Pela primeira vez em seus mais de 30 anos de carreira, Marina excursiona acompanhada pelo violão e a guitarra. “Mandei fazer uma poltrona para o show, porque queria que ele retratasse um momento íntimo, como se eu estivesse na sala de casa, tocando para poucos amigos. Tanto que, entre as músicas, conto algumas histórias também”, diz a artista, acrescentando que o cenário tem, além da poltrona, apenas uma luminária.
Ciúmes Com tanto tempo de palco, tocar nesse formato está sendo revelador para Marina. “É uma experiência em que você não tem nenhum tipo de alicerce. É sem descanso, não pode sair de cena. É como se fosse um olhar de telescópio. Se houver algum erro, sou culpada”, explica. Mas ela parece não se preocupar muito com os percalços que uma apresentação desse tipo pode trazer. “É uma oportunidade de escutar a música pela versão do compositor. Eu componho no violão e sou ciumentíssima nesse sentido: eu não arranho, eu toco”, garante.
Com um status conquistado merecidamente por meio de canções que se tornaram clássicos da música brasileira, Marina vai se soltando na entrevista, concedida por telefone. Conta que, apesar de ser compositora, também adora arranjar, e dá muita importância aos músicos que ajudam nesse processo, responsáveis, segundo ela, por fazer a “moldura” das canções. Ao mesmo tempo, explica que a turnê No osso se justifica por trazer as músicas de uma maneira bruta. “Acredito que existem canções que se bastam”, define.
No repertório, não faltam sucessos, como Fullgás, O chamado, Uma noite e meia e Virgem, mas ela apresenta também duas canções novas, Partiu e Da Gávea, além de assumir as guitarras nas faixas do álbum mais recente, Clímax: Lex, Não me venha mais com amor e Keep walking. Em alguns momentos, Marina chama o músico Edu Martins para acompanhá-la.
Longe dos palcos de Belo Horizonte há algum tempo, a compositora carioca reclama. “Quase que a gente se perde, faz muito tempo que não toco aí. Tenho certeza de que as pessoas que me acompanham vão amar o show.” Depois de relembrar boas noites no Palácio das Artes, conclui: “Estou com saudades, fico irritada com isso”.
O show que Marina trará a BH vai virar disco em breve, gravado ao vivo em São Paulo, no Sesc Belenzinho. “Fiquei entusiasmada com a reação dos shows e com meu desempenho também, claro. Então decidi gravar”, comenta, escondendo a modéstia.
Longe da praia
Nascida e criada no Rio de Janeiro, Marina Lima se mudou para São Paulo em 2011. “O Rio é uma cidade linda, tem mar e várias outras vantagens. Já São Paulo é uma grande metrópole, tudo que eu quiser encontro aqui. Só que aproveito isso para olhar mais para dentro. A rua hoje me seduz menos. Saio só para encontrar grandes amigos, ir ao cinema, mas não perco tempo na rua”, confessa.
Em vez de enfrentar a loucura da cidade, a cantora prefere surfar nas ondas na internet. Seu perfil no Twitter é bem ativo, e é onde ela comenta desde futebol até programas de TV como o The voice. “Cara, como tem grandes cantores no Brasil, esse programa está incrível. O nível dos jurados também. Sou fã”, postou recentemente.
“Acho a internet um bom lugar para trocar impressões”, continua a artista. “Mas só posto no Twitter. Nas outras redes, é a minha equipe. Fiz vários amigos virtuais pelo Twitter. É um lugar onde posso estar só, porém na companhia de outras pessoas.”
Além do tempo Apesar de ter lançado seus maiores sucessos nos anos 1980, não é difícil ouvir uma faixa clássica de Marina em festas e baladas atuais. A procura de jovens pelos seus shows, no entanto, não surpreende a compositora. “Acho que o que me mantém ligada ao público é que eu canto a verdade, o que acredito que o público precisa ouvir. Estou aí para dar o melhor de mim. Isso que mantém meu público até hoje. Eles sabem que não estou blefando.”
Quanto ao que tem escutado de novidade, Marina Lima afirma que a internet é, mais uma vez, um facilitador. “Tenho ouvido muita coisa brasileira. Ouço muito o Léo Gandelman, adoro esse cara. Tem também o Pixote, uma banda de pagode, e a banda Strobo, que é de Belém do Pará. A Strobo é a melhor coisa que tenho ouvido ultimamente”, conclui.
“São Paulo me trouxe uma coisa curiosa. Sendo uma cidade com tantas perspectivas, ela me apresentou justamente a perspectiva de olhar mais para dentro”
NO OSSO
Sexta-feira, 13 de novembro, às 21h, no Cine Theatro Brasil Vallourec (Av. Amazonas, 315, Centro). Ingressos: plateia I A – R$ 160 e R$ 80 (meia-entrada); plateia I B e plateia II A – R$ 140 e R$ 70 (meia); plateia II B – R$ 120 e R$ 60 (meia); plateia II C – R$ 100 e R$50 (meia). Vendas online: www.compreingressos.com.
Informações: (31) 3889-9151