O álbum Concertos para cordas traz oito composições de Vivaldi, que ganharam sua primeira gravação no Brasil. O trabalho apresenta a faceta orquestral de um autor conhecido por compor para violino e violoncelo. O repertório exigiu pesquisas, estudos e preparação minuciosa, inclusive no Instituto Antonio Vivaldi, na Itália, onde foram consultadas as partituras originais.
“Essa música belíssima, raramente gravada, é perfeita para mostrar os méritos da Orquestra Ouro Preto”, defende Toffolo, orgulhoso da versatilidade de seu grupo: “Demos cara nova e moderna, quase lúdica, às composições de Vivaldi”. É a segunda vez que a orquestra grava o italiano, pois Quatro estações está no álbum com peças do argentino Astor Piazzolla. “Sou vivaldimaníaco. Consigo ouvi-lo só curtindo, sem ficar observando aspectos técnicos”, conta. “Os grandes autores da humanidade têm sempre de ser revisitados. Não dá para passar por este mundo sem conhecer Shakespeare. Artistas assim são parte da nossa formação como seres humanos”, completa o maestro.
Rodrigo explica que o CD marca o perfil de um grupo dedicado à música erudita, mas sem deixar de lado o repertório popular. “Nós nos preparamos para fazer o que gostaríamos de ser: uma orquestra versátil, sempre em busca da excelência”, explica. O próximo disco será um trabalho com o pianista e compositor Nelson Ayres. Também está nos planos um CD dedicado aos latino-americanos e outro à música do século 20.
Criada em 2000 como Orquestra Experimental da Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop) pelo compositor e bandoneonista Rufo Herrera e por Rodrigo Toffolo, a Orquestra Ouro Preto tem 20 integrantes. Lançou, entre outros trabalhos, Latinidade, Oito estações e Valencianas. Até o fim do ano, está previsto The Beatles.
Toffolo conta que faz parte de seu trabalho a militância a favor da valorização da música instrumental. “As pessoas pagam R$ 50 de estacionamento, mas acham caro o ingresso com esse valor para um concerto”, lamenta.
CONCERTOS PARA CORDAS: ANTONIO VIVALDI
Concerto e lançamento de CD. Neste sábado, às 16h. Museu das Minas e do Metal, Praça da Liberdade, s/nº, Centro. Entrada franca.
Lançamento oportuno
O empenho da Orquestra Ouro Preto em criar a própria discografia e videografia é sinal de valorização da comunicação por meio da arte. Trabalho necessário, pois o mercado fonográfico brasileiro não tem produtos nacionais voltados para a difusão de grandes autores e do repertório orquestral. As gravações são, majoritariamente, de grupos e artistas estrangeiros. Essa lacuna confere ao cenário nacional um traço provinciano. Além disso, faz parecer limitado e restrito ao popular um universo que é exuberante em meio a amplo contexto musical.
“Vivaldi é tão bom quanto Beatles”, garante o maestro Rodrigo Toffolo, regente da Orquestra Ouro Preto. O grupo mineiro tem no currículo elogiados disco e concerto dedicados ao quarteto de Liverpool. Acrescente-se o CD com releitura da obra de Alceu Valença, que valeu aos ouro-pretanos o Prêmio da Música Brasileira na categoria álbum de MPB. Agora, o momento é de celebrar os grandes do cenário erudito.