Marina Lima presta tributo ao violão

Aos 60 anos, cantora troca sua famosa guitarra pelo violão e grava ao vivo a releitura do hit Can't help falling in love, eternizado pelo vozeirão de Elvis Presley

03/01/2016 17:03
PAULO MANCINI/DIVULGAÇÃO
'Canto o que gosto, traduzo o mundo como vejo e minha voz é pequena e romântica. Porém, com timbre próprio', Marina Lima (foto: PAULO MANCINI/DIVULGAÇÃO)
“Pouca gente conhece o meu violão. No entanto, praticamente tudo o que fiz vem dele... Mas a fonte está nele. Sempre me pareceu tão óbvio, quase simplista, que talvez por isso mesmo nunca tenha me ocorrido registrar. Hoje, anos mais tarde, me parece necessário.”


Diante de tal apresentação, Marina Lima deixa suas intenções bem claras. O álbum No osso (Ao vivo) é um retorno às origens. No caso, de uma maneira absolutamente corajosa. Ao reduzir a instrumentação, ela se desnuda em frente ao público, enfatizando não só a importância do violão para suas canções como a fragilidade de sua voz. O registro, lançado pela Universal, foi feito em dois shows realizados em maio, no Sesc Belenzinho, em São Paulo.

Não há como voltar a ser o que era, Marina parece ter isso bem resolvido. Então, deixe que as canções – letra, melodia e uma interpretação honesta – façam a sua parte. E que o público que a conheceu como uma das primeiras mulheres a empunhar uma guitarra no Brasil veja que o violão tem igual importância em sua trajetória.

Para o repertório de 14 faixas, Marina pinçou parte de sua história. Ali estão canções muito conhecidas, Virgem e O chamado entre elas. Há outras menos executadas, como 1º de abril e O solo da paixão. Duas inéditas compõem ainda o material autoral: Partiu e Da Gávea.

Partiu, que abre o álbum, é um rock que ganha interpretação rascante no registro inicial. Há uma segunda gravação, que aparece como faixa-bônus. Nela, Marina mostra outra possibilidade ao apresentar a bem realizada versão eletrônica assinada pelos paraenses do Strobo.

SAMBA Na seara oposta, Da Gávea é um samba urbano que ela compôs “para um amor que adora samba e que queria impressionar”. A cantora parece bastante confortável, mesmo afirmando não ser sambista nata e ter composto apenas dois ou três sambas ao longo de sua carreira.

Marina também canta seus contemporâneos. Noite e dia (Lobão e Júlio Barroso) ganha interpretação intimista, já que a voz de Marina não permite notas altas, como nos acostumamos a ouvir no registro de Lobão. Já Carente profissional (Cazuza e Frejat) é uma escolha menos bem-sucedida. Perde sua força numa interpretação despersonalizada.

Há, por fim, duas canções em inglês. It’s not enough, outra bem conhecida de seu repertório, e Can’t help falling in love (Hugo E. Peretti/George Weiss/Luigi Creatore), bônus registrada em estúdio. É outra opção corajosa, ainda mais lembrando que foi o vozeirão de Elvis que eternizou esse tema romântico.

Aos 60 anos completados em setembro de 2015, Marina admite ter sido “libertador” o encontro, no palco, com sua voz e seu violão. No osso não é disco para iniciantes. É para quem a conhece de outras épocas. Gente que sabe que sua música, somando personalidade e sofisticação, vai além das perdas sofridas ao longo do caminho.


NO OSSO (AO VIVO)
Gravadora:
Universal
Preço médio: R$ 24



Universal / Reprodução
'No osso' marca o retorno de Marina Lima às origens (foto: Universal / Reprodução)
REPERTÓRIO
. Partiu

De Marina Lima

. It’s not enough
De Marina Lima, Pat MacDonald e Reed Vertelney

. O chamado
De Marina Lima e Giovanni Bizzotto

. 1º de abril
De Marina Lima

. O solo da paixão
De Marina Lima e Antonio Cicero

. Transas de amor (Os sonhos de quem ama)
De Marina Lima  e Antonio Cicero

. Na minha mão
De Marina Lima e Alvin L.

. Virgem
De Marina Lima  e Antonio Cicero

. Noite e dia
De Lobão e Julio Barroso

. Carente profissional
De Cazuza e Frejat

. Da Gávea
De Marina Lima

. Não me venha mais com o amor
De Marina Lima e Adriana Calcanhotto

. Can’t help  falling in love
De Hugo E. Peretti, George Weiss e Luigi Creatore

. Partiu (Versão Strobo)
De Marina Lima


DISCOGRAFIA
.Simples como o fogo (1979)
.Olhos felizes (1980)
.Certos acordes (1981)
.Desta vida, desta arte... (1982)
.Fullgas (1984)
.Todas (1985)
.Todas ao vivo (1986)
.Virgem (1987)
.O melhor de Marina Lima (1988)
.Próxima parada (1989)
.Marina Lima (1991)
.O chamado (1993)
.Abrigo (1995)
.Registros à meia voz (1996)
.Pierrot do Brasil (1998)
.Sissi na sua – Ao vivo (2000)
.Setembro (2001)
.Acústico MTV (2003)
.Lá nos primórdios (2006)
.Clímax (2011)
.No osso (2015)

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