“Sinatra resfriado é Picasso sem tinta, Ferrari sem combustível.” A frase contida no antológico perfil 'Sinatra está resfriado', do jornalista Gay Talese, publicado em 1966 pela revista Esquire, dá a dimensão da estatura de um personagem para o qual os adjetivos parecem insuficientes. Foram seis décadas de carreira. Mais de 1,4 mil performances; 60 filmes e incontáveis prêmios.
No ano do centenário de seu nascimento – Sinatra nasceu em 12 de dezembro de 1915 –, músicos de distintos quadrantes preparam homenagens. É o caso do cantor britânico Louis Hoover, que apresenta nesta quarta-feira em Belo Horizonte o show 'Salute do Sinatra'. “Sinatra é uma figura cultural, não apenas musical”, diz Hoover.
Hoover prefere definir seu trabalho como uma “recriação”, não um cover de Sinatra. Habituado a se apresentar com big bands, ele canta um repertório de standards do ídolo. “É fantástico, uma honra”, afirma. Essa será a primeira vez que o britânico se apresenta no Brasil.
No fim de semana (sábado e domingo), será a vez de Bibi Ferreira levar ao Teatro Sesiminas espetáculo cênico-musical com 24 canções do repertório de Sinatra. E no próximo dia 29 de agosto, na noite de abertura do festival I Love Jazz, na Praça do Papa, a Happy Feet Big Band dedica ao cantor que ficou conhecido como “A Voz” todo o repertório de seu show.
A efeméride do centenário de nascimento do intérprete que imortalizou canções como 'My way' é ocasião não apenas para revisitar os aspectos mais conhecidos da carreira de Sinatra, como também pode abrir espaço para que fãs, pesquisadores e admiradores repensem seu legado. Estão previstos em diversos países, além de shows, exposições, lançamentos de livros e discos e até um aplicativo gratuito dedicado à obra dele.
Em abril passado, a gravadora Capitol lançou o pacote 'Ultimate Sinatra’s' com quatro CDs e dois LPs. “Da mesma forma que Elvis Presley ou os Beatles, Sinatra é daquelas figuras que mudaram estilos para apostar em novidades”, comenta Hoover.
O cantor britânico tinha 17 anos quando, após assistir a uma apresentação de seu ídolo em Londres, decidiu seguir um conselho que já havia recebido de amigos: dedicar-se exclusivamente ao consagrado repertório de Sinatra. “Fico envergonhado quando as pessoas pensam no Sinatra apenas como ‘The Old Blue Eyes’ dos anos 1960. O período áureo dele ocorreu nas décadas de 1940 e 1950”, avalia Hoover.
Para Marcelo Costa, vocalista e trompetista da Happy Feet, não restam aspectos obscuros ou pouco comentados sobre a obra de um artista do porte de Sinatra. “Ele teve uma carreira longeva. Começou na década de 1940 e, até morrer (em 1998), fazia muito sucesso, criando coisas. Pegou a era de ouro do swing até a evolução do pop, do rock, mas sempre manteve um estilo próprio”, diz o músico.
Artista com visão de homem de negócios, Sinatra procurou se cercar dos melhores. Trabalhou com grandes orquestras e arranjadores. Marcou presença como ator na Hollywood dos anos 1950. Também superou mudanças tecnológicas, já que foi o primeiro a gravar um LP.
Como observa Marcelo Costa, Sinatra não foi apenas um cantor excepcional, mas também uma figura artística que soube equilibrar arte e entretenimento. “Mesmo quando se escuta uma música de apelo mais comercial gravada por ele, é possível perceber a qualidade”, ressalta.
TRIBUTOS
Respeitar a autenticidade que marca a obra de Sinatra, mas acrescentar uma dose pessoal na apropriação de seu estilo é o desafio de quem se aventura no universo de Frank Sinatra, considerado um cantor completo e um ás na arte de entreter. “A maior dificuldade é as pessoas acharem que vamos fazer igual. O negócio é complicado. Será diferente, já que é uma homenagem”, diz o trompetista brasileiro.
É certeza que o repertório de Louis Hoover, de Bibi Ferreira e da Happy Feet Big Band trará coincidências. Afinal, como prestar tributo a Sinatra ignorando canções como 'I’ve got you under my skin' (1956), 'The way you look tonight' (1964), 'Fly me to the moon (in other words)' (1964), 'Strangers in the night' (1966), 'My way' (1968) e 'New York, New York' (1979)?
“O repertório dele é muito amplo. Temos que ter as músicas conhecidas, mas também aquelas não conhecidas mas que consideramos que ele tenha feito muitíssimo bem”, diz Marcelo Costa. Entre as menos conhecidas escolhidas para o repertório da Happy Feet, está 'Sweet Lorraine'. “O mais difícil é captar a qualidade vocal dele. É impossível. Então, quando se faz um tributo ou uma homenagem, a gente não pode pensar em fazer igual”, ressalta. Sempre há espaço para surpresas. O arranjo de 'I’ve got you under my skin' no show da Happy Feet foi especialmente refeito para a ocasião.
Com 'Salute to Sinatra', Louis Hoover percorreu a Europa, os Estados Unidos, a Ásia e o Reino Unido, acompanhado pela The Hollywood Orquestra. Compõem a orquestra músicos que tocaram com o próprio Sinatra. Hoover diz que estar no Brasil para cantar Sinatra é a realização de um sonho e afirma que, por onde passa, ele se surpreende com a força do repertório do ídolo.
“Vai ser interessante descobrir como o público brasileiro reage a cada canção. Na Ásia, por exemplo, eles ficam loucos com 'My way'. É muito forte e também muito emocional, usada em casamentos e ocasiões especiais para as pessoas”, conta. O espetáculo tem duas partes, de 50 minutos cada uma.
Sinatra App
O centenário de Frank Sinatra é também tecnológico. A família do artista, em parceria com a Frank Sinatra Enterprises, produziu o projeto multimídia batizado 'Sinatra 100'. Entre as iniciativas, uma exposição que ocupou o Lincoln Center em Nova York no primeiro semestre e um aplicativo para celular. Disponível para download gratuito nas plataformas Android e iOS, o app carrega o catálogo completo de músicas gravadas por Sinatra .
Salute to Sinatra
Quarta-feira, às 21h. Grande Teatro do Palácio das Artes. Avenida Afonso Pena, 1.537, Centro, (31) 3236-7400. Plateia 1: R$ 220 (inteira) e R$ 110 (meia), plateia 2: R$ 200 (inteira) e R$ 100 (meia) e plateia superior: R$ 180 (inteira) e R$ 90 (meia).
I Love Jazz
29 e 30 de agosto, a partir das 15h. Praça do Papa. Entrada franca.
No ano do centenário de seu nascimento – Sinatra nasceu em 12 de dezembro de 1915 –, músicos de distintos quadrantes preparam homenagens. É o caso do cantor britânico Louis Hoover, que apresenta nesta quarta-feira em Belo Horizonte o show 'Salute do Sinatra'. “Sinatra é uma figura cultural, não apenas musical”, diz Hoover.
Hoover prefere definir seu trabalho como uma “recriação”, não um cover de Sinatra. Habituado a se apresentar com big bands, ele canta um repertório de standards do ídolo. “É fantástico, uma honra”, afirma. Essa será a primeira vez que o britânico se apresenta no Brasil.
No fim de semana (sábado e domingo), será a vez de Bibi Ferreira levar ao Teatro Sesiminas espetáculo cênico-musical com 24 canções do repertório de Sinatra. E no próximo dia 29 de agosto, na noite de abertura do festival I Love Jazz, na Praça do Papa, a Happy Feet Big Band dedica ao cantor que ficou conhecido como “A Voz” todo o repertório de seu show.
A efeméride do centenário de nascimento do intérprete que imortalizou canções como 'My way' é ocasião não apenas para revisitar os aspectos mais conhecidos da carreira de Sinatra, como também pode abrir espaço para que fãs, pesquisadores e admiradores repensem seu legado. Estão previstos em diversos países, além de shows, exposições, lançamentos de livros e discos e até um aplicativo gratuito dedicado à obra dele.
Em abril passado, a gravadora Capitol lançou o pacote 'Ultimate Sinatra’s' com quatro CDs e dois LPs. “Da mesma forma que Elvis Presley ou os Beatles, Sinatra é daquelas figuras que mudaram estilos para apostar em novidades”, comenta Hoover.
O cantor britânico tinha 17 anos quando, após assistir a uma apresentação de seu ídolo em Londres, decidiu seguir um conselho que já havia recebido de amigos: dedicar-se exclusivamente ao consagrado repertório de Sinatra. “Fico envergonhado quando as pessoas pensam no Sinatra apenas como ‘The Old Blue Eyes’ dos anos 1960. O período áureo dele ocorreu nas décadas de 1940 e 1950”, avalia Hoover.
Para Marcelo Costa, vocalista e trompetista da Happy Feet, não restam aspectos obscuros ou pouco comentados sobre a obra de um artista do porte de Sinatra. “Ele teve uma carreira longeva. Começou na década de 1940 e, até morrer (em 1998), fazia muito sucesso, criando coisas. Pegou a era de ouro do swing até a evolução do pop, do rock, mas sempre manteve um estilo próprio”, diz o músico.
Artista com visão de homem de negócios, Sinatra procurou se cercar dos melhores. Trabalhou com grandes orquestras e arranjadores. Marcou presença como ator na Hollywood dos anos 1950. Também superou mudanças tecnológicas, já que foi o primeiro a gravar um LP.
Como observa Marcelo Costa, Sinatra não foi apenas um cantor excepcional, mas também uma figura artística que soube equilibrar arte e entretenimento. “Mesmo quando se escuta uma música de apelo mais comercial gravada por ele, é possível perceber a qualidade”, ressalta.
TRIBUTOS
Respeitar a autenticidade que marca a obra de Sinatra, mas acrescentar uma dose pessoal na apropriação de seu estilo é o desafio de quem se aventura no universo de Frank Sinatra, considerado um cantor completo e um ás na arte de entreter. “A maior dificuldade é as pessoas acharem que vamos fazer igual. O negócio é complicado. Será diferente, já que é uma homenagem”, diz o trompetista brasileiro.
É certeza que o repertório de Louis Hoover, de Bibi Ferreira e da Happy Feet Big Band trará coincidências. Afinal, como prestar tributo a Sinatra ignorando canções como 'I’ve got you under my skin' (1956), 'The way you look tonight' (1964), 'Fly me to the moon (in other words)' (1964), 'Strangers in the night' (1966), 'My way' (1968) e 'New York, New York' (1979)?
“O repertório dele é muito amplo. Temos que ter as músicas conhecidas, mas também aquelas não conhecidas mas que consideramos que ele tenha feito muitíssimo bem”, diz Marcelo Costa. Entre as menos conhecidas escolhidas para o repertório da Happy Feet, está 'Sweet Lorraine'. “O mais difícil é captar a qualidade vocal dele. É impossível. Então, quando se faz um tributo ou uma homenagem, a gente não pode pensar em fazer igual”, ressalta. Sempre há espaço para surpresas. O arranjo de 'I’ve got you under my skin' no show da Happy Feet foi especialmente refeito para a ocasião.
Com 'Salute to Sinatra', Louis Hoover percorreu a Europa, os Estados Unidos, a Ásia e o Reino Unido, acompanhado pela The Hollywood Orquestra. Compõem a orquestra músicos que tocaram com o próprio Sinatra. Hoover diz que estar no Brasil para cantar Sinatra é a realização de um sonho e afirma que, por onde passa, ele se surpreende com a força do repertório do ídolo.
“Vai ser interessante descobrir como o público brasileiro reage a cada canção. Na Ásia, por exemplo, eles ficam loucos com 'My way'. É muito forte e também muito emocional, usada em casamentos e ocasiões especiais para as pessoas”, conta. O espetáculo tem duas partes, de 50 minutos cada uma.
Sinatra App
O centenário de Frank Sinatra é também tecnológico. A família do artista, em parceria com a Frank Sinatra Enterprises, produziu o projeto multimídia batizado 'Sinatra 100'. Entre as iniciativas, uma exposição que ocupou o Lincoln Center em Nova York no primeiro semestre e um aplicativo para celular. Disponível para download gratuito nas plataformas Android e iOS, o app carrega o catálogo completo de músicas gravadas por Sinatra .
Salute to Sinatra
Quarta-feira, às 21h. Grande Teatro do Palácio das Artes. Avenida Afonso Pena, 1.537, Centro, (31) 3236-7400. Plateia 1: R$ 220 (inteira) e R$ 110 (meia), plateia 2: R$ 200 (inteira) e R$ 100 (meia) e plateia superior: R$ 180 (inteira) e R$ 90 (meia).
I Love Jazz
29 e 30 de agosto, a partir das 15h. Praça do Papa. Entrada franca.