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Na última segunda-feira, a cantora Preta Gil adotou iniciativa inédita. Gravou o clipe da música 'Te quero baby' ao vivo e inteiramente no Snapchat. Moderninha, Madonna já havia feito iniciativa parecida, quando lançou o clipe de 'Living for love', do disco 'Rebel heart', na rede social. Não são raros os exemplos de artistas que usam o Snapchat como uma extensão do trabalho que fazem off-line. É o caso do fotógrafo César Ovalle, conhecido como Cesinha. Acostumado a clicar e a dirigir clipes de músicos como as bandas NX Zero, Cachorro Grande e Pitty, o paulista costuma dividir o que acontece nos backstages com os seguidores.
Making of de ensaios e de gravações são frequentes. Mais que isso, o comunicólogo dá conselhos sobre fotografia em tempos de mobile. Para ele, a rede social tem um diferencial em relação às demais. “É a verdade nua e crua sendo mostrada, e nas outras redes você tem mais maneiras de camuflá-la. Talvez seja isso que desperte a curiosidade”, acredita. A agilidade é outro ponto positivo apontado por ele.
Segundo Edney Souza, especialista em redes sociais pela Fundação Getulio Vargas (FGV), principal diferencial do Snapchat são os posts-bombas. Um dia depois de publicados, as fotos ou vídeos são excluídos automaticamente do perfil. Além disso, desaparecem depois de serem vistos. O que torna o aplicativo um ambiente aprazível a momentos de descontração, já que, aparentemente, o conteúdo postado ali é despretensioso.
“No Snapchat, em geral, existe uma troca mais intensa de mensagens do que em outras redes. No Instagram, se posta uma foto por dia, no Twitter, um por hora. No ‘Snap’, é possível postar ilimitadamente, sem cansar quem o acompanha. A percepção que se tem, por causa da intensidade e do ponto de vista da câmera, geralmente no estilo selfie, é que há uma maior proximidade”, avalia o especialista. “Ele não tem edição, tem poucos filtros e são contas pessoais, que falam sobre momentos do dia a dia. Ele é o que mais se aproxima a vida do artista de uma vida sem edição”, continua.
O especialista em redes sociais acredita que o crescimento no meio do entretenimento segue um fluxo de mercado. “Os artistas precisam seguir as tendências. É difícil, em redes sociais, um artista ser lançador de tendências. Tirando um ou outro que são mais viciados em tecnologia, na maioria das vezes seguem conselhos de assessores ou do próprio público para que criem contas nas mais variadas redes”, explica. “O artista sempre vai procurar lançar o trabalho dele onde tenha mais visibilidade. Há um pouco de busca de pioneirismo, mas a realidade é que essa rede tem bastante audiência, e ele a escolheu por comodidade”, acredita.
O próprio Snapchat, consciente do poder massivo de comunicação que possui, tem lançado produtos autorais no ramo do entretenimento, semelhante ao que fez a gigante Netflix. Em janeiro, disponibilizou a série 'Literally can’t even', sem versão em português, gravada inteiramente no aplicativo. Escrita e protagonizada por Sasha Spielberg (filha de Steven Spielberg) e Emily Goldwyn (herdeira do produtor John Goldwyn, da série 'Dexter'), a atração baseou-se em paródias de jovens adultos que arriscam a vida em Los Angeles. A série foi exibida aos sábados no Snap Channel, um canal dentro do aplicativo que existe desde o começo do ano. Os episódios, como qualquer conteúdo produzido por lá, desapareciam depois de 24 horas.
- 100 milhões
- Você sabia?
Obras de arte e o “Snap”
Mas o “Snap” não se limita a registro diário e on-line de artistas para conteúdos aparentemente supérfluos. São muitas as instituições culturais que têm se rendido às graças do app e usufruído do bom momento que ele vive. O Museu de Arte de Los Angeles (LACMA) foi um dos primeiros a criar uma conta no aplicativo este mês. Os motivos são diversos. Em entrevista ao portal americano Hyperallergic, a social media do museu, Maritza Loes, apontou um deles: a faixa etária de quem utiliza a rede: 70% dos membros cadastrados têm entre 12 e 25 anos. Centros de arte de Chicago e São Francisco entraram na onda e também aderiram aos snaps.