“Lemmy era o Mötorhead, mas a banda vai viver nas memórias de muitos”, declarou ele. “Não faremos mais turnês e coisas assim. Não haverá mais discos, mas a marca vive e Lemmy vive no coração de todos”, informou Dee.
A morte do líder do Mötorhead deixou os colegas desolados e surpresos. Lemmy morreu de câncer. Descobriu a doença no sábado passado, dois dias depois de completar 70 anos. “Você é e sempre será um deus do rock e um dos melhores a fazê-lo. Você inspirou muitos por meio de sua música, que viva para sempre”, despediu-se Travis Barker, ex-baterista do Blink 182.
Paul Stanley, guitarrista e vocalista do Kiss, postou mensagem no Twitter ressaltando que o colega era “alguém verdadeiramente único”.
“As palavras não vêm facilmente, especialmente quando você sabe que Lemmy teria rido de todos nós tentando dizer coisas dignas sobre ele ser um herói”, declarou Brian May, guitarrista de Queen.
Apesar de ser considerado pioneiro do heavy metal, Lemmy sempre insistiu que o Motörhead é um grupo de rock and roll.
BRASIL Kilmister e o Motörhead foram influências importantes para o metal brasileiro. Inclusive, a mineira Sepultura tirou o seu nome de uma música da banda. Em abril deste ano, Andreas Kisser, Paulo Xisto e Derrick Green, integrantes do grupo, participaram de jam session no festival Monsters of Rock, em São Paulo, com Phil Campbell e Mikkey Dee, do Motörhead. A reunião ocorreu depois do cancelamento do show dos britânicos devido a problemas de saúde de Lemmy. Dias depois, ele cantou por alguns minutos durante espetáculo realizado em Curitiba, no Paraná.
“Lemmy foi tudo para a minha geração” declarou Andreas Kisser ao site Uol. “Ele viveu a vida do rock and roll e praticamente morreu no palco, fazendo turnê. É um grande exemplo. Um cara que respeitou muito o Sepultura sempre.
O primeiro contato dos mineiros com a lenda do heavy metal se deu em 1989, na primeira turnê europeia do Sepultura. Na ocasião, Lemmy pagou uma rodada de cerveja para os jovens colegas.
GUTURAL Criado em 1975, o trio Mötorhead se destacou pelo som extremamente rápido e pesado. Lemmy foi seu fundador, baixista, compositor e cantor. Sua voz gutural era uma das marcas registradas da banda. Influenciou tanto o heavy metal dos anos 1970 e 1980, com suas variações mais tenebrosas, quanto o punk descompromissado que estourou na Inglaterra com os Sex Pistols, em 1977.
Em 11 de novembro, morreu Phil Taylor, o Philthy Animal, que tinha 61 anos. A causa da morte do ex-baterista do Mötorhead não foi divulgada.
O grupo previa voltar aos palcos a partir de 23 de janeiro. A turnê europeia passaria por Manchester, Glasgow, Londres, Paris, Barcelona, Madri e Genebra. O guitarrista Phil Campbell e o baterista Mikkey Dee eram os companheiros de banda do cantor e baixista Lemmy.
O 'estagiário' de Jimi Hendrix
Ian “Lemmy” Kilmister nasceu em 24 de dezembro de 1945, em Stoke-on-Trent, na Região Central da Inglaterra, e cresceu na ilha de Anglesey, a Noroeste de Gales.
Jovem, o músico trabalhou na equipe técnica do lendário guitarrista americano Jimi Hendrix, a quem acompanhava em turnês. Lemmy fundou o Motörhead há 40 anos, depois de ser expulso do Hawkwind, grupo de rock espacial – variação do rock psicodélico e progressivo. A banda lançou 20 álbuns.
“Celebrem a vida deste homem encantador e maravilhoso. Ele ia querer exatamente isso. Nascido para perder, viveu para ganhar”, declarou a banda, no comunicado oficial sobre a morte do cantor. A saúde de Lemmy se degradou recentemente, mas o grupo continuava se apresentando.
O cantor nunca escondeu o fato de usar drogas e o gosto pelo álcool. Certa vez, ficou acordado por duas semanas tomando anfetaminas. Entretanto, atribuía sua longevidade ao fato de não ter consumido heroína. Vivia em Los Angeles, nos EUA, onde frequentava o Rainbow Bar and Grill, em Sunset Strip.
Contava ter bebido uma garrafa de uísque por dia, apesar de, nos últimos tempos, garantir que optara pela vodca com suco de laranja devido ao diabetes.
SOLTEIRÃO O líder do Mötorhead jurava ter feito amor com mais de mil mulheres. Teve um filho, Paul, mas explicava que nunca se casou porque a vida em família é incompatível com a rotina dos roqueiros.
Ouça os discos e veja o filme
Daniel Seabra
Dirigido por Greg Olliver e Wes Orshosk, o documentário Lemmy ajuda a compreender um dos mais cultuados roqueiros da história da música. “Jesus Cristo moderno.” “Um deus.” Assim os fãs se referem ao líder da banda inglesa Mötorhead. O filme, que vai de encontro a tudo que se associa a ícones do rock, foi lançado em DVD no Brasil pelo selo Coqueiro Verde.
“O segredo é não morrer”, brinca o vocalista, ao explicar como se mantinha na ativa já a caminho dos 66 anos. E haja estrada: Lemmy foi roadie da banda de Jimi Hendrix, teve filho com uma groupie que perdeu a virgindade com John Lennon e assistiu aos Beatles no Cavern Club, o principal palco dos Fab Four, em Liverpool.
Apesar de tantos anos de carreira e do sucesso, milhões de discos vendidos e de todo o glamour que o cercava, Lemmy mantinha um estilo de vida a quilômetros de distância do way of life das celebridades do show business.
NA REDE
A banda Motörhead lançou uma página no Facebook especialmente para os fãs compartilharem histórias sobre Lemmy Kilmister, além de memórias e condolências. No endereço www.facebook.com/lemmykilmisterforlife podem ser publicadas fotos e pequenos vídeos testemunhais. Durante as nove primeiras horas no ar, cerca de 35 mil pessoas curtiram a página e 15 mil deixaram comentários.
REPERCUSSÃO
"Descanse em paz, Lemmy, um homem que vi jogar em caça-níqueis em botecos, tarde da noite, e uma vez me agradeceu por entrar em um"
Neil Gaiman, escritor e quadrinista
"Você sempre foi um pilar de dignidade. Descanse em paz, Lemmy"
Nikki Sixx, músico