
Vale tudo por um artista? Há muita gente que diz que sim. Um exemplo disso é a quantidade de interações entre ídolos e fãs que vêm surgindo ao longo dos anos. O próprio avanço da internet proporcionou muitos deles: hoje é possível acompanhar quase que ao vivo o dia a dia dos artistas por redes sociais como Snapchat, Facebook, Twitter e Instagram.
Mas o que realmente cresce é a interação por meio do chamado meet & greet (conhecer e cumprimentar, em tradução livre). O encontro íntimo se tornou um dos principais recursos dos artistas do mundo pop para conhecer os admiradores e ainda ganhar dinheiro em cima disso.
“Quem frequenta shows sabe que a experiência já não é vivida da mesma maneira. É tanto celular para cima e arenas tão grandes, que o público já não se satisfaz. O meet & greet amplia essa proximidade do artista. Permite dizer em uma roda de fãs se o ídolo é simpático, tímido, educado, espontâneo… Isso é bacana para quem admira um artista”, analisa Wilson Nemov, DJ, produtor de evento e organizador de meet & greet.

A jovem Isis Mendes, 24 anos, concorda com o produtor. Ela já gastou mais de R$ 1 mil para participar de um meet & greet. Hoje em dia, ela diz que não faria, mas que, voltando no tempo, acredita que valeu a pena. “Eu acompanhava tudo que envolvia o RBD, passava 24 horas por dia escutando as músicas, então, ter uma chance de chegar perto, ir ao show... Foi aquela ansiedade de realizar o maior sonho da vida”, diz. Isis participou de dois encontros com a cantora Anahí e em um deles, inclusive, almoçou com a cantora.
Resultado do colapso da música
Além do encontro por meio de meet & greet, muitos artistas aproveitam a popularidade para gerenciar o contato com os admiradores da maneira que melhor convém. Pouco antes de revelar uma parceria com o rapper porto-riquenho Daddy Yankee — com quem lançou Corazón, seu primeiro single internacional — a cantora Claudia Leitte causou polêmica ao anunciar a adesão à rede social Fanation.
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No início do mês, ao ser abordada por fãs em Natal, a loira afirmou que não tiraria fotos ou abraçaria mais ninguém que não fossem os contemplados pelas premiações da rede social. Apesar de afirmar que a medida era temporária, a atitude deixou revoltados alguns admiradores da artista de São Gonçalo.
“Metida”, “ridícula” e “antipática” foram alguns dos comentários deixados por usuários da rede social quando a cantora postou a novidade, que desagradou a uma parcela de fãs, criticando-a por mercantilizar sob algo natural — ser abordada em shows e eventos sociais, sobretudo em uma época em que redes sociais promovem uma horizontalização da relação entre fã e artista.
Em artigo publicado no jornal The Guardian, o articulista Michael Hann levantou um ponto que une eventos como o meet & greet e a adesão de artistas a plataformas como a Fanation: o colapso da música em seu formato tradicional. “Com os rendimentos em declínio, artistas espertos olham para seus fãs como uma maneira de compensar esse déficit, oferecendo a eles novos níveis de acesso”, comenta, citando experiências como a da banda Kiss, que, por cerca de R$ 4 mil, permite que os fãs se sentem na primeira fila, ganhem autógrafos, tirem fotos com membros da banda e assistam à passagem de som, entre outros benefícios. “Pacotes VIP e meet & greet não recompensam os fãs mais leais. Recompensam os que têm mais dinheiro”, criticou o jornalista britânico.
Como fazer

Como não fazer
