Dá para imaginar o DJ e produtor musical Zé Pedro estudando numa faculdade de Direito ou mesmo trabalhando em um banco? Pois essa era a rotina deste gaúcho de Porto Alegre no final dos anos 1980. Mesmo levando uma vida mais ‘certinha’, ele sempre adorou sair para dançar. Até que um dia, um amigo que era DJ teve um compromisso de última hora e o convocou para assumir seu lugar. “Eu nunca tinha feito aquilo na vida. Ele apenas me disse: ‘Zé, toca o que você gosta de dançar’. Deu tão certo que ganhei um emprego e estou nesse ofício até hoje.”
O DJ, que completou 50 anos neste 2015, diz que tudo em sua vida veio por acaso. Foi assim quando estava em uma festa e o badalado produtor Paulo Borges o viu comandando as pick-ups. Surgiu daí o convite para tocar na São Paulo Fashion Week e o caminho que o levou a ser o profissional mais solicitado para comandar as trilhas dos desfiles de moda no país. Outra oportunidade surgiu também por casualidade quando encontrou Adriane Galisteu num evento e ela acabou chamando-o para animar seus programas Superpop, na Rede TV!, e É show, na Record.
Recentemente, após 12 anos afastado da TV, o inesperado voltou a aprontar das suas. Numa viagem a Nova York, Zé Pedro conheceu a atriz, produtora e diretora Tatiana Issa (Dzi croquettes). De tanto conversarem, tornaram-se amigos. “Ela sugeriu que eu fizesse um programa na TV. Eu não queria que fosse sobre música, porque já era uma coisa que eu fazia muito, mas sim algo que resgatasse a memória da televisão. Fizemos um piloto e em pouco tempo o Canal Viva aprovou o projeto”, conta.
Nascia assim o Rebobina, que estreou em janeiro e relembra com humor movimentos e gerações marcantes do cenário mundial. Na atração, o apresentador reúne convidados para um debate sobre modismos de outros tempos. A produção está na segunda temporada. “Foi tudo muito louco, corrido. Há pouco tempo que caiu a ficha de que o Rebobina realmente pegou”, diz.
CONFUSÃO
Depois de voltar à TV, Zé Pedro decidiu exibir seu jeito escrachado, alegre e falastrão também na internet. “Tudo aconteceu tão rápido na minha vida que não tive tempo de construir uma imagem até hoje. Sou essa confusão e sempre foi assim. Até que um dia meus amigos me sugeriram colocar na rua esse Zé Pedro que eles conhecem, com toda a minha linguagem particular.” No mês passado, entrou no ar no YouTube, o Canal da Véia, com listas, pegadinhas, desafios, insultos, e claro, muita música. Todas as quartas, é lançado um vídeo novo, e todas as sextas, um remix.
Um dos vídeos mais vistos em seu canal é o Maria Veiânia pega, mata e come!, em que Zé Pedro dubla o clássico Carcará. No vídeo, o DJ atravessa as paisagens de Salvador com uma arma de brinquedo, numa referência ao episódio recente que envolveu a cantora Maria Bethânia. Ela e o segurança de sua casa, Adevan Barbosa Lourenço, foram denunciados pelo Ministério Público por porte ilegal de arma, quando o vigia foi flagrado na porta da residência da artista baiana no Rio de Janeiro com o revólver, registrado em nome da cantora, sem a documentação referente à arma.
“Esse (vídeo) foi o mais comentado, o mais visto e se tornou um viral, porque é uma coisa improvável você imaginar a Bethânia segurando uma arma. E olha que ela é minha ídola-mor. Depois de todos esses anos de adoração, já me dou o direito de fazer sátira com ela”, diz. “Véia” é um apelido que Zé Pedro carrega desde jovem, justamente por ter gostos artísticos de “gente mais velha”. O garoto não se cansava de ouvir: “Menino, você tem 15 anos e não vai para a balada. Fica em casa escutando Maria Bethânia e assistindo Truffaut”.
“Foi assim que começaram a me chamar de ‘véia’, porque eu e um grupo de amigos éramos considerados completamente fora do presente. E eu carreguei isso a vida inteira. A ‘véia’ é como se fosse uma vírgula na minha vida. Hoje eu realmente sou uma ‘véia’, só que agora todo o mundo pode vê-la.”
Paixão por cantoras orienta selo musical
Responsável pela popularização dos remixes de clássicos da MPB utilizando batidas eletrônicas e considerado por muitos especialistas como o DJ nº 1 do Brasil, Zé Pedro criou em 2011 a gravadora Joia Moderna. O selo tem tiragem limitada a mil cópias por artista ou projeto e já lançou 30 discos. É o responsável por álbuns de estreia como o de Alice Caymmi.
“Sou um pouco esse farol para as meninas e meninos novos. Inicialmente, a gente focava só nas mulheres, mas as ideias começaram a circular e a coisa foi mudando”, diz Zé Pedro. Ele conta que sempre teve paixão por música brasileira, sobretudo pelas cantoras. Quando surgiu a chance de ser DJ, na década de 1990, e a MPB praticamente não tinha vez nas pistas, ele introduziu o gênero em suas carrapetas. Mas seguiu com a paixão de infância meio frustrada. “O Brasil é um país de cantoras, mas não as valoriza muito. Fiquei pensando naqueles artistas que estavam há muito tempo sem gravar”, diz.
Para marcar a estreia da Joia Moderna, ele lançou quatro CDs: um de Zezé Motta, Negra melodia, com canções de Luiz Melodia e Jards Macalé; um de Cida Moreira, chamado A dama indigna; um de Silvia Maria, Ave rara, além de um Tributo a Taiguara interpretado por 14 vozes femininas. No próximo dia 20, chega às lojas o CD Do tamanho certo para o meu sorriso, que marca a volta de Fafá de Belém aos estúdios, após hiato de oito anos.
O DJ, que completou 50 anos neste 2015, diz que tudo em sua vida veio por acaso. Foi assim quando estava em uma festa e o badalado produtor Paulo Borges o viu comandando as pick-ups. Surgiu daí o convite para tocar na São Paulo Fashion Week e o caminho que o levou a ser o profissional mais solicitado para comandar as trilhas dos desfiles de moda no país. Outra oportunidade surgiu também por casualidade quando encontrou Adriane Galisteu num evento e ela acabou chamando-o para animar seus programas Superpop, na Rede TV!, e É show, na Record.
Recentemente, após 12 anos afastado da TV, o inesperado voltou a aprontar das suas. Numa viagem a Nova York, Zé Pedro conheceu a atriz, produtora e diretora Tatiana Issa (Dzi croquettes). De tanto conversarem, tornaram-se amigos. “Ela sugeriu que eu fizesse um programa na TV. Eu não queria que fosse sobre música, porque já era uma coisa que eu fazia muito, mas sim algo que resgatasse a memória da televisão. Fizemos um piloto e em pouco tempo o Canal Viva aprovou o projeto”, conta.
Nascia assim o Rebobina, que estreou em janeiro e relembra com humor movimentos e gerações marcantes do cenário mundial. Na atração, o apresentador reúne convidados para um debate sobre modismos de outros tempos. A produção está na segunda temporada. “Foi tudo muito louco, corrido. Há pouco tempo que caiu a ficha de que o Rebobina realmente pegou”, diz.
CONFUSÃO
Depois de voltar à TV, Zé Pedro decidiu exibir seu jeito escrachado, alegre e falastrão também na internet. “Tudo aconteceu tão rápido na minha vida que não tive tempo de construir uma imagem até hoje. Sou essa confusão e sempre foi assim. Até que um dia meus amigos me sugeriram colocar na rua esse Zé Pedro que eles conhecem, com toda a minha linguagem particular.” No mês passado, entrou no ar no YouTube, o Canal da Véia, com listas, pegadinhas, desafios, insultos, e claro, muita música. Todas as quartas, é lançado um vídeo novo, e todas as sextas, um remix.
Um dos vídeos mais vistos em seu canal é o Maria Veiânia pega, mata e come!, em que Zé Pedro dubla o clássico Carcará. No vídeo, o DJ atravessa as paisagens de Salvador com uma arma de brinquedo, numa referência ao episódio recente que envolveu a cantora Maria Bethânia. Ela e o segurança de sua casa, Adevan Barbosa Lourenço, foram denunciados pelo Ministério Público por porte ilegal de arma, quando o vigia foi flagrado na porta da residência da artista baiana no Rio de Janeiro com o revólver, registrado em nome da cantora, sem a documentação referente à arma.
“Esse (vídeo) foi o mais comentado, o mais visto e se tornou um viral, porque é uma coisa improvável você imaginar a Bethânia segurando uma arma. E olha que ela é minha ídola-mor. Depois de todos esses anos de adoração, já me dou o direito de fazer sátira com ela”, diz. “Véia” é um apelido que Zé Pedro carrega desde jovem, justamente por ter gostos artísticos de “gente mais velha”. O garoto não se cansava de ouvir: “Menino, você tem 15 anos e não vai para a balada. Fica em casa escutando Maria Bethânia e assistindo Truffaut”.
“Foi assim que começaram a me chamar de ‘véia’, porque eu e um grupo de amigos éramos considerados completamente fora do presente. E eu carreguei isso a vida inteira. A ‘véia’ é como se fosse uma vírgula na minha vida. Hoje eu realmente sou uma ‘véia’, só que agora todo o mundo pode vê-la.”
Paixão por cantoras orienta selo musical
Responsável pela popularização dos remixes de clássicos da MPB utilizando batidas eletrônicas e considerado por muitos especialistas como o DJ nº 1 do Brasil, Zé Pedro criou em 2011 a gravadora Joia Moderna. O selo tem tiragem limitada a mil cópias por artista ou projeto e já lançou 30 discos. É o responsável por álbuns de estreia como o de Alice Caymmi.
“Sou um pouco esse farol para as meninas e meninos novos. Inicialmente, a gente focava só nas mulheres, mas as ideias começaram a circular e a coisa foi mudando”, diz Zé Pedro. Ele conta que sempre teve paixão por música brasileira, sobretudo pelas cantoras. Quando surgiu a chance de ser DJ, na década de 1990, e a MPB praticamente não tinha vez nas pistas, ele introduziu o gênero em suas carrapetas. Mas seguiu com a paixão de infância meio frustrada. “O Brasil é um país de cantoras, mas não as valoriza muito. Fiquei pensando naqueles artistas que estavam há muito tempo sem gravar”, diz.
Para marcar a estreia da Joia Moderna, ele lançou quatro CDs: um de Zezé Motta, Negra melodia, com canções de Luiz Melodia e Jards Macalé; um de Cida Moreira, chamado A dama indigna; um de Silvia Maria, Ave rara, além de um Tributo a Taiguara interpretado por 14 vozes femininas. No próximo dia 20, chega às lojas o CD Do tamanho certo para o meu sorriso, que marca a volta de Fafá de Belém aos estúdios, após hiato de oito anos.