua banda um músico de jazz importante, Mike Garson, um pianista muito talentoso. Por isso sempre houve um pouco do balanço do jazz nas suas produções anteriores.
Assista ao último clipe lançado por David Bowie:
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