Caetano Veloso já reconheceu, várias vezes, suas limitações como instrumentista. Por isso, sempre procurou se cercar de músicos de bom nível – no palco e no estúdio. Entre as diversas formações de suas bandas, um dos destaques é o pianista e compositor carioca Tomás Improta, que está lançando seu oitavo disco, A volta de Alice, para celebrar 45 anos de carreira.
Parceiro de Caetano e Vinicius Cantuária em Aracaju, Improta fez participação especial no antológico disco de estreia do grupo A Bolha; tocou com Gilberto Gil, Gal Costa, Maria Bethânia e Chico Buarque; escreveu livros didáticos para músicos; produziu programas de jazz para as rádios MEC e Roquette Pinto; e atuou como jornalista dedicado à música na década de 1960. Também compôs a trilha do premiado filme Bar Esperança, de Hugo Carvana, e de Monstros de Babaloo, do cineasta Elyseu Visconti.
A variedade do repertório e de caminhos musicais de A volta de Alice simboliza bem o ecletismo das quase cinco décadas de carreira de Tomás Improta. A escalação dos músicos – de veteranos como Raul de Souza, Marcelo Martins, Marco Lobo e Jessé Sadoc a estrelas da nova geração como Alberto Continentino e Domenico Lancelotti – demonstra seu bom trânsito entre os colegas e a sabedoria para recrutar um elenco.
ALMA
As citações de Alice no país das maravilhas, romance de Lewis Carroll, pinceladas no encarte entre comentários sobre influências e trajetórias, soam mais do que próprias. A melhor delas ajuda a entender a alma inquieta de Tomás: “Quando acordei de manhã, sabia quem eu era, mas acho que já mudei muitas vezes desde então”. A outra justifica delírios e aparentes incongruências: “‘Como é que você sabe que eu sou louca?’, perguntou Alice. ‘Você deve ser’, disse o gato, ‘senão não teria vindo pra cá’.”
Definidos limites e razões da liberdade, o CD começa com Império do samba (Zé da Zilda), em clima de orquestra de gafieira, com piano quase de concerto no minuto final. Passa para a versão fim de noite da bossa Vagamente (Roberto Menescal) e deságua na Esperança perdida (Tom Jobim/Billy Blanco) com tratamento cool, tempero de baixo fretless, sintetizadores e bateria econômica.
O pianista e professor espanhol Tomás Terán, erudito que deu aula para o jovem Tom Jobim e lamentou que ele preferisse a música popular, recebe como homenagem o quase reggae Terán, enquanto o pianista de jazz Thelonius Monk ganha a dodecafônica 12 anéis de Thelonius, inspirada nos acessórios com os quais o instrumentista fazia efeitos percussivos nas teclas do piano. Há também a climática A coisa (Roberto R. T. Leite) e A volta de Alice, parceria com Carlos Pontual que mescla bateria eletrônica, sintetizadores e percussão.
A eletrônica continua em Adriana/Urbana (Roberto Menescal/ Lula Freire), inspirada nos temas vida, morte e sorte. E o disco vai quase literalmente para o espaço com as autorais É azul e Como o céu é dos aviões, com ares de trilha sonora. Para terminar, a volta à Terra, ao chão e ao estúdio com a releitura, ao piano acústico, de Avarandado (Caetano Veloso), em faixa bônus que serve para lembrar que aquelas teclas foram o início de tudo.
Garoto prodígio
Pai do compositor Gabriel Improta, Tomás Improta é filho do pianista Eurico Nogueira França (que fundou a Academia Brasileira de Música com Heitor Villa-Lobos) e da pianista erudita Ivy Improta. Foi garoto prodígio, oscilou entre música clássica, jazz, bossa nova e experimental. Tem discos com a flautista Andrea Ernest Dias e com o clarinetista e saxofonista Paulo Moura, regravou bossa nova e Dorival Caymmi, registrou um sintomático Bartok Jazz e fez duas elogiadas apresentações no Festival de Montreux, na Suíça, além de participar de tributos a Billie Holiday, Charlie Parker, Theolonius Monk e trilhas de cinema europeu.
Parceiro de Caetano e Vinicius Cantuária em Aracaju, Improta fez participação especial no antológico disco de estreia do grupo A Bolha; tocou com Gilberto Gil, Gal Costa, Maria Bethânia e Chico Buarque; escreveu livros didáticos para músicos; produziu programas de jazz para as rádios MEC e Roquette Pinto; e atuou como jornalista dedicado à música na década de 1960. Também compôs a trilha do premiado filme Bar Esperança, de Hugo Carvana, e de Monstros de Babaloo, do cineasta Elyseu Visconti.
A variedade do repertório e de caminhos musicais de A volta de Alice simboliza bem o ecletismo das quase cinco décadas de carreira de Tomás Improta. A escalação dos músicos – de veteranos como Raul de Souza, Marcelo Martins, Marco Lobo e Jessé Sadoc a estrelas da nova geração como Alberto Continentino e Domenico Lancelotti – demonstra seu bom trânsito entre os colegas e a sabedoria para recrutar um elenco.
ALMA
As citações de Alice no país das maravilhas, romance de Lewis Carroll, pinceladas no encarte entre comentários sobre influências e trajetórias, soam mais do que próprias. A melhor delas ajuda a entender a alma inquieta de Tomás: “Quando acordei de manhã, sabia quem eu era, mas acho que já mudei muitas vezes desde então”. A outra justifica delírios e aparentes incongruências: “‘Como é que você sabe que eu sou louca?’, perguntou Alice. ‘Você deve ser’, disse o gato, ‘senão não teria vindo pra cá’.”
Definidos limites e razões da liberdade, o CD começa com Império do samba (Zé da Zilda), em clima de orquestra de gafieira, com piano quase de concerto no minuto final. Passa para a versão fim de noite da bossa Vagamente (Roberto Menescal) e deságua na Esperança perdida (Tom Jobim/Billy Blanco) com tratamento cool, tempero de baixo fretless, sintetizadores e bateria econômica.
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A eletrônica continua em Adriana/Urbana (Roberto Menescal/ Lula Freire), inspirada nos temas vida, morte e sorte. E o disco vai quase literalmente para o espaço com as autorais É azul e Como o céu é dos aviões, com ares de trilha sonora. Para terminar, a volta à Terra, ao chão e ao estúdio com a releitura, ao piano acústico, de Avarandado (Caetano Veloso), em faixa bônus que serve para lembrar que aquelas teclas foram o início de tudo.
Garoto prodígio
Pai do compositor Gabriel Improta, Tomás Improta é filho do pianista Eurico Nogueira França (que fundou a Academia Brasileira de Música com Heitor Villa-Lobos) e da pianista erudita Ivy Improta. Foi garoto prodígio, oscilou entre música clássica, jazz, bossa nova e experimental. Tem discos com a flautista Andrea Ernest Dias e com o clarinetista e saxofonista Paulo Moura, regravou bossa nova e Dorival Caymmi, registrou um sintomático Bartok Jazz e fez duas elogiadas apresentações no Festival de Montreux, na Suíça, além de participar de tributos a Billie Holiday, Charlie Parker, Theolonius Monk e trilhas de cinema europeu.