Todas essas artistas tinham como característica em comum o fato de serem donas de vozes potentes e de utilizarem melismas em seu canto, a técnica de segurar a nota de uma sílaba em apenas um texto enquanto está sendo cantada, muito comum na música gospel estadunidense. “Mariah Carey tem um diferencial de cantar como as artistas negras, influenciadas pelo canto das igrejas. Ela possui o que chamamos de voz de flauta ou whisper (apito, em inglês)”, explica Thais Uessugui, professora de canto da Escola de Teatro Musical de Brasília.
O sucesso das cantoras com vozeirões durou até os anos 2000, quando a música pop ganhou novas representantes, como Britney Spears, que ficou conhecida pelo uso de playback. Recentemente, o blogueiro e especialista em mundo pop, Trini Trent, afirmou em artigo, que a ascensão da internet também pode ter sido responsável pelo fim desse tipo de artista. “Mariah Carey é uma das melhores cantoras de todos os tempos. Mas após uma série de perfomances ao vivo desastrosas, parece que ela está mais para uma piada do que para um ícone celebrado”, definiu o blogueiro ao justificar por que a artista não tem alcance entre os jovens, que não tiveram oportunidade de ver sua grandiosidade nos anos 1990.
Trent também faz referência à apresentação da artista no Billboard Music Awards 2015, em que Mariah errou muitas notas e não conseguiu atingir outras ao cantar Infinity e Vision of love. Nesse show, em particular, a artista alegou estar com bronquite. No entanto, sabe-se que, com o passar dos anos, Mariah viu sua voz perder a potência por conta de danos às cordas vocais, como também aconteceu com Aretha Franklin. “Ela não canta mais daquele jeito. A voz dela ficou bem danificada em razão do esforço excessivo”, completa Thais Uessugui.