Pegue cinco garotos com boa aparência que tenham certo potencial vocal. Eles não necessariamente precisam tocar algum instrumento durante as apresentações, mas podem compor hits. Coloque-os para dançar coreografias marcantes. Temos aí a fórmula de sucesso. As boy bands, termo usado para identificar grupo pop formado por garotos, têm sido uma parte importante da cena pop desde os anos 1960 e, embora haja diversos estilos e tipos, o conceito básico de garotos bonitos e inofensivos cantando sobre amor, principalmente para garotas adolescentes, tem atravessado gerações.
Muitos menosprezam a relevância musical das boy bands, mas é impossível ignorar sua popularidade. Os ingressos antecipadamente esgotados para as apresentações no Brasil dos Backstreet Boys, que chegam nesta terça-feira a Belo Horizonte, são mais uma prova disso.
Nick Carter, Brian Littrell, Howie Dorough, AJ McLean e Kevin Richardson já não são mais os garotos de 20 e poucos anos que roubaram a cena da música pop mundial – e os corações de diversas garotas – em 1996, com música românticas e coreografadas. Mas, mesmo que tenham perdido a presença obrigatória nas listas dos mais vendidos, os Backstreet Boys, hoje com quase 40 anos, arrastam legiões de fãs nostálgicas.
O disco mais recente, 'In a world like this', de 2013, foi lançado em meio às gravações do documentário 'Show ‘em what you’re made of', dirigido por Stephen Kijak, em comemoração aos 20 anos do grupo. Repleto de discussões entre os integrantes e revelações sobre problemas vocais, de peso, de relacionamento com a família e com drogas, chegou aos cinemas em abril deste ano. Nas duas décadas, foram 130 milhões de álbuns vendidos.
Depois de passar por Recife e Rio de Janeiro, para onde retornam na quinta-feira, o grupo se apresenta nesta terça-feira no Chevrolett Hall. A segunda passagem do grupo pela capital – a primeira foi em 2011 – é reforçada pelo retorno de Kevin, ingtegrante que ficou seis anos fora do quinteto. Com formação original, os Backstreet Boys prometem uma noite de lembranças com a turnê 'In a world like this'. Além das canções mais atuais, o repertório da noite foca nos grandes hits que os consagraram, como 'The call', 'As long as you love me' e 'I want it that way'.
HISTÓRIA As boy bands praticamente nasceram junto com o pop norte-americano do pós-guerra. A gravadora Motown, de grandes astros do soul como, Marvin Gaye, foi a pioneira. Começaram como uma versão polida dos grupos vocais de doo wop que nasciam por todas as esquinas da América. A primeira banda do gênero da história, o The Temptations, nasceu em 1960, e eternizou o sucesso 'My girl'. O grupo era formado por cinco cantores e dançarinos. Em seu cardápio, a Motown revelou ainda o Jackson 5, de onde saiu o rei do pop, Michael Jackson. Os irmãos cantavam, dançavam, influenciavam nas formas de vestir, eram bonitos e tinham carisma.
Nos anos 70 o estilo não morreu, mas poucas bandas se destacaram. A década seguinte, porém, conseguiu mostrar o poder da fórmula e revelou bandas que viriam a ser grandes nomes do estilo. As boy bands foram se modernizando, criando fenômenos e absorvendo influências de gêneros como o R&B. O furacão latino Menudos, do qual saiu Ricky Martin, com o chiclete 'Não se reprima' e a americana New Kids On The Block, com 'Step by step', são exemplos do sucesso.
Se os anos 1980 foram fundamentais para mostrar a força das boy bands, os anos 1990 foram os responsáveis pela consagração do estilo. Bandas como as britânicas Take That e Five, e as norte-americanas N'Sync – que revelou o cantor Justin Timberlake –, Hansons, e o fenômeno Backstreet Boys são as mais lembradas. A nostalgia pode ser explicada pelo revival da década, tanto na moda, quanto na cultura pop. Vide o sucesso do grupo britânico One Direction. Seguindo a cartilha boy band, Harry Styles, Liam Payne, Niall Horan, Louis Tomlinson e, o ex-integrante, Zayn Malik, estouraram em 2011 com a canção 'What makes you beautiful', e hoje se apresentam como um dos principais nomes da música pop atual.
BRASIL Se na gringa as boy bands fizeram sucesso, o Brasil também tem sua marca nessa história. Seguindo o rastro de sucesso do Menudo, o Dominó foi a primeira a surgir e uma das mais famosas. Estreando com versões do grupo mexicano Timibiriche ('Companheiro' e 'Ela não gosta de mim', o quarteto teve sua própria 'Dominomania'. O grupo Polegar, lembrado regularmente pelas polêmicas envolvendo Rafael Ilha, foi a única banda contemporânea que chegou perto do Dominó em popularidade.
Nos anos 90, o grupo KLB, formado pelos irmãos Kiko, Leandro e Bruno, emplacaram com 'A dor desse amor'. Os filhos do empresário musical Franco Finato Scornavacca tiveram uma carreira constante, alternando hits nacionais com versões gringas, como 'Um anjo', baseada em 'Angel' de Robbie Williams. Vale lembrar ainda do rápido sucesso do quarteto Twister, que estourou com '40 graus' e do Bro'z, formado em um reality show do SBT, que emplacou a sempre presente nas pastas de karaokê 'Prometida'.
BACKSTREET BOYS
Chevrolet Hall. Av. Nossa Senhora do Carmo, 230, Savassi, (31) 3209-8989. Hoje, às 21h30. Ingressos esgotados.
Ouça playlist com hits de boy bands de todas as épocas:
*Por Júlia Boynard
Backstreet Boys fazem show esgotado em BH e reafirmam a força das boy bands
Apresentação será nesta terça-feira, no Chevrolet Hall, e mostra que o gênero tem vivido boa fase, especialmente por conta do 'revival' da cultura dos anos de 1990