Na música 'Imaginação', André Abujamra canta: “o mundo de dentro da gente é maior do que o mundo de fora da gente”. No disco 'O fazedor de rios' – com dois shows de lançamento marcados para este fim de semana na Funarte MG –, o compositor mineiro Luiz Gabriel Lopes tenta mostrar um pouco do seu mundo interior. Tenta, porque, como ele mesmo afirma, é difícil ter um distanciamento para explicar o significado de cada canção, ainda que elas falem muito sobre experiências pessoais. “Se reconhecer, olhar pra si mesmo, é um processo que dura a vida inteira”, ensina. “A riqueza da experiência humana é intraduzível, e acho que a música é uma das poucas coisas que conseguem chegar perto disso.”
O fazedor de rios é um disco que reúne composições de vários períodos, que acabaram não entrando no repertório nem do Graveola e nem do TiãoDuá, duas bandas das quais o músico faz parte. “É um repertório mais pessoal. Tem a ver com experiências particulares, de amor, de espiritualidade. Talvez por isso não tenham sido gravadas por nenhum dos dois grupos”, explica. Apesar de introspectivo, passa longe de ser um trabalho melancólico. “Meu principal objetivo é tentar usar a música como um veículo de emanação positiva”, conta.
Apaixonado pela literatura em língua portuguesa, Luiz Gabriel tirou do livro Terra sonâmbula, do moçambicano Mia Couto, o nome da faixa que abre e dá nome ao disco. Um dos personagens do romance é chamado de Fazedor de Rios, homem que decide cavar um grande buraco em uma região árida, acreditando que poderia criar um rio que alimentaria a região. Após uma chuva, o personagem é carregado pelas águas do rio que ele mesmo criou. “Acho que essa história tem muito a ver com ser artista. De viver e acreditar em uma coisa incerta, que não tem garantias do ponto de vista estrutural, financeiro.”
Se por um lado a estabilidade é pouca, por outro os encontros e amizades são muitos. No caso do músico, a começar pela turma que o acompanhou durante o processo de produção do disco e toca também nos shows de lançamento. Formada por Bruno de Oliveira (baixo), Ygor Rajão (trompete e flugelhorn), Henrique Staino (saxes), Rafael Pimenta (cavaco e charango), Di Souza (bateria e percussão), Flora Lopes e Chaya Vazquez (percussão), a banda Os Escafandristas foi responsável também pela elaboração dos arranjos de O fazedor de rios. Além de tocar, Ygor Rajão ainda produziu, gravou, mixou e masterizou o trabalho. “Foi um cara que teve muita sensibilidade e generosidade comigo. Tem o dedo dele no processo, ainda mais ele sendo um músico tão completo”, elogia.
Entre os convidados especiais estão Rafael Martini, que fez o arranjo de 'Se minha mãe fosse um pássaro', e Felipe José, responsável por arranjar e tocar flauta, cello, chori, sanfona e kalimba em 'Oração a Nossa Senhora da Boa Viagem'. Dividindo os vocais, o parceiro Gustavito, em 'O homem que engoliu a própria voz'; a cantora Laura Catarina na faixa 'Pro sol sair', e Chico César na belíssima 'Maio de Isabel', gravada em homenagem à Guarda de Congo e Moçambique 13 de Maio de Nossa Senhora do Rosário e em memória de dona Isabel Casimira, morta em junho deste ano.
O show de 'O fazedor de rios' deve trazer algumas faixas do álbum, mas também composições novas. “A apresentação atravessa o processo do disco, mas quero que ela aponte para novos começos”, avisa Luiz Gabriel.
Ouça o disco 'O fazedor de rios', de Luiz Gabriel Lopes:
O FAZEDOR DE RIOS
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Apaixonado pela literatura em língua portuguesa, Luiz Gabriel tirou do livro Terra sonâmbula, do moçambicano Mia Couto, o nome da faixa que abre e dá nome ao disco. Um dos personagens do romance é chamado de Fazedor de Rios, homem que decide cavar um grande buraco em uma região árida, acreditando que poderia criar um rio que alimentaria a região. Após uma chuva, o personagem é carregado pelas águas do rio que ele mesmo criou. “Acho que essa história tem muito a ver com ser artista. De viver e acreditar em uma coisa incerta, que não tem garantias do ponto de vista estrutural, financeiro.”
Se por um lado a estabilidade é pouca, por outro os encontros e amizades são muitos. No caso do músico, a começar pela turma que o acompanhou durante o processo de produção do disco e toca também nos shows de lançamento. Formada por Bruno de Oliveira (baixo), Ygor Rajão (trompete e flugelhorn), Henrique Staino (saxes), Rafael Pimenta (cavaco e charango), Di Souza (bateria e percussão), Flora Lopes e Chaya Vazquez (percussão), a banda Os Escafandristas foi responsável também pela elaboração dos arranjos de O fazedor de rios. Além de tocar, Ygor Rajão ainda produziu, gravou, mixou e masterizou o trabalho. “Foi um cara que teve muita sensibilidade e generosidade comigo. Tem o dedo dele no processo, ainda mais ele sendo um músico tão completo”, elogia.
Entre os convidados especiais estão Rafael Martini, que fez o arranjo de 'Se minha mãe fosse um pássaro', e Felipe José, responsável por arranjar e tocar flauta, cello, chori, sanfona e kalimba em 'Oração a Nossa Senhora da Boa Viagem'. Dividindo os vocais, o parceiro Gustavito, em 'O homem que engoliu a própria voz'; a cantora Laura Catarina na faixa 'Pro sol sair', e Chico César na belíssima 'Maio de Isabel', gravada em homenagem à Guarda de Congo e Moçambique 13 de Maio de Nossa Senhora do Rosário e em memória de dona Isabel Casimira, morta em junho deste ano.
O show de 'O fazedor de rios' deve trazer algumas faixas do álbum, mas também composições novas. “A apresentação atravessa o processo do disco, mas quero que ela aponte para novos começos”, avisa Luiz Gabriel.
Ouça o disco 'O fazedor de rios', de Luiz Gabriel Lopes:
O FAZEDOR DE RIOS
Show de lançamento do disco de Luiz Gabriel Lopes. Amanhã e domingo, às 17h, na Funarte MG (Rua Januária, 68, Floresta). Ingressos a R$ 20 e R$ 10 (meia-entrada). Os ingressos serão vendidos na bilheteria da casa, no dia dos shows, a partir das 15h. Informações: www.facebook.com/events/461540037350960/