Nada mal para quem ficou sete anos sem gravar e parecia estar com a carreira comprometida. Em 2004, durante uma transmissão ao vivo do Superbowl, momento de maior audiência da TV americana, um problema com sua roupa deixou um seio à mostra, provocando reação negativa no conservador público americano.
Coincidência ou não, seus dois discos posteriores, 20 Y O (2006) e Discipline (2008), foram fracassos artísticos e comerciais. E ela ainda se separou de um marido, Germaine Dupin, e, recentemente, esteve no Brasil para visitar o pai, que veio para fazer uma grande festa de seu 87º aniversário e acabou internado num hospital em São Paulo.
No álbum, o 11º de uma carreira bem-sucedida, ela teve a sorte e a habilidade de reencontrar a dupla de produtores Jimmy Jam & Terry Lewis, habituais colaboradores de Prince e responsáveis por definir, há três décadas, sua sonoridade – e fundamentais para obter números impressionantes de vendagem, como a marca de mais de 160 milhões de discos vendidos, com 46 músicas em charts da Billboard, sendo 18 top 10 consecutivos.
LADO A/LADO B Longo para os padrões da música pop, com 18 músicas divididas em “lado A” e “lado B”, Unbreakable retoma o misto de r’n’b, funk, música eletrônica, temas para animar pistas de dança e canções românticas, com timbres muito bem definidos e timing perfeito para rádios, dispositivos móveis e tablets.
Casada, desde 2012, com o bilionário empresário Wissam Al Mana, do Qatar, Janet tem como maiores trunfos, além da personalidade marcante, a voz segura que contrasta com os excessos e malabarismos da maioria das atuais estrelas da cena pop. Com isso, ela consegue apresentar temas para pistas de dança, como Burnitup (com Miss Elliot), Damn Baby e a faixa-título, um funk com groove irresistível, sem parecer fazer muito esforço para soltar a voz.
Do outro lado, soa convincente na balada de levada country Lessons learned, na balada/canção de ninar After you fall, e na doce 2 be loved, que lembra um tema de musical ou de filme da Disney.
Unbreakable é, em síntese, o que se chama disco de indústria. Não provoca revoluções, não apresenta maiores ousadias, mas confirma a habilidade de ser pop e comercial de uma musa das décadas de 1980 e 1990. Em tempos de muita histeria e pouca melodia, um alento.
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