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Recém-chegado de miniturnê europeia, quando se apresentou em Portugal e Holanda, Alceu lembra ter participado de festivais universitários a partir de 1968, quando ele nem sequer pensava em ser artista. “É deles que vem toda a nata da música brasileira”, diz o cantor, compositor e instrumentista pernambucano, citando a presença de Chico Buarque, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Ivan Lins e Gonzaguinha, entre outros, na fase áurea dos festivais de MPB.
Amanhã à noite, acompanhado de banda formada por Paulo Rafael (guitarra e violão), Tovinho (teclados), Nando Barreto (baixo) e Cássio Cunha (bateria), Alceu Valença (voz e violão) apresenta à plateia do 45º Fenac um daqueles shows inesquecíveis, repletos de xotes, forrós, baiões, toadas e emboladas, responsáveis pelo sucesso nacional e internacional da carreira.
Temas como 'Coração bobo', 'Cabelo no pente', 'Táxi lunar', 'Cavalo de pau' e 'Solidão', além de hits como 'Belle de jour', 'Anunciação', 'Pelas ruas que andei' e 'Tropicana' prometem balançar a praça.
“Tenho oito tipos de show”, empolga-se o artista pernambucano, salientando que além de são-joão e carnaval, ele faz apresentações solo, acústica e com a Orquestra Ouro Preto, entre outros. No próximo dia 13, por exemplo, ele estará no Cine-Theatro Brasil, em Belo Horizonte, para fazer show acústico. Acompanhado de Paulo Rafael (guitarra e violão) e Julião (sanfona), o cantor promete repassar momentos da rica trajetória, naturalmente movida pelos hoje quase extintos festivais.
“A indústria cultural acabou. Ela se transformou na indústria do entretenimento, dominada por cartéis”, acusa Alceu Valença, para quem a música brasileira continua sendo uma das mais ricas e nobres que ele conhece. Prova disso, admite, foi a recepção calorosa que teve em Braga, Santa Maria da Feira e Sintra, em Portugal, e Amsterdã, na Holanda, cidades onde fez shows recentemente.
Preocupado com a atual carência de divulgação da MPB, o cantor diz que chegou a pensar em criar algo como Brasil Novo Tempo, projeto através do qual ele chamaria a atenção para o que vem sendo feito na música brasileira.
“Conheço a história de um cantor da Jovem Guarda que trocou o Brasil pela França, onde virou sucesso cantando samba, com todo o orgulho, em Paris. Aqui parece que não gostam de samba”, lamenta o preconceito sobre o gênero. “A música brasileira deveria ser exportada mais como um elemento de atração turística”, discursa Alceu, um eterno defensor da chamada MPB.