Pois parte do Charlie Brown Jr. e do Tihuana se reúne no mesmo palco do Chevrolet Hall, no sábado. Desde o início deste ano, Egypcio e PG (vocalista e baterista do Tihuana, respectivamente), Marcão e Lena (guitarrista e baixista do CBJR) vêm fazendo shows como Urbana Legion. Pela primeira vez em BH, a formação toca neste sábado. A abertura será do grupo Bula, que Marcão, Lena e Pinguim formaram desde o fim do CBJR.
Assim como foi com Raul Seixas, a Legião Urbana virou a preferida dos bares. Difícil ver uma banda de pop rock nacional que não tenha no repertório ao menos uma música de Renato Russo. Ao longo dos anos, o grupo de Brasília vem ganhando uma série de tributos, o mais célebre (e discutido) deles é o protagonizado pelos legionários Marcelo Bonfá e Dado Villa-Lobos, tendo como homem de frente o ator Wagner Moura (que resultou num MTV ao vivo, em 2012).
Egypcio, a voz do Tihuana, diz que não pretende assumir a persona de Renato Russo no palco. “A gente faz a Legião do nosso jeito. O que queremos passar é a energia das músicas, mas sem a postura de querer ser igual. Tanto que, todo início de show, eu falo que não somos a Legião Urbana, mas fãs, como todos os que estão ali.”
Foi Egypcio quem criou o grupo. Convidado a fazer um show tributo à banda, cujo álbum de estreia completa 30 anos neste 2015, ele não pensava que o projeto iria além de um show. Hoje, depois de uma série de apresentações lotadas, já fala no registro em DVD. E prevê pelo menos dois anos em turnê pelo Brasil.
“É divertido tocar algo que a gente sempre idolatrou. E é um outro tipo de público. Muita gente nem conhece o Tihuana. Tem tanto pai levando filho quanto filho levando o pai”, comenta. Em vez de se debruçar sobre todo o repertório do grupo, o Urbana Legion toca exclusivamente os quatro primeiros álbuns: Legião Urbana (1985), Dois (1986), Que país é este? (1987) e As quatro estações (1989).
“O repertório é mais politizado e foi o que me marcou muito na adolescência”, diz Egypcio. Ele comenta que as canções estão mais pesadas, como Tempo perdido, com um andamento bem diferente do original. O vocalista diz que há momentos em que propositalmente tenta emular a maneira de Renato Russo cantar. “É para dar uma certa nostalgia no público. Só que o nosso Legião é mais nervoso”, finaliza.
Cena cover de Belo Horizonte se expande
Quando o Jack Rock Bar foi criado, a casa tinha uma oferta de uma dezena de bandas cover que se revezavam no espaço da Avenida do Contorno. Doze anos mais tarde, o número de grupos chega a 120. E a casa se multiplicou. Hoje, o chamado Circuito do Rock agrega ainda o Lord Pub e o Circus Rock Bar.
“A gente tenta fazer com que o perfil seja um pouco diferente. O Jack é mais voltado para o rock de garagem; o Lord, para o rock clássico, e o Circus, para o moderno, dos anos 1990 e 2000”, afirma Gustavo Jacob, sócio do Circuito.
Mesmo tentando direcionar cada casa para um público específico, há coincidências entre as bandas. Seu Madruga, uma das formações mais conhecidas de cover (AC/DC) da cidade, tocaria anteontem no Jack e deve se apresentar hoje no Lord.
“BH ficou muito dividida entre o cover e o autoral. Antigamente, não havia isto. O Skank (no início dos anos 1990) tocava sempre no Maxaluna (antiga casa na Avenida do Contorno) e misturava cover e autoral. O público nem percebia isso”, afirma Jacob.
Também veterano da noite, Rodrigo Cunha, dono do Stonehenge Rock Bar, que funciona há 16 anos no Barro Preto, acredita que a explosão do cover ocorreu simplesmente porque “tem quem consuma”. “E não acho que a música autoral de Belo Horizonte seja música para ser vendida. Não que não seja boa”, afirma.
Voltada para o rock dos anos 1960 e 1970, o Stonehenge traz uma programação 70% de bandas cover. Ele trabalha com 20 grupos fixos, que tocam na casa a cada 40 dias. O Studio Bar, outra casa noturna tradicional da região central da cidade, monta uma programação mista, entre bandas autorais e covers e festas com DJs. “Como a banda autoral não tem muito público, a gente sempre mistura com o cover”, diz Bernardo Tolentino.
Confira atrações deste fim de semana na capital mineira
>> Amsterdam Pub. Rua dos Inconfidentes, 1.141, Savassi, (31) 3262-0688. Dois shows sempre às sextas e sábados. Nesta sexta, Lurex (Queen) e Anthology (Beatles); sábado, Legião 2 e Suzie Q (Creedence)
>> Rock Bar. Rua Gonçalves Dias, 2.010, Lourdes, (31) 3275-4344. Dois (ou três) shows às sextas e sábados. Nesta sexta, Kings of Rodeo (Kings of Leon), Velotrol (rock clássico) e Lost Code (Pearl Jam); no sábado, Aeroplane (Red Hot Chilli Peppers) e Like 5 (Maroon 5)
>> Entre Folhas. Rua Major Lopes, 709, São Pedro, (31) 3281-4166. Show acústico (voz e violão) de pop rock às sextas e sábados. Nesta sexta, JP e no sábado, Nabor e Leozinho
>> Jack Rock Bar. Av. do Contorno, 5.623, Funcionários, (31) 3227-4510. Dois shows, de quarta a domingo. Sexta, Hard and Heavy e Uai Horses (Stones);Sábado , Laranja Mecânica e Aunora; domingo, noite House of Grunge com bandas Ca$sh, Singles e Malt 90.
>> Lord Pub. Rua Viçosa, 263, São Pedro, (31) 3223-0090. Dois (ou três) shows de quinta a domingo. Nesta sexta, Locomotive (Guns N'Roses), Seu Madruga (AC/DC) e The Doors Cover BH; sábado, Rock Station e Ca$h; domingo, anos 80 com Dona Odeteh e Chevette Hatch.
>> Stonehenge Rock Bar. Rua Tupis, 1.448, Barro Preto, (31) 3271-3476. Shows de quinta a domingo. Sexta, Lili (Janis Joplin) e Magic Bus (Led Zeppelin e Grand Funk Railroad); sábado, Rock's Off Sessions (Beatles, Stones, Pink Floyd e Black Sabbath); domingo, festival de bandas
>> Studio Bar. Rua Guajajaras, 842, Centro, (31) 3047-1020. Shows sexta e sábado. Hoje, festa Folks; amanhã, Rifferama Rock Dançante.