Muito público em alguns palcos; pouco público em outros. Atrações aplaudidas e entusiasmo da plateia de um lado; e também alguns shows para quase ninguém. Um problema técnico que fez o palco da Praça da Estação ficar sem som e sem luz, interrompendo por alguns minutos o show da Tianastácia. A chuva que contrariou a previsão da meteorologia e não veio.
O início da 3ª Virada Cultural de Belo Horizonte foi desigual. Na Praça da Estação, um bom público acompanhou emocionado o início oficial da programação, com um show de diversos artistas em homenagem ao compositor Fernando Brant, que morreu em 12 de junho passado. Passaram pelo tributo, entre outros, Marina Machado, Renegado, Toninho Horta, Raquel Coutinho e Pedro Morais.
Sepultura fez um dos shows mais aguardados da Virada:
O Palco Palladium, onde a maratona foi aberta pela banda mineira Iconili, recebendo o convidado Marcos Valle, também atraiu muita gente, que ficou para ver a sequência com o Baile do Simonal. Simoninha e Max de Castro, literalmente, sacudiram a plateia. Cabe a Otto e Baby do Brasil, outro show muito esperado do palco, às 19h deste domingo, 13, animarem tanto ou mais, no show de encerramento desse palco.
Já os palcos da Praça Sete, do Mirante das Mangabeiras e da Savassi, no início da programação, estavam quase vazios e com a programação atrasada. O Parque Municipal, onde no início da madrugada teve fila para entrar, também deu o pontapé nos shows com público pequeno – havia espaço à vontade para se sentar no gramado, mas com atrações de dança (Crepúsculo Companhia de Dança e Corpo Cidadão) que encantaram a plateia.
Ivans Lins aproveitou seu momento para criticar o Governo Federal e citar a Operação Lava-Jato. Disse que “a polícia está prendendo, a presidente está tremendo”. Não foi o único discurso político da noite. Na Praça da Estação, Toninho Horta, aproveitando a presença de Márcio Lacerda, pediu a revisão da proibição das cadeiras e mesas nas calçadas. Renegado criticou os preços das passagens dos ônibus.
No Palco Guaicurus, o mais irreverente da Virada, um desfile da Daspu abriu a noite. Camisinhas foram atiradas à plateia, que era puro entusiasmo. O Duelo de Passinho antecedeu um dos momentos marcantes da programação no 'Baixo Centro': Keila Gaga, que dirige um trator durante a semana, mas também faz cover de Lady Gaga nas horas vagas, levou o público mais descolado da Virada ao delírio.
O primeiro problema técnico ocorreu na Praça da Estação, com um súbito corte de luz e som no palco, na hora da apresentação do Tianastácia, que teve que interromper o show por alguns minutos, até que o problema fosse solucionado. O show de Marcelo Veronez, na Guaicurus, também atrasou por causa de problemas no cabo de vídeo. Nada que atrapalhasse a expectativa do público para a sua apresentação e, na sequência, do paraense que compôs com Arnaldo Antunes o sucesso “Ela é Tarja Preta”. Felipe Cordeiro foi o Pará na terceira edição da Virada Cultural. Terminado o show, deu entrevista ao Estado de Minas e disse que foi uma apresentação para “guardar no coração”.
Por volta das 22h30, houve episódios de furto e correria na Savassi, palco que se tornou tenso. No início da madrugada, o policiamento precisou ser intensificado na região, onde várias pessoas foram revistadas. Além de shows, a Savassi foi palco de uma série de arrastões motivados por furtos e brigas. Em um deles, no show de Wagner Souza Septeto, o público chegou a invadir o palco e o espetáculo foi interrompido por cerca de dez minutos.
Muita reclamação sobre o policiamento: as equipes ficaram concentradas no centro da praça, deixando quarteirões desguarnecidos. Nos momentos de maior concentração de pessoas, a reclamação se estendeu também à quantidade insuficiente de banheiros químicos, gerando longas filas. Muitos homens optavam por urinar na via pública. Na Praça Sete, o público foi chegando mais tarde e se avolumou ao longo da noite.
E também houve espaço para multidões derretidas pelo que viam. Na Pampulha, milhares aproveitaram a casadinha Virada Cultural %2b Minas ao Luar para conferir a apresentação de Chitãozinho e Xororó. A Praça da Estação também ficou lotada depois que o Tributo ao Clube da Esquina cedeu espaço ao heavy metal.
O show do Eminence foi o aquecimento que os fãs do Sepultura esperavam. Com a turnê com a qual viajam há dois anos, Andreas Kisser, guitarrista da banda mineira, estava feliz em apresentar, em casa, o que o mundo já viu. Mas foi preciso esperar uma hora a mais do que o previsto. A espera valeu. Público e banda entraram em sintonia do começo ao fim, que foi prolongado, já que o Sepultura atendeu generosamente aos pedisos de bis.
No Parque Municipal, o DJ Anderson Noise fez todo o mundo balançar com seu set de duas horas de duração. Repleto de outras atrações, o parque registrou 200 passeios de barco no lago.
O Viaduto Santa Tereza foi palco para apresentações de rappers como Tamara Franklin, Das Quebradas e Rico Dalasam. E abrigou também um lounge com feira de artigos variados (roupas no início da noite; ervas e flores no fim da madrugada).
Mas a Virada Cultural também foi marcada por desrespeito. A organização planejou e criou ciclovias provisórias para a população poder circular de um palco a outro de bicicleta. Na Savassi, por exemplo, as faixas ocupavam as avenidas Cristovão Colombo e Getúlio Vargas. Mas os pedestres invadiram a faixa e quem estava realmente de bicicleta teve que, por vezes, circular na contramão. Na região do centro, a ciclovia da Rua Espírito Santo foi interrompida, dificultando o acesso ao Viaduto. Já na Pampulha, ambulâncias e o ônibus da dupla Chitãozinho e Xororó chegaram a estacionar na faixa exclusiva para bicicletas.