

Letra contundente, batida soturna e falas de Mano Brown e Ice Blue, integrantes do Racionais MCs, formam o manifesto antiviolência do Negredo. "Quem matou?/ Quem morreu?/ Quem é?/ Foge do gambé", diz o refrão. A letra também fala da relação entre as chacinas e programas populares de televisão: "A cidade é alerta/ A TV aberta/ Vai Rezende/ Vai Datena/ Passa o pano/ Faz a cena".
Negredo sampleou falas de Mano Brown e Ice Blue em 2012, quando os rappers denunciaram o extermínio de jovens amigos em São Paulo, exigindo providências das autoridades e do então candidato petista a prefeito da capital paulista, Fernando Haddad (PT), que se elegeu para o cargo. As pessoas são executadas por "parecerem ser", indignou-se Brown, referindo-se a jovens vítimas associadas a desafetos da polícia ou a atividades criminosas.
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Ice Blue defende o rap como trincheira da cidadania, por devolver o orgulho aos jovens negros de São Paulo. "A partir do momento que sairmos daqui, qualquer um pode tá morto amanhã. Ser manchete de jornal", alertou o rapper.
CHACINA
Só este ano, dezenas de pessoas perderam a vida na periferia paulistana. Em agosto, 19 cidadãos foram executados em Osasco e Barueri, na Grande São Paulo, em um intervalo de aproximadamente três horas. Em setembro, quatro jovens, de 16 a 18 anos, foram rendidos e executados – com o rosto no chão e as mãos atrás da cabeça – em Carapicuíba. Em agosto, contabilizavam-se 108 mortos em 18 chacinas no estado de São Paulo ao longo dos últimos 20 meses.
VIOLÊNCIA
O problema da violência tem amplitude nacional. O Fórum Brasileiro de Segurança Pública registrou que, apenas no ano passado, 58.559 pessoas perderam a vida no país, vítimas de homicídios dolosos, lesões corporais seguidas de morte, latrocínios e ações policiais. Uma morte a cada nove minutos, em média. É como se fossem executados, em 12 meses, todos os moradores da cidade sul-mineira de Três Pontas.
Em 2014, policiais civis e militares brasileiros mataram 3.022 cidadãos. São Paulo e Rio de Janeiro lideram esse ranking.