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Minas negra

Sérgio Pererê é um dos destaques do Festival de Cultura Quilombola, na Funarte

Festival neste fim de semana e reúne outros nomes como o gurpo Sempre Samba e apresentações de guardas de moçambique

Shirley Pacelli
No ritmo da caixa, nas cores vivas das fitas, na emoção dos cantos e na fé.
Aí estão os elementos que dão vida a uma das mais tradicionais manifestações culturais mineiras: o congado. O folguedo é uma das atrações do Canjerê – 1º Festival de Cultura Quilombola de Minas Gerais, que será realizado de hoje a domingo, em Belo Horizonte.

O evento contará com shows de Sérgio Pererê, Pereira da Viola e do grupo Sempre Samba, além de apresentações de guardas de moçambique, candombe, folia de reis e grupos de dança afro. Uma feira com artesanato, produção agrícola, bebidas e culinária de cerca de 50 comunidades quilombolas completa a programação.

Sérgio Pererê é a atração principal desta noite. O músico vai apresentar a mescla de suas composições contemporâneas com aquelas que fazem referência à ancestralidade afro. No repertório, estarão as conhecidas Velhos de coroa, Costura da vida, Labidumba e Rosário dos pretos, disponibilizada na internet.

“Fazer esse show para as comunidades quilombolas é algo muito significativo neste momento. É um ano importante para mim, no sentido de resgate. Fui para a África, encontrei a minha raiz e me dei conta do tanto da nossa etnia que se perdeu”, conta Pererê.

Em maio, ao lado de Marcus Viana e do senegalês Zal Sissokho, ele lançou o álbum Famalé.
“Zal trouxe a cultura do Leste da África. O Marcus trouxe o barroco, melodias que remetem à cultura mineira. Eu fiz as letras que levam para outro lugar. Criamos uma textura musical. Ficamos bem felizes com o resultado”, diz.

SOBREVIVÊNCIA Sandra Maria Andrade, presidente da N’Golo – Federação das Comunidades Quilombolas de Minas Gerais, responsável pelo evento, conta que o festival é um desejo antigo, que surge, principalmente, pelo agravamento das condições das comunidades. “A cultura sintetiza o modo de vida e a tradição dessas comunidades. Mostrá-la e celebrá-la é uma forma de gritar pela nossa sobrevivência”, afirma.

Das comunidades quilombolas de Sapé e Marinho, de Brumadinho, o festival apresenta o Congo de São Benedito. Adriana Regina Silva, a Dina, de 40 anos, conta que a guarda de moçambique foi fundada em 1935. Hoje, reúne 157 integrantes, entre eles, muitas crianças. “Procuramos ensinar que é preciso dar continuidade ao que estamos fazendo. Preservar nossa cultura. Meus filhos de 18, 16 e 8 anos fazem parte do grupo”, conclui.

CANJERÊ
Festival de Cultura Quilombola de Minas Gerais. Nesta sexta-feira, 6 de novembro, das 15h às 22h; Sábado, das 11h às 22h; e domingo, das 10h às 18h.
Funarte MG, Rua Januária, 68, Floresta. Entrada franca. Informações: quilombolasmg.org.br/canjere
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