Parceiros destacam a conexão da poesia de Fernando Brant com a alma do brasileiro

Músico destacava a crônica do dia a dia em suas obras

por Eduardo Tristão Girão 18/06/2015 08:55

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Beto Novaes/EM/D.A Press - 15/2/14
Sirlan diz que a crônica do dia a dia marcou a obra de seu parceiro Fernando Brant (foto: Beto Novaes/EM/D.A Press - 15/2/14 )
Além das muitas e significativas canções que fez com Milton Nascimento, Fernando Brant teve parceiros de diferentes perfis: Nelson Angelo, Tavinho Moura, Lô Borges, Sirlan e Sergio Santos, por exemplo. Para todos eles, o amigo, que morreu sexta-feira passada, soube escolher as palavras de forma a expressar o simples de maneira contundente, mais próxima do ouvinte. Está aí a importância central de sua obra.


“O diálogo com o sentimento do povo é muito forte, não foi à toa que as canções dele eram sucesso. 'Coração civil', por exemplo, é uma reflexão sobre a utopia, sobre como as pessoas têm de pensar o próprio caminho. Isso é muito bonito na obra de qualquer artista. É gritante como o sentimento popular é a inspiração da obra dele”, afirma Sergio Santos. No início dos anos 1990, ele compôs 'Dois rios' com Brant e Tavinho Moura. “A letra é maravilhosa e traduz muito o que é o Fernando em relação à amizade. Ele gostava de promover encontros”, completa.

A outra canção que Santos deveria ter feito com Brant, nos tempos da fita cassete, se perdeu. “A gente gravava e mandava para o outro ouvir. Quando vinha a letra e não fazíamos a nova gravação, a coisa se perdia”, diz. Situação semelhante à de Nelson Angelo, com quem Fernando escreveu a clássica 'Canoa canoa'. “Nem sei quantas músicas temos guardadas, alguma coisa de 15 anos atrás. A gente estava combinando de nos encontrar para organizar essas parcerias pendentes”, conta Angelo.

Ele se orgulha de Canoa canoa, mas crê que ela jogue sombra sobre as demais parcerias da dupla, a exemplo de 'Coisas de balada', composta nos Estados Unidos durante as gravações de 'Journey to dawn', disco de Milton Nascimento de 1979. “A maneira de dizer e o texto dele sempre foram surpreendentes. Dentro da simplicidade, era uma maneira especial de falar. São frases que parecem fáceis, mas que só depois a gente percebe como permanecem”, resume Nelson Angelo.

O cotidiano era o alimento principal das letras de Brant, na opinião de Sirlan. Cerca de metade do disco dele 'Profissão de fé' (1979) traz parcerias dos dois: 'Bom de sela', 'Povo da montanha', 'Viagem às origens' e 'Nove anos' – as duas últimas revelam Brant em tom autobiográfico. “A crônica é muito importante na música dele, tem muito do vivenciar o dia a dia. Ele fez isso muito bem, pois andava muito pelas ruas, teve experiências importantes, como na revista 'O Cruzeiro' e no Juizado de Menores. Fernando não escrevia a partir de si, mas percebendo o outro. Isso dá durabilidade e grandiosidade à sua obra”, conclui Sirlan.

MISSA
A missa de sétimo dia de Fernando Brant será celebrada nesta quinta, às 20h, na capela do Colégio Arnaldo, onde ele estudou. Parentes e amigos vão cantar algumas de suas músicas. A capela fica na esquina de Rua Ceará com Avenida Carandaí, no Bairro Funcionários.

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