

Um dos principais alvos de descontentamento é o evento Camarote Belô, promovido pela DM Produções, previsto para ocorrer entre 5 e 9 de fevereiro, na Serraria Souza Pinto. A festa, que segue o molde do camarote de Salvador, prevê shows de diferentes artistas, open bar e serviços exclusivos.
O material de divulgação do Camarote Belô diz que o evento contará com “cinco diferentes ambientes e três andares com vista para a Avenida dos Andradas”, local por onde passam blocos tradicionais, como a Alcova Libertina. O passaporte para o evento custa R$ 600 (feminino) e R$ 700 (masculino).
Na avaliação dos grupos de foliões que assinam a nota, o prefeito de BH, Marcio Lacerda, e a empresa de eventos buscam lucrar com uma festa democrática e espontânea, que ganhou força e adesão popular a partir de 2009.
“É uma luta antiga nossa: um carnaval inclusivo. A gente tem preocupação grande com esse carnaval extremamente comercial. Lacerda tende a privatizar tudo em BH, parque, praça…”, afirma o jornalista Gustavo Caetano, fundador do Unidos do Samba Queixinho, escola de samba de rua.
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Entre as reivindicações entregues ao órgão municipal está o desarmamento da Polícia Militar durante o evento. “É uma festa da alegria, de confraternização. Eles (policiais) poderiam ser mais gerenciadores de crise do que usarem a força como manutenção da ordem”, diz Caetano.
OUTRO LADO
Em nota, a Prefeitura de Belo Horizonte lamentou “a distorção de informações nas redes sociais sobre a postura da Administração Municipal em relação ao carnaval de BH”. No documento, a PBH ressalta que o Camarote Belô é um evento organizado pela iniciativa privada, particular, de uma empresa que está licenciada. A prefeitura destaca que o evento será realizado em um espaço que não pertence à administração municipal, portanto não integrando a programação oficial do evento.
A PBH informou ainda que foi criada a Comissão Especial do Carnaval, com a participação de 19 órgãos públicos municipais, para garantir à cidade a infraestrutura necessária para a realização do evento. Afirmou também que atua de forma transparente e democrática na negociação com todos os agentes do carnaval, por meio de reuniões periódicas.
A DM Produções foi procurada pela reportagem do Estado de Minas, mas os responsáveis não estavam disponíveis para entrevista.
REPERCUSSÃO
O post de repúdio dos bloco alcançou 1.550 compartilhamentos até a tarde desta terça, 24. Entre os 196 comentários, muitas pessoas questionaram se o bloco Baianas Ozadas teria se “vendido”, já que participará do evento privado na Serraria. Renata Chamilet, organizadora do bloco, respondeu a cada um, ressaltando que o grupo também é contra o fenômeno de “camarotização” do carnaval de BH. “A banda do Baianas irá tocar. Assim como em outros eventos. Isso não impede de colocar o nosso bloco na rua na segunda de carnaval e ser a favor da democracia. Inclusive, no carnaval”, respondeu.
Confira o post da nota de repúdio:
Confira a íntegra da nota de resposta da PBH:
"A Prefeitura de Belo Horizonte lamenta a distorção de informações nas redes sociais sobre a postura da Administração Municipal em relação ao carnaval de nossa cidade, e esclarece que:
1) O carnaval é uma festa que ressurgiu e cresceu pelas mãos da população da cidade e, que cabe ao órgão público municipal garantir a infraestrutura necessária para a manifestação espontânea dos foliões.
2) A PBH vem atuando de forma transparente e democrática na negociação com todos os agentes do carnaval de Belo Horizonte, por meio de reuniões periódicas, em busca de consenso quanto à realização da festa, de forma a garantir segurança aos participantes e a mobilidade da cidade para que todos possam desfrutar da alegria e descontração que caracterizam o evento.
3) Para acompanhar esse crescimento popular, a Prefeitura criou a Comissão Especial do Carnaval, com a participação de 19 órgãos públicos municipais, objetivando dotar a cidade de infraestrutura necessária para a realização do evento.
4) Por fim, a Prefeitura esclarece que vem planejando suas ações para o carnaval de 2016 de forma a garantir o direito da população de realizar a festa de rua, da família, da confraternização geral, autêntica e gratuita. E que o Camarote Belô é um evento organizado pela iniciativa privada, particular, de uma empresa que está licenciada e irá realizá-lo em um espaço de eventos que não pertence à administração municipal, não integrando, portanto, a programação oficial do evento."