Um dos festivais de música mais interessantes, o Mimo cancelou sua tradicional edição em Pernambuco, onde começou. Seria a 12ª edição da mostra que, pela primeira vez, não ocorrerá em Olinda, a cidade natal. A justificativa apresentada pela organização é falta de verba. As apresentações seriam de 4 a 7 de setembro e tinham sido adiadas para os dias 20, 21 e 22 de novembro.
Na semana passada o evento realizou uma edição mais enxuta em Ouro Preto com a apresentação do Duo Milewski na igreja Nossa Senhora do Carmo e da dupla formada pelo acordonista Bebê Kramer e do harmonicista brasiliense Gabriel Grossi, na Igreja São Francisco de Assis.
A ideia do festival é unir música instrumental e de várias partes do mundo ao patrimônio arquitetônico de cidades históricas, com exibições de filmes, oficinas e debates como ações transversais. Três atrações previstas para Olinda já haviam sido confirmadas e anunciadas, duas africanas e uma europeia: Bombino, guitarrista do Níger e um dos maiores nomes da world music, o cantor, compositor e guitarrista do Mali Boubacar Traoré e o contrabaixista francês Stéphane Kerecki.
Em nota, a assessoria de imprensa do Mimo justifica o cancelamento sob o prisma da crise econômica enfrentada pelo Brasil, que teria impedido a captação de recursos suficientes para a realização desta edição. "Mesmo contando novamente neste ano de 2015 com o apoio de nossos patrocinadores, infelizmente a não obtenção de novos recursos junto à iniciativa privada, a irrefreável disparada do dólar e do euro e, por fim, a impossibilidade do Governo de Pernambuco em nos apoiar, devido à crise com que também se depara, inviabilizaram o que nos restava de esperança para mantermos o festival em Olinda. Isso significou um corte da ordem de 50% em nossa captação esse ano, em comparação com o anterior".
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Ainda assim, o empresário afirma que o Mimo retorna em 2016 e já tem até data para a edição Pernambucana: 7 a 10 de setembro. E, embora Calainho não tenha revelado valores, a reportagem apurou com o Ministério da Cultura que o MIMO Olinda foi autorizado a captar R$ 3.602.364,00 pela Lei de Incentivo à Cultura, mas só teria conseguido R$ 750 mil.
Calainho afirma que o Bradesco e o BNDES são responsáveis por aproximadamente 50% do valor captado para todas as cidades do festival e que a etapa pernambucana ficaria com uma porcentagem entre 25% e 30% deste montante caso tivesse continuado com as atividades.
Ele reforçou ainda que procurou os empresários locais e o governo do estado, mas também não obteve sucesso. "Viajamos ao Recife várias vezes, tivemos muitas reuniões com empresários locais, fomos muito bem recebidos, mas não conseguimos mudar a situação. O governador do Estado, Paulo Câmara (PSB) também foi muito gentil conosco e fez uma proposição, mas não era o suficiente para manter o festival de pé".