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Musical

Claudia Raia festeja 30 anos de carreira com espetáculo de memórias

Espetáculo será dirigido e roteirizado por Miguel Falabella

Agência Estado
- Foto: Claudia Raia/InstagramTudo começou com uma conversa informal entre a atriz Claudia Raia e seu companheiro, Jarbas Homem de Mello. "Falávamos sobre meus 30 anos de carreira e como colecionei trabalhos preciosos", lembra Claudia. "Até que ele perguntou: 'Por que você não transforma sua história em um espetáculo?'. No início, achei que seria muito presunçoso, o que não combina comigo, pois sou uma pessoa muito debochada." Tantos amigos insistiram, no entanto, que a atriz resolveu arriscar - reuniu-se com parceiros de longa data, os diretores Miguel Falabella e José Possi Neto, e finalmente nasceu 'Raia 30 - O Musical', que estreia na sexta, dia 24, em São Paulo.
Trata-se do apanhado geral de uma carreira com momentos marcantes especialmente no teatro musical e na televisão - desde a consagração em novelas como 'Sassaricando' e 'Belíssima', e programas humorísticos, a exemplo do 'TV Pirata', até importantes espetáculos no palco como 'Sweet Charity' e 'Cabaret'.

"O resultado é original, pois, apesar de narrar a trajetória de uma artista conhecida, o enredo foi montado de uma forma a agradar mesmo quem não conhece o trabalho da Claudia", observa Possi Neto.

De fato, ao escrever o roteiro, Miguel Falabella apoiou-se em uma base felliniana - logo no início, por exemplo, Claudia encena um momento crucial em sua carreira: quando decidiu fazer o teste para o papel de Sheila do musical 'Chorus Line', que seria montado em São Paulo, em 1984. Nessa época, ela estava com 16 anos e atendia por Maria Claudia Raia. Mas, além de envolver a mãe da futura atriz, Odette, e da irmã, cuja influência foi decisiva em sua carreira, Olenka, a cena esgota um sonho e faz referência a outros personagens também representativos, que circulam ao seu redor, como os coreógrafos e bailarinos americanos Lennie Dale (1934-1994) e Bob Fosse (1927-1987).

As lembranças não são gratuitas - ao escrever também a letra original das canções, Falabella utilizou a melodia de músicas já existentes como apoio. Assim, 'Hey Big Spender', um dos temas mais famosos de 'Sweet Charity', de Fosse, é utilizado para ilustrar sua chegada à televisão.

A paixão de Claudia Raia pelo teatro permeia todo o espetáculo. Afinal, desde criança, desejava estar no palco. "Meu sonho era ser uma grande bailarina, brilhar em alguma companhia renomada", conta ela que, embora fosse talhada para o clássico, jamais abandonou o popular, especialmente o bem ritmado.

Para isso, o musical apresenta duas histórias reveladoras. A primeira envolve Lennie Dale, o americano que se apaixonou pelo Brasil e, aqui, criou o transgressivo grupo Dzi Croquettes. Ao descobrir que a trupe se apresentava em São Paulo, Claudia insistiu para que a mãe a levasse uma tarde até o Teatro Brigadeiro. Lá, com a petulância de uma bailarina de 7 anos, chamou a atenção de Dale e disse: "Eu danço igual a você". Mesmo surpreso, o americano comprou o desafio. "Quero ver, então", disse ele, antes de ficar boquiaberto quando a menina repetiu com exatidão e graça seus famosos passos. "Lennie ficou louco e, a partir daí, tornou-se meu padrinho e grande incentivador."

A coleção de ousadias aumentou quando, aos 13 anos, Claudia foi estudar em Nova York, onde se descobriu apaixonada por um gênero que não conhecia, o musical, em especial o criado por Bob Fosse. Dois anos depois, já bailarina clássica formada, protagonizou outra história deliciosa: em viagem com a avó a Buenos Aires, soube que haveria um teste para o balé Romeu e Julieta, no Teatro Colón. A menina se inscreveu, foi aprovada e permaneceu na capital argentina por um ano e meio.

Foi durante esse período que Claudia conheceu outro gênero que se tornaria o quarto pilar de sua carreira, ao lado do balé clássico e dos ensinamentos de Dale e Fosse: o teatro de revista. Ainda em Buenos Aires, ela trabalhou com a maior vedete do país, Suzana Giménez, que se apresentava no Teatro El Nacional. "Aprendi muito sobre teatro de revista com Suzana, ensinamentos preciosos que eu trouxe para o Brasil."