Samuel Rosa e Lô Borges registram parceria em DVD com gravações neste fim de semana

Dupla se apresenta nesta sexta e sábado no Cine Theatro Brasil Vallourec, em Belo Horizonte. Apresentação de amanhã será transmitida pelo canal Bis

por Eduardo Tristão Girão 07/08/2015 09:00

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GLADYSTON RODRIGUES/EM/D.A.PRESS
Samuel Rosa e Lô Borges durante ensaio, no domingo passado, para o show desta noite (foto: GLADYSTON RODRIGUES/EM/D.A.PRESS)
É sem qualquer receio que Lô Borges, nome central do Clube da Esquina, dispara: “Antes, ele tinha de ralar muito para tirar minhas músicas, que têm muita harmonia. Com esse nosso encontro, aprendi com ele uma coisa sábia, que é fazer composições com três ou quatro acordes, mais simplificadas, o que não tem problema nenhum”. O “ele” a quem se refere está sentado logo ao lado e é ninguém menos que Samuel Rosa, líder do Skank, um dos principais compositores da geração que renovou o pop mineiro nos anos 1990.

Os dois estão no camarim, prestes a subir ao palco, na noite do último domingo, para o antepenúltimo de 10 ensaios dos shows de gravação do 'DVD ao vivo Samuel Rosa & Lô Borges', hoje e amanhã, no Cine Theatro Brasil Vallourec, em Belo Horizonte. O projeto celebra parceria iniciada em 1999. Tudo começou com a canção 'Te ver', do Skank, que encantou Borges. Ele a regravou em seu disco 'Meu filme' (1996) e não demorou para que alguém desse a ideia de desenvolverem algo juntos.

 

 

 

Mais do que afinidade musical, o clima no ensaio é de amizade e admiração. Percebe-se uma relação de igual para igual entre os dois e uma genuína satisfação pela música que estão tocando ali. Borges olha (e sorri) para Rosa ao final de 'Feira moderna', que escreveu com Beto Guedes e Fernando Brant. Antes de prosseguir, Samuel pergunta: “Ganhamos, perdemos ou empatamos?”. Ele e Lô torcem para o Cruzeiro, que jogava naquela noite. Empataram – com o Sport (0x0).
Curiosamente, em 'Balada do amor inabalável', sucesso de Rosa e Fausto Fawcett, os acordes do líder do Skank são de montagem mais simples que os de Borges. Eles cantam composições um do outro, como 'Trem azul' (clássico do disco Clube da esquina) e 'Amores imperfeitos' (que o Skank incluiu no álbum 'Cosmotron'), mas também reservam espaço para três músicas que fizeram juntos, 'Dois rios', 'Nenhum segredo' e 'Horizonte vertica'l.

A gaveta deles tem aproximadamente 10 canções. Gravarão um disco de inéditas? “Eventualmente, pode acontecer. Não descarto. A gente não tem um registro do nosso encontro e precisamos ter. Nossas agendas casaram de maneira que foi interessante fazermos isso este ano. Podemos fazer um disco de inéditas depois, mas a prioridade é este registro. É um absurdo termos 16 anos de shows e músicas juntos sem que haja um registro”, diz Borges.

Além dessas canções inéditas, há os “retalhos”. A parceria da dupla costuma funcionar assim: o primeiro chega com um pedaço de música, o segundo chega com outro, e a costura é feita a quatro mãos. As ideias musicadas são entregues aos letristas com os quais gostam de trabalhar, como Márcio Borges, Chico Amaral, Nando Reis e Rodrigo Leão. Uma novidade é a chegada de Patricia Maês, mulher de Lô, que escreveu versos para canções do mais recente disco do marido, 'Horizonte vertical'.

PLAYGROUND “No início, havia um choque maior entre as minhas músicas e as do Lô. O bom de agora é que estamos mais entrosados, temos cumplicidade maior e funcionamos como uma banda. Tudo funciona de acordo com nosso astral, sem intervenção de gravadora, obrigação de gravar um single novo ou tocar no rádio. É totalmente um playground. A música se apresenta para a gente de forma genuína, sem compromisso mercadológico nenhum. O que sustenta tudo isso é uma tremenda afinidade que descobrimos ao longo dos anos”, afirma Samuel.

Lô concorda: “Na primeira fase do nosso encontro, existia uma certa discrepância nos nossos estilos, o que hoje não existe. O show era legal e as pessoas gostavam de ver dois artistas de Belo Horizonte juntos, mas havia menos unidade. Hoje as músicas têm mais a ver e se interligam melhor dentro do show”.

Para formar a banda que os acompanha, Samuel indicou Alexandre Mourão (baixo e vocais; os dois integraram a extinta banda Pouso Alto, pré-Skank) e Doca Rolim (guitarra, violão e vocais; ele é músico de apoio do Skank), enquanto Lô trouxe o irmão Telo Borges (teclado e vocais) e Robinson Matos (bateria; que o acompanha há oito anos).

O repertório dos shows de hoje e amanhã conta com 20 músicas (como 'Paisagem na janela', 'Para Lennon e McCartney', 'Um girassol da cor do seu cabelo', 'Te ver', 'Resposta', 'Três lados' e 'Vou deixar'), mas a versão final do DVD (o lançamento será ainda este ano, seguido de turnê) terá duas canções extras e inéditas, que ainda serão registradas em estúdio. Os ingressos estão esgotados, mas a apresentação de amanhã será transmitida pelo canal Bis. Resta torcer para que esse “aperitivo” anime os dois a voltar ao estúdio e tirar da gaveta o restante do que andam compondo juntos.

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