“É surreal e completamente desagradável imaginar que, em pleno 2015, isso ainda aconteça. É uma estupidez sem o menor sentido e cabimento”, lamenta o cantor e compositor Seu Jorge, amigo da atriz e que é a principal atração de um evento que ocorre amanhã no Parque das Mangabeiras, o Festival Sarará, com a proposta de valorizar a diversidade da cultura brasileira e potencializar a mistura de todas as etnias.
Na opinião de Seu Jorge, as mídias sociais acabam facilitando esse tipo de enfrentamento e ataque. No entanto, ele não consegue compreender o que leva alguém a esse tipo de atitude “inútil e sem propósito algum”. “Taís é linda, feliz, bem-sucedida e, até onde eu sei, nunca fez mal a ninguém. O mundo está muito intolerante em todos os aspectos. É uma pena.
O cantor comemora o fato de participar de um evento que valoriza a mistura de raças e a diversidade brasileira. Ele apresentará no Festival Sarará o seu show mais recente, baseado no disco Música para churrasco volume II. Seu Jorge cita que a gravação do DVD do Volume I foi feita na Quinta da Boa Vista, no Rio de Janeiro, num 20 de novembro, Dia da Consciência Negra. “Foi uma festa maravilhosa, com 100 mil pessoas, que celebrou a cultura negra e brasileira. Fico muito feliz em participar desse evento em BH que também festeja a cultura afro.”
MISTURA
Uma das idealizadoras do Festival Sarará, Carol De Amar, conta que a iniciativa surgiu há dois anos, após episódios de preconceito racial sofridos por jogadores de futebol como Tinga e Daniel Alves. A ideia era incentivar a conscientização de uma forma mais descontraída e descolada. “Daí resolvemos fazer esse festival no mês da Consciência Negra, enaltecendo a diversidade, a mistura e a riqueza brasileiras”, diz.
As atrações são fiéis ao conceito de variedade e “brasilidade da cor”. Em 2014, os convidados foram Criolo e o Bloco Chama o Síndico. Neste ano, além de Seu Jorge, o festival contará com o rapper Flávio Renegado, o bloco Baianas Ozadas e o grupo Samba de Santa Clara (RJ), que interpreta sucessos de Jorge Ben Jor. Seu Jorge planeja o Volume III do projeto Música para Churrasco. “Desde o começo, pensei em fazer três discos pra ser aquela coisa de animar um churrasco, com canções para cima, de festa.”
Enquanto o terceiro volume não vem, ele enfrenta um imbróglio judicial. O cantor e compositor foi denunciado por plágio por músicos de Brasília. A história começou em 2002, mas somente há pouco tempo foi parar na mesa de uma audiência na 5ª Vara Cível do Fórum da capital, no Rio de Janeiro.
O músico carioca preferiu não comentar a polêmica. “Este assunto está com os meus advogados. Prefiro falar e focar no meu trabalho.” Mesmo morando em Los Angeles há quase três anos, ele continua ligado nas novidades da MPB e diz estar empolgado com uma descoberta musical recente, o acordeonista sergipano Mestrinho, de 27 anos. “Tive o prazer de tocar com ele, a Baby do Brasil e o Marcos Suzano em um evento e fiquei impressionado. Ele está vindo com uma onda de forró que me lembra a energia do Dominguinhos. Tem uma sutileza na composição, além de ser um ótimo cantor. Mestrinho é maravilhoso e certamente quero convidá-lo para a gente fazer um som juntos”, destaca.
Festival Sarará
Amanhã, 7 de outubro, das 14h às 22h, no Parque das Mangabeiras (Av. José do Patrocínio Pontes, 580, Mangabeiras). Show com Seu Jorge, Flávio Renegado, Baianas Ozadas e Samba de Santa Clara. Ingressos a partir de R$ 30 (meia).
Seminário debate reparação
O Centro Cultural UFMG e o Centro Cultural São Geraldo sediam, hoje e amanhã, o Seminário Internacional sobre Reparações. Organizado pelo Instituto Nacional dos Povos (INP) em parceria com outras organizações sociais, o evento é gratuito e tem o objetivo de compartilhar o conhecimento sobre reparações históricas, buscando estender aos descendentes de povos africanos escravizados no Brasil os direitos estabelecidos na Declaração de Durban, África do Sul.
O Centro Cultural UFMG e o Centro Cultural São Geraldo sediam, hoje e amanhã, o Seminário Internacional sobre Reparações. Organizado pelo Instituto Nacional dos Povos (INP) em parceria com outras organizações sociais, o evento é gratuito e tem o objetivo de compartilhar o conhecimento sobre reparações históricas, buscando estender aos descendentes de povos africanos escravizados no Brasil os direitos estabelecidos na Declaração de Durban, África do Sul.
Datada de 2001, a declaração é o documento resultante da 3ª Conferência Mundial contra o Racismo, Discriminação Racial, Xenoforia e Intolerâncias Correlatas, da qual o Brasil participou, ao lado de outros 172 países. Eustáquio Lawa, um dos organizadores do Seminário Internacional sobre Reparações, observa que o documento reconheceu explicitamente que o tráfico transatlântico de africanos e sua escravidão e de seus descendentes constituem crimes históricos, crimes contra os direitos humanos e, como tal, exigem reparações.
"Só que lamentavelmente, o Brasil não cumpriu esse acordo e, por isso, muitas pessoas decidiram agir por contra própria e batalhar por essa reparação. Nosso seminário vai compartilhar todas essas ideias e oferecer debates, oficinas, exposição de fotografias, palestras e apresentação de manifestações ligadas à cultura afro, como congado e hip hop”, afirma.
Lawa faz um convite à participação de todos os cidadãos, não somente os já envolvidos na discussão do tema. “Temos necessidade de debater essas questões e é importante que toda a sociedade participe. Esse tipo de ação deveria acontecer sempre e não apenas na época do Dia da Consciência Negra”, opina. Mais informações sobre o seminário podem ser obtidas nos telefones (31) 3409-8290 e (31) 3277-5648.