

Os caminhos que trazem Aydar à cidade estão ligados à memória afetiva da paulistana. "Eu gosto muito de BH, onde sempre fui muito bem recebida", enfatiza. Aqui também foi onde a artista encerrou etapa musical mais recente, com show em junho, quando Pedaço duma asa já estava pronto. Na ocasião, fez questão de deixar o álbum de inéditas fora do repertório, preferindo revisitar os anteriores Kavita 1 (2006), Peixes pássaros pessoas (2009) e Cavaleiro selvagem aqui te sigo (2011), em uma espécie de balanço da própria obra. O fato de seu último show antes do novo disco e o primeiro depois dele ocorrerem na mesma Belo Horizonte a impressiona: "Tá vendo como BH é importante?".
Disco de composições do artista plástico Nuno Ramos, Pedaço duma asa nasceu de um espetáculo apresentado por Mariana em agosto do ano passado, em São Paulo. Familiarizada com a poesia do parceiro desde 2007, ela escolheu musicá-la com o marido Duani, também produtor das faixas em estúdio. O próprio Nuno assinou o cenário de 2014, que volta ao palco repaginado na nova turnê. "É uma espécie de releitura", diz ela quanto à estreia.
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"Elas vão ao palco bem fiéis nos arranjos, mas não abro mão da minha interpretação, do que vem na hora, nem da divisão rítmica. Gosto de ficar bem livre", acrescenta.
Outro elemento de que a cantora não abre mão é o contrabaixo elétrico, que passou a empunhar no show do ano passado. "A parte mais legal de tudo é o baixo. Já tinha alguma familiaridade com ele porque tocava violoncelo, que é de alguma forma parecido, dos 11 aos 17 anos". A iniciativa, ela conta, foi de Duani, que a convenceu a levar o instrumento à mão desde a abertura do espetáculo que deu origem ao novo disco. "Agora eu estou super feliz de poder cantar e tocar", comemora.
Na versão ao vivo, Pedaço duma asa ganhará uma inédita, Vem na voz, colaboração de Nuno e Mariana. Outra composição do artista plástico integraria a setlist, mas o resultado dos ensaios deixou a cantora tão satisfeita que os planos se alteraram. "Essa ficou tão legal que vou guardar para o próximo disco", ela comenta, sem revelar o nome da obra.
Outros tributos ao artista no show incluem uma canção de Nelson Cavaquinho — "as composições do Nuno estão muito próximas à obra dele", justifica Mariana -- e uma versão instrumental de Carcará. A faixa de João do Vale e José Cândido foi gravada por Aydar para a instalação Bandeira branca, de Nuno, que causou frisson na Bienal de São Paulo em 2010 pela presença de urubus no pavilhão.
MARIANA AYDAR
Teatro Bradesco. Rua da Bahia, 2.244, Lourdes, (31) 3516-1360. Nesta quinta-feira, 1º de setembro, às 20h30. R$ 40 (inteira) e R$ 20 (meia).