“Acabei de fazer 30 anos e estes últimos dois anos, para mim, foram de muitas mudanças. Saí de casa, conheci meu marido, casei, mudei de bairro. Foi muita coisa nesse retorno de Saturno”, conta a cantora, pianista e compositora carioca Maíra Freitas. Foi nesse contexto que a talentosa filha de Martinho da Vila lançou seu segundo disco, Piano e batucada (Natura Musical/Biscoito Fino), recheado principalmente com canções autorais. Ela convence não só como instrumentista: sua performance ao microfone é inspirada, segura, vigorosa.
“Não sou muito técnica e, na hora de gravar, prezo pela emoção. Solto a voz de acordo com o que a música deve passar. É como ficar estudando, estudando e, na hora de tocar, soltar tudo. Cada música é uma voz. A gente entra no espírito de cada uma e simplesmente canta, sem pensar muito”, diz. Concepção musical e arranjos são dela.
“No primeiro disco, estava muito nova, me conhecendo como cantora. Sempre fui pianista e me propuseram fazer um disco cantando. Tinha inseguranças, ainda buscava linguagem. Agora cantei, compus, fiz os arranjos. É muita exposição, um desafio que encarei. É a nudez generosa, é estar livre, leve e solta para oferecer minhas emoções para as pessoas. Foi um momento de me libertar. Quando componho, é difícil separar a minha vida disso. Cada música tem um pedação de mim”, relata.
Na avaliação dela, o disco anterior, Maíra Freitas (2011), tem “maquiagem” – como ela define a adição de cordas, sopros e coro. Isso porque o novo trabalho – sintetizadores à parte – é um disco de piano e percussão, basicamente. Daí ter sido batizado de Piano e batucada. “Há um tempo vinham me chamando para tocar nesse formato. Achei a ideia boa, uma coisa louca. Pianista tem mania de querer fazer tudo, de muitas notas, de querer ser baixo, percussão, flauta”, diz.
Êta, escrita em colaboração com Edu Krieger e uma das melhores músicas do álbum, é a faixa de abertura. Outros parceiros se revezam, como Felipe Cordeiro (Gargalhada) e a irmã Mart’nália (Desavisado, com Beto Landau e Gabriel Moura). Filipe Catto, João Sabiá e o grupo Ilê Aiyê, além da própria Mart’nália, colaboram com participações especiais. Sozinha, Maíra assina as canções Lembrar de quê, Volta, Nua e Não sei, sei lá. MPB que sai do lugar-comum, com cheiro de novo.
A maioria dessas músicas foi composta de um ano para cá. “Sou confusa para compor. Faço um refrão, jogo fora. Guardo umas coisas, faço uns pedaços, vou buscar coisas que fiz lá atrás. Vou montando aquele quebra-cabeça, mas, em algumas músicas, é tudo numa tacada só, como Nua, que fiz muito rápido. Aliás, ela resume o que é o disco”, lembra. Entre os poucos pitacos do pai, o de colocar mais samba, conta: “Não atendi. Sou meio cabeça- dura. Quando encasqueto, é difícil tirar algo da minha cabeça”.
Duas regravações chamam a atenção. Primeiro a de Estranha loucura (de Michael Sullivan e Paulo Massadas), suavizada nas interpretações de Maíra e Filipe Catto, em nada lembrando a gravação de Alcione, carregada de drama. Depois, Feeling good (Anthony Newley e Leslie Bricusse), extraída do repertório de Nina Simone para ganhar os interessantes temperos da eletrônica e da batucada (com os batuques do Ilê Aiyê). “Vivo num eterno shuffle. Ouço de Beethoven a Bob Marley”, conclui ela.
“Não sou muito técnica e, na hora de gravar, prezo pela emoção. Solto a voz de acordo com o que a música deve passar. É como ficar estudando, estudando e, na hora de tocar, soltar tudo. Cada música é uma voz. A gente entra no espírito de cada uma e simplesmente canta, sem pensar muito”, diz. Concepção musical e arranjos são dela.
“No primeiro disco, estava muito nova, me conhecendo como cantora. Sempre fui pianista e me propuseram fazer um disco cantando. Tinha inseguranças, ainda buscava linguagem. Agora cantei, compus, fiz os arranjos. É muita exposição, um desafio que encarei. É a nudez generosa, é estar livre, leve e solta para oferecer minhas emoções para as pessoas. Foi um momento de me libertar. Quando componho, é difícil separar a minha vida disso. Cada música tem um pedação de mim”, relata.
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Êta, escrita em colaboração com Edu Krieger e uma das melhores músicas do álbum, é a faixa de abertura. Outros parceiros se revezam, como Felipe Cordeiro (Gargalhada) e a irmã Mart’nália (Desavisado, com Beto Landau e Gabriel Moura). Filipe Catto, João Sabiá e o grupo Ilê Aiyê, além da própria Mart’nália, colaboram com participações especiais. Sozinha, Maíra assina as canções Lembrar de quê, Volta, Nua e Não sei, sei lá. MPB que sai do lugar-comum, com cheiro de novo.
A maioria dessas músicas foi composta de um ano para cá. “Sou confusa para compor. Faço um refrão, jogo fora. Guardo umas coisas, faço uns pedaços, vou buscar coisas que fiz lá atrás. Vou montando aquele quebra-cabeça, mas, em algumas músicas, é tudo numa tacada só, como Nua, que fiz muito rápido. Aliás, ela resume o que é o disco”, lembra. Entre os poucos pitacos do pai, o de colocar mais samba, conta: “Não atendi. Sou meio cabeça- dura. Quando encasqueto, é difícil tirar algo da minha cabeça”.
Duas regravações chamam a atenção. Primeiro a de Estranha loucura (de Michael Sullivan e Paulo Massadas), suavizada nas interpretações de Maíra e Filipe Catto, em nada lembrando a gravação de Alcione, carregada de drama. Depois, Feeling good (Anthony Newley e Leslie Bricusse), extraída do repertório de Nina Simone para ganhar os interessantes temperos da eletrônica e da batucada (com os batuques do Ilê Aiyê). “Vivo num eterno shuffle. Ouço de Beethoven a Bob Marley”, conclui ela.