“Sempre original, sempre/É o crime de la creme”, diz a letra de Benny e Brown, com batidas envolventes e sonoridade assinada por Naldo para celebrar o empoderamento dos negros brasileiros – seja na roda de samba, no baile funk, no pistão da balada ou no flow do rap. “Respeitamos as críticas, polêmica sempre vai existir”, contemporiza Naldo.
“Nossa parada é de irmãos”, afirma Naldo, lembrando que ele e o novo parceiro vieram da favela, têm as mesmas raízes. “Brown vestiu a camisa e me disse: ‘É diferente de tudo que já fiz’. Não é questão de grana, mas de criar um som louco, contemporâneo. A gente já chegou chegando. A música fala da Vila Pinheiro, a minha quebrada, e da São Paulo dele, além de Jorge Ben, do Tim Maia. A gente não saiu dando orelhada. Cantamos o que acreditamos, não o que querem nos impor. A gente faz a moda acontecer”, diz Naldo.
Conhecido por sua lendária cara de poucos amigos, Mano Brown desenvolve projeto solo bem diferente da marca Racionais. Apaixonado por soul e funk das antigas, o rapper aposta em letras românticas, batidas suingadas e dançantes. Resumindo: “Brown solo” tem a ver com o funk pop de Naldo Benny.
CARETA A polêmica provocada pela parceria Brown-Benny, iniciada quando a faixa de abertura #Sarniô foi divulgada na internet e reforçada na semana passada, com a publicação da foto dos dois no Facebook do rapper paulistano, vai continuar.
Neste domingo, Mano Brown explicou, em reportagem publicada no jornal O Globo, por que decidiu "fechar" com o projeto de Naldo.
O líder do Racionais também defendeu o funk carioca.
SONHO Com 17 músicas, produção de Naldo e Batutinha e capa assinada pelo artista plástico Romero Britto, #Sarniô traz um ídolo do anfitrião na faixa Primeira vez: Erasmo Carlos. “Ouço esse cara desde criança, ele e o Roberto Carlos. Foi um sonho quando Erasmo chegou na minha casa para gravar”, conta. Além do Tremendão – que ganhou uma cafeteira só para ele no estúdio, a “caferasmo” –, MC Guimê, K. Rose e Mr. Catra se juntaram ao bonde.
Autor de Amor de chocolate e Exagerado, hits de verão que estouraram quatro anos atrás, Naldo minimiza o noticiário sobre a queda de seus cachês. Argumenta que oferece vários formatos de apresentação: da mais modesta, para boates menores, a espetáculos médios e megashows, com bailarinos e banda completa. Sua agenda para os próximos dias inclui os Estados Unidos. O lançamento de #Sarniô está marcado para quinta-feira, no Rio de Janeiro. Em abril, Naldo volta aos EUA e vai se apresentar na Europa.
EMPREENDEDOR O funkeiro pop é dono do próprio nariz. Grava discos no estúdio que montou em casa, mantém equipe para cuidar das finanças e comanda a Benny Entertainment, dizendo prezar qualidade e profissionalismo. Não revela cifras, mas garante que investiu “bastante grana” em seu projeto. A recessão não o assusta. “Na crise, a gente cria. Isso é normal para qualquer empreendedor, obrigado a lidar com altos e baixos. Você pode negociar cachê, oferecer vários formatos de show, repensar estratégias”, recomenda.
Orgulhoso, diz que ajudou a reduzir o preconceito em relação ao funk carioca por meio de seus megashows com banda, figurino, dançarinos e produção caprichada. “Mostramos que nosso trabalho é digno e decente, como qualquer grande espetáculo”, afirma, enfatizando que trabalhou muito para se impor. “Canto, toco, danço. Cheguei chegando, apesar das portas fechadas”, conclui.
DISCOGRAFIA
Na veia (2009)
Na veia tour (2012)
Verão (EP, 2014)
#Sarniô (2015)
#SARNIÔ
. De Naldo Benny
. Naldo Music/Radar Records
. Preço médio: R$ 20.