A Virada Cultural alterou a rotina da zona boêmia, no Centro de Belo Horizonte. Caiu o movimento nos hotéis da Rua Guaicurus, onde está um dos palcos do evento, mas as prostitutas deram o seu “jeitinho”. Em vez de esperar pelo cliente no quarto, elas foram para as ruas.
A esquina da Avenida Santos Dumont com Rua Curitiba foi o ponto escolhido pela maioria. Ali, um grupo de mulheres, vestidas com roupas sedutoras, abordava os homens. Acertado o preço, os casais se dirigiam para hotéis e casas de encontro.
Uma das profissionais do sexo, que se identifica como Cíntia, contou que o melhor dia de trabalho é justamente o sábado. Por isso, não poderia perder a chance de faturar. “Disseram que os hotéis fechariam. Conversamos com nossos gerentes, e eles toparam abrir. Vimos a rua ser fechada para receber o palco. Então, decidimos fazer este ponto aqui. Estamos na luta”, afirmou.
Perto dela, Solange queria saber o que a amiga conversava com o repórter e foi logo ameaçando: “Foto não”. Depois, concordou em ser entrevistada. “Não dá pra perder o dinheiro do sábado", explicou. Enquanto o palco era ocupado por cantores de rap e dançarinos de passinho, o entra e sai dos hotéis foi grande. Mas os fregueses reclamaram. “Tem pouca mulher. As daqui estão ocupadas. Vou pra outro lugar”, reclamou Ronildo.
No Hotel Magnífico, um dos mais tradicionais da zona boêmia, o porteiro, conhecido como Geraldão, também se queixou: “Vieram fazer esta festa aqui e o nosso movimento caiu. Não chega nem aos pés de outros fins de semana”. Durante a entrevista, ele cumprimentou um senhor que ia subindo as escadas do Magnífico e o chamou pelo nome: "seu" Antônio. “Ele é casado, mas vem aqui todos os sábados. Tem muita gente que faz isso”, revelou.