Gravado em 2013, no Cultural Bar, em Juiz de Fora, com cenas de making of registrando turnê por Araxá, Ouro Preto e Uberaba, o show é uma espécie de autobiografia musical, com Verônica à vontade como uma espécie de crooner elegante. É neste espírito que metade das faixas são pot-pourris. Aberto com uma junção, em clima de boate, de Demais (Tom Jobim/Aloysio de Oliveira), Ouça (Maysa) e Saia do caminho (Custódio Mesquita/ Ewaldo Roy), o disco passa por dois típicos clássicos jobinianos (Por causa de você e Insensatez), convida ao cheek-to-cheek com um mix de Besame mucho e Kiss me quick (com citações de Eu te darei o céu e Splish splash) e deixa os medleys para emplacar três clássicos da bossa inteiros: Adeus América (Haroldo Barbosa/ Geraldo Jacques), Influência do jazz (Carlos Lyra) e Chega de saudade (Tom/ Vinícius).
O que poderia ser um lado B de LP da Elenco começa com o quarto pot-pourri, dedicado a Carlos Lyra: Você e eu e Se é tarde me perdoa. Aí entra em cena Menescal, que, como se estivesse nos célebres shows que fez com Nara Leão nos últimos anos de carreira, traz violão e voz para duetos numa sequência com O barquinho (Menescal/Bôscoli), um pot-pourri de Jobim (Este teu olhar/ Só em teus braços) e fecha ensolarado com o Samba de verão (Marcos e Paulo Sérgio Valle).
Concluindo a sequência, a mistura das garotas, a nacional e a de Ipanema, e um dueto emocionado com Milton Nascimento em Nada será como antes (Milton/Ronaldo Bastos). Acompanhada por uma banda formada por Sérgio Chiavazzoli (violão, guitarra e direção musical), André Vasconcellos (baixo acústico), Chico Werneck (piano e acordeom) e João Hermeto (percussão e bateria), que fica o tempo todo a serviço de sua voz segura e de timbre mais do que agradável, Verônica está à vontade, mostrando domínio de palco.
A sonoridade, que vai do clima de Beco das Garrafas ao uso bem dosado de efeitos eletrônicos, está acima do simplesmente agradável. Sem buscar reinvenção da roda, ela demonstra que está com fôlego. E que está pronta para retomar a carreira autoral, de discos de material inédito, que não exerce desde o bom Agora, de 2003.