No fundo, rock, iê-iê-iê e Jovem Guarda são a mesma coisa. Pelo menos é o que assegura o jornalista, escritor e pesquisador Paulo Cesar de Araújo. Mesmo que um ou outro artista não goste de ser associado ao movimento liderado por Roberto Carlos, o autor dos livros 'Eu não sou cachorro, não – Música popular cafona e ditadura militar', 'O Rei e o réu' e 'Roberto Carlos em detalhes' diz que boa parte dos músicos que surgiram naquela época, sobretudo a turma ligada a Carlos Imperial – o pessoal da Tijuca, que fazia rock e um som pop –, faz parte do mesmo fenômeno.
O termo iê-iê-iê foi adaptado de “yeah, yeah, yeah”, refrão de 'She loves you', dos Beatles, e era a concretização no Brasil da tendência roqueira que já seduzira as massas no exterior. As canções reproduziam o ritmo com versões em português ou mesmo cantadas originalmente. “De 1964 a 1968, o estilo ficou com essa denominação. Só no final dos anos 1960 ele ficou conhecido como rock mesmo”, explica Paulo Cesar.
O especialista lembra que o movimento reuniu gente de todo o país, com claro predomínio de cariocas e paulistas. “Ele abrangeu todos os estados, foi um caldeirão brasileiro: Roberto, do Espírito Santo; Wanderléa e Eduardo Araújo, de Minas; Erasmo e Ronnie Von, do Rio; Jerry Adriani, de São Paulo; e até o Reginaldo Rossi, de Pernambuco. O mais interessante é que o movimento atingiu o Brasil profundo, os rincões desta nação. Não foi igual ao pessoal da MPB, que atingia a classe média e os intelectuais. A Jovem Guarda teve essa força”, ressalta.
O pesquisador e jornalista ressalta também a inovação da Jovem Guarda não apenas no aspecto do comportamento, do figurino, de gírias e expressões, que chegou a incomodar bastante os conservadores, mas principalmente no âmbito musical.
“Aquela novidade vai eletrificar e instaurar o pop na música brasileira. Quem gostava de diversidade gostou, mas quem preferia a coisa mais genuína torceu o nariz. Ela trouxe mudanças profundas, que muitos artistas admitiram anos depois. O próprio Caetano Veloso, que chegou a declarar que, sem a Jovem Guarda, eles não teriam feito o Tropicalismo”, reforça Araújo.
Mais um musical
Para celebrar os 50 anos do movimento jovem que revolucionou o Brasil, vem aí 'Iê, iê, iê', um musical sobre a Jovem Guarda. A M.M. Produções já pode captar R$ 889,5 mil, por meio da Lei Rouanet, para o espetáculo que será dirigido pelo compositor e produtor Alexandre Elias (diretor musical de Tim Maia – Vale tudo). A estreia está prevista para setembro, no Rio de Janeiro, com temporada de três meses. O elenco deve contar com 14 atores e cinco músicos, que serão selecionados em audições.
>> Gírias da Jovem Guarda
Brasa (pessoa espevitada)
Bicho (forma de tratamento entre rapazes)
Carango (carro)
Broto (menina bonita)
Mora? (entende?)
Tremendo (muito bom)
Coroa (pessoa velha)
Cuca (cabeça)
Pão (garoto bonito)
Papo-firme (pessoa boa de conversa)
Pra frente (avançado)
Fonte: Guia dos curiosos
Você é papo-firme?
Leia a reportagem e responda ao Quiz
1 – Em que cidade nasceu a cantora
Sylvinha Araújo?
A) Governador Valadares
B) Mariana
C) Ituiutaba
2 – Qual foi a primeira música composta
por Martinha?
A) Eu daria a minha vida
B) Barra limpa
C) Não gosto mais de você
3 – Quais eram os artistas que apresentavam o programa Jovem Guarda na TV Record?
A) Roberto Carlos, Erasmo Carlos e Rosemary
B) Roberto Carlos, Erasmo Carlos e Wanderléa
C) Roberto Carlos, Ronnie Von e Wanderléa
4 – Como se chamava o programa que
Eduardo Araújo apresentava na TV Excelsior ao lado de Sylvinha?
A) O bom
B) Jovens tardes de domingo
C) Alô, doçura
5 – Qual era a principal gravadora dos integrantes da Jovem Guarda?
A) Philips
B) Odeon
C) CBS
Respostas: 1 – B; 2 – A; 3 – B; 4 – A; 5 - C