Caetano referia-se à pressão realizada pelo Movimento BDS (Boicote, Desinvestimento e Sanções) durante os últimos dois meses, exigindo o cancelamento do show que acontece nesta terça, 28, hoje, em Tel Aviv, como parte da turnê 'Dois Amigos, Um Século de Música'.
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"Saí de lá querendo dizer: chega de ocupação e de segregação. Acredito que quem está aqui hoje pode construir a ponte entre os dois povos e fazer a paz acontecer. Mas sou só um visitante. Vim aqui para cantar e dizer: ‘Gente, olha pro céu’". Em seguida, Caetano cantou um trecho da música 'Gente', do álbum 'Bicho', e foi aplaudido em pé.
Ao contrário do que se esperava, a dupla não se apresentou ao lado de Davi Broza, ativista político e o mais importante músico israelense da atualidade. "Não acredito no boicote, mas no encontro. Eu os respeito por estarem aqui, e me inspiro em vocês", ele disse a Gil e Caetano.
Uma das expoentes da nova geração, a cantora e atriz palestina Mira Awad apresentou-se com Broza, cantando em árabe. "Há quem prefira boicotar e há quem ofereça a mão. É isso que Gil e Caetano estão fazendo aqui hoje".
Antes desse evento, os cantores se encontraram com o ex-presidente israelense Shimon Peres, na ONG Peres Center for Peace, onde se reuniram com garotos judeus e palestinos.
Expectativa
O músico israelense Gal Adbu garantiu seu ingresso assim que a venda foi iniciada. Apaixonou-se pela MPB em 2007 e afirma que os baianos são sua maior influência musical. "Quando Gil e Caetano cantam, expressam suas almas. Não importa o que eles apresentarão: será certamente maravilhoso", afirma.
Outros se preocupam com declarações que possam vir a fazer no palco. "Depois de terem sido criticados por virem para cá, eles deram declarações desastradas sobre a política em Israel. Torço para que não as repitam, porque vai pegar mal com o público local", comentou a brasileira Karen Rosenthal-Nigri, há tempos com ingressos nas mãos.
O show contará com o esquema de segurança previsto na lei israelense e adotado em todos os eventos no país, com forte policiamento e checagem de bolsas e mochilas, além de detectores de metais instalados nos portões do estádio. Não foram registradas solicitações de autorização de manifestação pública por parte do BDS ou outras organizações pró-Palestina junto à polícia de Israel, um procedimento obrigatório no país.
"Cada local de evento deve seguir as leis de segurança, mas tem seus próprios procedimentos. Não acredito que nenhum esquema especial esteja sendo montado: nunca houve nenhum tipo de agressão contra artistas internacionais no país", afirma o produtor musical brasileiro Daniel Ring, proprietário da produtora Octopulse. Segundo ele, 100% dos artistas que foram trazidos por sua empresa para apresentações em Israel foram contatados pelo BDS, inclusive brasileiros. "No entanto, até hoje nenhum deles cedeu às suas pressões."