Esqueça Chicão, o apelido dado por Cássia ao filho ainda bebê. Hoje com 22 anos, ele responde por Chico Chico, voz, violão e alma da banda 2X0 Vargem Alta, quinteto formado com os amigos Artur Pedrosa (bateria), Dudu Solto (baixo), Leandro Bocão (guitarra) e Pedro Fonseca (teclados). O álbum, que leva o nome do grupo, reúne 12 canções, oito delas de autoria de Chico Chico – muitas faixas circulavam desde o ano passado na internet.
Gravado pelo Porangareté, selo de Chico e de Maria Eugênia, a mulher de Cássia, e lançado pela Coqueiro Verde, foi produzido pelor Rodrigo Garcia, amigos das antigas da cantora. O que fica mais latente já na primeira audição é a semelhança entre o timbre de voz. Mesmo que Chico Chico tente se descolar da trajetória da mãe, o DNA fala mais alto.
A sonoridade também é prova de que a escola de Chico Chico foi também a da mãe. Tem rock rural (De manhã cedo, de Tui Lana, que enfatiza o clima com barulho de sino e chuva), baladas blues (Nada mais e Quanto calor) e até influência da música nordestina (Amor pra dar, com uma pegada de baião). Em meio a essas canções, o 2X0 Vargem Alta ainda manda bem em duas instrumentais: Caponav, solo de Chico Chico ao violão; e Billy, outra de acento rural, novamente conduzida pelo violão dele, aqui em duo com a gaita de Rodrigo Garcia.
Se Cássia fez carreira como intérprete, Chico Chico, com sua porção compositor (mesmo que em formação), busca uma trajetória desvinculada da dela. Mas sabe reverenciar o passado, tanto que o disco é fechado com Hard time killing floor blues, standard blueseiro de Skip James, única versão do álbum.