A mesma catástrofe que fez jorrar barro suficiente para soterrar todo um vilarejo, bem como grande parte da fauna e flora na região do Vale do Rio Doce em Minas, propiciou o nascimento de uma pérola - artística, no caso.
A obra foi composta em parceria com o compositor Márcio Borges, a partir de um encontro, de certa maneira, “intermediado” pelo jornalismo. É que, segundo Delegado, sua inspiração para conceber a música veio de um comentário de Borges feito em vídeo postado pela página oficial Portal Uai sobre o drama dos sobreviventes da tragédia de Mariana. “Eu ainda não tinha falado nada sobre o assunto. Daí, percorrendo as notícias sobre o desastre, de repente, vi o comentário do Márcio nesse vídeo, que é exatamente a frase “Quem vai pagar o que não tem preço?”. Achei bonito, reflexivo, e a partir dele resolvi compor uma melodia”, conta o artista.
A harmonia foi gravada por meio de um smartphone e enviada ao letrista do Clube da Esquina pelas redes sociais. “Como não tinha letra, mandei tudo com ‘lá, lá, lá” mesmo. Ele gostou muito e me respondeu prontamente com o resto da composição desenvolvida”, revela.
Delegado ressalta ainda que a canção é, antes de tudo, um lamento. "A gente sabe que, independente de quem é a culpa pelo que aconteceu, o que se perdeu com a tragédia não se calcula. Não tem preço mesmo”, diz.
Memória afetiva
Além de varrer do mapa Bento Rodrigues, que pertencia a Mariana, na Região Central do estado, o rompimento das barragens da mineradora Samarco em 5 de novembro enlamearam também algumas lembranças de Thiago - sobretudo de locais em que ele passou agradáveis momentos da infância.
Nascido em Caratinga, na Zona da Mata mineira, ele diz que chegou a nadar no Rio Doce (curso d’água bastante afetado pelo desastre), e fazer excursões pelo Pico do Ibituruna, situado nas redondezas de Governador Valadares (a 90Km de Caratinga). “Fiquei bastante triste com isso mesmo. Eu tenho uma ligação bem legal, principalmente, com o Rio Doce. Meu pai é veterinário e piscicultor. Embora atue na Bacia do São Francisco, eu sempre bisbilhotei o trabalho dele, gostava de saber sobre rios e a vida aquática”, afirma.
Confira a letra da canção:
Quem Vai Pagar o Que Não Tem Preço?
Nascido em Caratinga, na Zona da Mata mineira, ele diz que chegou a nadar no Rio Doce (curso d’água bastante afetado pelo desastre), e fazer excursões pelo Pico do Ibituruna, situado nas redondezas de Governador Valadares (a 90Km de Caratinga). “Fiquei bastante triste com isso mesmo. Eu tenho uma ligação bem legal, principalmente, com o Rio Doce. Meu pai é veterinário e piscicultor. Embora atue na Bacia do São Francisco, eu sempre bisbilhotei o trabalho dele, gostava de saber sobre rios e a vida aquática”, afirma.
Confira a letra da canção:
Quem Vai Pagar o Que Não Tem Preço?
(Thiago Delegado e Marcio Borges)
Quem vai dizer fim da esperança
essa herança irracional
que outros filhos terão
lama letal
lamaçal
água da gente beber
o dragão
arrastou na lama
quem vai pagar tão imenso mal
matou o rio afinal
o que era doce acabou
Antes da lama tocar meu blue
o verde vale era azul azul blue
a plantação queria dar
o peixe só queria
nadar
e eu também
ser alguém feliz então
cantar
Mas quem vai pagar o que não tem preço
me devolver o que não tem mais
quem vai virar o que está ao avesso
quem vai salvar o meu blue