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Ora músicas improváveis, como Whipping (do disco Vitalogy), que os paulistanos ouviram, ora releituras inéditas, caso de Comfortably numb – essa só para os gaúchos. Dada a distância do lançamento do mais recente álbum de estúdio, Lightning bolt (2013), as músicas dessa última fornada autoral nem têm ocupado tanto espaço nos shows, mas pelo menos três são sempre tocadas: a balada Sirens (hit do trabalho), o petardo Mind your manners e a faixa-título.
Por isso, muitos fãs de BH que estarão no Mineirão hoje passaram os últimos dias em trânsito acompanhando a banda nas cidades onde tocou no Brasil. Gente como a encarregada de departamento de pessoal Taís Oliveira, de 37 anos, que foi a todas as apresentações da banda na turnê anterior e, na capital mineira, estará diante de Eddie Vedder e banda pela 14ª vez. “Sempre tem uma surpresa. Vale a pena ir a todos os shows”, diz ela. Não tivesse viajado até Porto Alegre, Taís não teria conseguido um feito nos 20 anos de sua carreira de fã: “Nas outras vezes, peguei no dedinho do Eddie, mas desta vez ele veio mais devagar e apertei a mão dele. Fiquei sem reação e disse ‘I love you’. Fiquei em lágrimas, foi maravilhoso. Tenho por ele admiração como artista e ser humano. Ele é muito bonito, mas gosto de tocá-lo para agradecê-lo por ter inspirado tanto minha vida”.
Hospedagem Dez anos mais nova que Taís, a nutricionista Pâmela Dutra viajou com ela e mais duas amigas para a apresentação do Pearl Jam em São Paulo. Também verá todas as apresentações em solo nacional. Vale a pena, garante Pâmela: “É um investimento que me faz sentir bem e me permite fazer amizade com pessoas que também gostam da banda. Você tinha de ver que lindo a galera compartilhando protetor solar, chocolate e organizando a fila lá em Porto Alegre”.
A empatia é tanta que ela conseguiu se hospedar exclusivamente em casas de pessoas que conheceu nessa e em outras turnês da banda. “Já deixei minha casa de portas abertas para quem quiser vir”, afirma. Não por acaso, ela e Taís fazem parte de um grupo informalmente chamado de “Jamily” (mistura de Jam e family – família, em inglês), composto por fãs do grupo que comparecem constantemente aos shows da Singles, mais famosa banda cover de PJ de BH.
Repertório dinâmico agrada
“Gosto da banda porque também é engajada e não tem problema em sustentar as próprias posições”, observa o advogado Gabriel Figueiredo, de 31. Ele já foi a quatro shows do Pearl Jam, vai ao de hoje e também ao do Rio de Janeiro, domingo, que encerrará a parte brasileira da turnê. Ouvinte do quinteto há cerca de 20 anos, tornou-se fanático pelo som do PJ há 10 anos, depois de assistir a um show no Rio: “Foi o melhor da minha vida e já vi mais de 50 shows de bandas de rock nacionais e internacionais”, conta.
Na opinião do advogado, uma das explicações para isso está nas mudanças de repertório propostas pela banda. “Cada show é único, é uma forma de dizerem que cada público é especial para eles. É uma atitude esperta, claro, mas boa para os dois lados. Ao contrário dos shows do Iron Maiden, por exemplo, que são sempre iguais a turnê inteira. Quem viu o setlist anterior, sabe o show que verá. Tira a graça”, compara. Ele vai ao show de BH de van, com a namorada e mais 10 amigos.
Dono de mais de 60 discos do Pearl Jam (o que inclui os não oficiais), além de pôsteres, palhetas e livros, o advogado Daniel Freire, de 33, verá em BH o 17º show da banda, que já acompanhou também nos Estados Unidos e na Alemanha. “Em 2003, assisti aos três shows que fizeram em Boston. Não repetiram nenhuma música e chegaram a fazer um set acústico extra no terceiro dia, pois era muita música. Quando vieram pela primeira vez ao Brasil, em 2005, fui a todos os shows e viajava a noite de ônibus para economizar hotel”, lembra.
Freire curte o PJ desde adolescente e ouve as músicas do grupo todos os dias. Ultimamente, está escutando as de Lightning bolt para “dar uma reforçada”. “Como muitos fãs, gosto mais do lado B, aquelas músicas que muitas vezes não ficam na cara. Identifico-me mais com os discos Vitalogy e No code, sendo esse último meu preferido. Mesmo assim, querendo ou não, o disco de estreia, Ten, é o melhor, pois todas as músicas são hits e foram imortalizadas. Eles começaram a carreira arrebentando”, elogia.
Pearl Jam
Nesta sexta-feira, às 20h30. Mineirão, Avenida Antônio Abrahão Caram, 1.001, Pampulha. Ingressos: de R$ 200 a R$ 500 (inteira), à venda pelo site www.t4f.com.br e no Mineirão, das 10h às 20h.