Thiago Delegado lança música com Márcio Borges sobre tragédia em Mariana

Canção foi inspirada em comentário feito na página do Portal Uai no Facebook

por Cecília Emiliana 18/11/2015 17:49
Rerpodução/Facebook
(foto: Rerpodução/Facebook)

Quarta feira passada li um comentário do Márcio Borges num post a respeito do desastre de Mariana que era o seguinte: "Quem vai pagar o que não tem preço?". Achei tão bonito e, ao mesmo tempo reflexivo, que resolvi compor uma melodia. Gravei no telefone, juntei coragem e mandei essa melodia pro Marcinho que dois dias depois me encaminhou nossa primeira parceria. Ontem fui lá no estudio Liquidificador do meu camarada Marcos Frederico, gravei a música e logo após fomos pro estúdio do talentoso Pedro Guadalupe, onde concebemos e gravamos esse video.Compartilho com vocês a primeira parceria minha com Marcinho Borges:Quem Vai Pagar o Que Não Tem Preço?(Thiago Delegado e Marcio Borges)Quem vai dizer fim da esperançaessa herança irracionalque outros filhos terãolama letallamaçalágua da gente bebero dragãoarrastou na lamaquem vai pagar tão imenso malmatou o rio afinalo que era doce acabouAntes da lama tocar meu blueo verde vale era azul azul bluea plantação queria daro peixe só querianadare eu também ser alguém feliz então cantarMas quem vai pagar o que não tem preçome devolver o que não tem maisquem vai virar o que está ao avessoquem vai salvar o meu blue

Posted by Thiago Delegado on Quarta, 18 de novembro de 2015

A mesma catástrofe que fez jorrar barro suficiente para soterrar todo um vilarejo, bem como grande parte da fauna e flora na região do Vale do Rio Doce em Minas, propiciou o nascimento de uma pérola - artística, no caso. Trata-se da canção do “Quem vai pagar o que não tem preço”, do músico mineiro Thiago Delegado, divulgada nesta quarta-feira pelo artista em seu perfil no Facebook.

A obra foi composta em parceria com o compositor Márcio Borges, a partir de um encontro, de certa maneira, “intermediado” pelo jornalismo. É que, segundo Delegado, sua inspiração para conceber a música veio de um comentário de Borges feito em vídeo postado pela página oficial Portal Uai sobre o drama dos sobreviventes da tragédia de Mariana. “Eu ainda não tinha falado nada sobre o assunto. Daí, percorrendo as notícias sobre o desastre, de repente, vi o comentário do Márcio nesse vídeo, que é exatamente a frase “Quem vai pagar o que não tem preço?”. Achei bonito, reflexivo, e a partir dele resolvi compor uma melodia”, conta o artista.

A harmonia foi gravada por meio de um smartphone e enviada ao letrista do Clube da Esquina pelas redes sociais. “Como não tinha letra, mandei tudo com ‘lá, lá, lá” mesmo. Ele gostou muito e me respondeu prontamente com o resto da composição desenvolvida”, revela. “Falei com ele que ia gravar o vídeo, soltar na internet e ele deu o maior apoio. Nem sou cantor, mas gravei com a minha voz mesmo. Senti urgência de dizer isso”, completa.

Delegado ressalta ainda que a canção é, antes de tudo, um lamento. "A gente sabe que, independente de quem é a culpa pelo que aconteceu, o que se perdeu com a tragédia não se calcula. Não tem preço mesmo”, diz.

Memória afetiva
Além de varrer do mapa Bento Rodrigues, que pertencia a Mariana, na Região Central do estado, o rompimento das barragens da mineradora Samarco em 5 de novembro enlamearam também algumas lembranças de Thiago - sobretudo de locais em que ele passou agradáveis momentos da infância.

Nascido em Caratinga, na Zona da Mata mineira, ele diz que chegou a nadar no Rio Doce (curso d’água bastante afetado pelo desastre), e fazer excursões pelo Pico do Ibituruna, situado nas redondezas de Governador Valadares (a 90Km de Caratinga). “Fiquei bastante triste com isso mesmo. Eu tenho uma ligação bem legal, principalmente, com o Rio Doce. Meu pai é veterinário e piscicultor. Embora atue na Bacia do São Francisco, eu sempre bisbilhotei o trabalho dele, gostava de saber sobre rios e a vida aquática”, afirma.

Confira a letra da canção:

Quem Vai Pagar o Que Não Tem Preço?
(Thiago Delegado e Marcio Borges)
 
Quem vai dizer fim da esperança
essa herança irracional
que outros filhos terão
lama letal
lamaçal
água da gente beber
o dragão
arrastou na lama
quem vai pagar tão imenso mal
matou o rio afinal
o que era doce acabou
Antes da lama tocar meu blue
o verde vale era azul azul blue
a plantação queria dar
o peixe só queria
nadar
e eu também 
ser alguém feliz então 
cantar
Mas quem vai pagar o que não tem preço
me devolver o que não tem mais
quem vai virar o que está ao avesso
quem vai salvar o meu blue

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